Na Indonésia, uma crise política está se intensificando, com uma série de eventos que refletem uma tentativa do atual presidente, Joko Widodo (conhecido como “Jokowi”), de manter sua influência quando deixar o cargo. Recentemente, surgiram rumores sobre um possível golpe para destituir Airlangga Hartarto, líder do Partido Golkar, o segundo maior partido do país, com a intenção de alinhar o partido com os interesses de Widodo. A destituição de Airlangga é acompanhada por especulações de que o presidente está buscando consolidar sua influência através de aliados políticos, como o Ministro da Indústria, Agus Gumiwang Kartasasmita, e o Ministro de Investimentos, Bahlil Lahadalia.
Ao mesmo tempo, o país é sacudido por manifestações, como as ocorridas no dia 22 de agosto, quando a imprensa local informa que dezenas de milhares de estudantes e “ativistas pró-democracia” saíram às ruas para rejeitar uma medida parlamentar que prejudicou decisões do tribunal constitucional sobre a elegibilidade por idade e limites eleitorais para as eleições regionais de novembro.
O Parlamento estava se preparando para reverter uma ordem do Tribunal Constitucional sobre os requisitos de idade dos candidatos para as próximas eleições regionais, derrubando uma decisão judicial que tornou inelegível o filho mais novo do presidente Widodo, Kaesang Pangarep, de 29 anos. Apesar da decisão dos legisladores indonésios de cancelarem a aprovação do projeto de lei, os protestos continuaram em algumas cidades, como Semarang e Makassar.
As manifestações de rua que tomaram conta de Jacarta e outras cidades refletem uma crescente insatisfação com as propostas de mudanças na legislação eleitoral. As alterações propostas, que incluem a possibilidade de permitir que o filho de Jokowi, Kaesang Pangarep, se candidate nas eleições regionais, foram vistas como uma tentativa de consolidar o poder de Jokowi. As multidões foram às ruas para protestar contra a mudança, com confrontos violentos com a polícia e tentativas de invadir o Parlamento.
Essas manifestações foram intensificadas pelo medo de uma crise constitucional. Muitos indonésios e analistas criticam as mudanças na lei eleitoral como uma violação da constituição, temendo que isso comprometa a integridade das próximas eleições. Titi Anggraini, analista eleitoral da Universidade da Indonésia, e outros críticos alegam que a tentativa de reverter a decisão da corte constitucional é uma forma de subversão da lei, refletindo uma luta de poder dentro do regime político do país.
A recente onda de protestos e instabilidade na Indonésia não é um caso isolado, mas parte de um fenômeno global mais amplo. Assim como vimos em Bangladexe, onde uma crise política também resultou em grandes protestos e instabilidade, a Indonésia está agora imersa em uma crise que evidencia a crescente fragilidade do imperialismo global. A crise na Indonésia é um reflexo das tensões internas e da crescente pressão sobre regimes que tentam perpetuar seu poder em meio a um panorama global de crescente instabilidade e contestação.
Neste ambiente de crise política, a influência dos EUA e a defesa da “democracia” são notórias. A política norte-americana geralmente apoia figuras e movimentos que se posicionam como defensores da “democracia”, muitas vezes em detrimento de regimes que ameaçam seus interesses imperialistas. No caso da Indonésia, Prabowo Subianto é frequentemente retratado como um aliado dos EUA em sua posição de promover a estabilidade política e a “democracia”, o que pode estar alinhado com a estratégia imperialista de influenciar o país a seu favor.
Essa situação na Indonésia é um exemplo claro da crescente ofensiva global contra regimes e governos que buscam manter sua posição de poder em meio a uma crise global. O padrão de golpes e instabilidade política que observamos, refletido em lugares como Bangladexe e agora na Indonésia, revela a intensificação da crise do imperialismo, que busca garantir seu domínio por meio de pressões internas e externas. O panorama político atual, marcado por protestos e movimentações partidárias, mostra que a luta pela manutenção do poder e a influência externa estão moldando a trajetória política da Indonésia em um cenário de crise global.