Na última semana, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, declarou que a emissora Russia Today (RT) estaria realizando atividades de inteligência no exterior. Isto é, que a emissora, em vez de servir para informar a população mundial, estaria sendo utilizada para influenciar na política dos países segundo os interesses do governo russo. Trata-se, obviamente, de uma provocação – e das mais cínicas que já saíram da boca do senhor Blinken.
O secretário de Estado foi bem explícito quanto ao seu objetivo. Os Estados Unidos querem impor novas sanções ao órgão russo – e querem arrastar vários países para essa política de boicote à imprensa do país eslavo. O mais curioso de tudo é que a declaração de Blinken foi feita no dia 11 de setembro, que marca o início de uma das mais brutais operações contra a liberdade de imprensa e contra os direitos democráticos da história.
As provocações contra a imprensa russa são parte de uma preparação para um grande enfrentamento entre norte-americanos e russos, chineses, iranianos, venezuelanos e norte-coreanos. Os Estados Unidos, na medida em que se preparam para intensificar a agressão aos países que se rebelam contra a sua dominação, estão sendo obrigados a aumentar a censura. Afinal, seus crimes de guerra não podem ser divulgados – ainda mais na era da Internet.
O governo russo, no entanto, está disposto a reagir. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, classificou a declaração de Blinken como uma “declaração de guerra à liberdade de expressão”, destacando que se trata de uma série de “repressões sem precedentes em escala”. Ela acrescentou que as acusações de tentativas de influenciar as eleições são uma mera “caça às bruxas” introduzida para manipular a opinião pública e impedir que seus cidadãos tenham acesso a qualquer informação que seja inconveniente para o Estado norte-americano.
A ofensiva contra a liberdade de expressão tem um impacto direto no Brasil. O país é um dos mais importantes países do conjunto dos países atrasados – é, inclusive, o grande idealizador dos BRICS. A pressão social pode acabar fazendo com que um governo de esquerda como o governo Lula adote uma posição muito hostil aos interesses do imperialismo, alinhando-se abertamente à China e à Rússia. Neste sentido, é preciso impor uma ditadura total sobre as informações, de modo que não haja uma revolta generalizada contra a dominação imperialista sobre o País.
É neste cenário que surge a suspensão do X em território brasileiro. Não se trata de um estranhamento entre um juiz arrogante e um bilionário excêntrico. A decisão do ministro Alexandre de Moraes é, acima de tudo, um episódio na ofensiva global contra os direitos democráticos do povo.