A política externa brasileira dá claros sinais preocupantes que colocam em risco a credibilidade e liderança do país no terreno internacional, e particularmente com relação a região do subcontinente latino-americano.
O Palácio do Itamaraty entrou em um embate com a Venezuela recentemente, intervindo em seus assuntos internos com o não reconhecimento da vitória eleitoral do presidente Nicolas Maduro no pleito realizado em julho de 2024. O governo brasileiro passou a fazer exigências às instituições venezuelanas, alinhando-se aos EUA, União Europeia e demais países que se unem historicamente para desestabilizar o regime político bolivariano.
Em agosto foi a vez de virar as baterias do Palácio do Itamaraty contra a Nicarágua, com a expulsão da embaixadora do referido país. O embaixador do Brasil na Nicarágua desrespeitava o regime político nicaraguense, chegando inclusive diversas vezes a aventar que não reconhecia o governo de Daniel Ortega. A Nicarágua, assim como a Venezuela e Cuba, vem sofrendo sistemáticos intentos de desestabilização por parte do imperialismo.
No mesmo mês o Palácio do Itamaraty enviou um embaixador para Taiwan, que vive tenções no terreno militar com a China. Esta última busca acabar com a intervenção dos EUA em Taiwan, para recuperar seu território.
A posição do Itamaraty com relação ao genocídio de Israel contra a Palestina é algo vergonhoso, mantendo relações diplomáticas, econômicas e militares com a entidade sionista de Israel e condenando a resistência dos palestinos, chegando ao absurdo de comparar a resistência aos criminosos israelenses.
O governo brasileiro foi humilhado pelo governo israelense, que constrangeu o embaixador brasileiro publicamente, além de ter declarado o presidente Lula como persona non grata daquele país. Diante dessa situação o governo brasileiro não fez absolutamente nada, em uma clara capitulação para a entidade sionista e o Departamento de Estado Norte-Americano.
Um indicio se que as coisas poderiam descambar para à direita no terreno internacional reside no fato de que o país tem se calado diante do golpe de Estado no Peru que derrubou o presidente Pedro Castillo. O Palácio do Itamaraty reconheceu Dina Boluarte como presidente, aceitando inclusive que ela viesse ao país na Cúpula da Amazônia.
A chamada política externa do não-alinhamento ativo que o governo brasileiro diz adotar só tem servido para colocar o país em uma situação delicada com nossos aliados históricos e em troca não recebemos absolutamente nada, como podemos verificar com relação a situação de Israel.
As organizações populares e anti-imperialistas precisam denunciar o fracasso desse tipo de postura, pois do contrário o mesmo recrudescimento e capitulação que estamos verificando na política externa do governo, será implementado para a política doméstica. E os alvos, é claro, serão as organizações populares, nacionalistas e o conjunto da classe trabalhadora.