Nessa quinta-feira (12), o candidato do Partido da Causa Operária (PCO) à prefeitura da cidade de São Paulo, João Jorge Caproni Pimenta, participou de uma sabatina promovida pelo UOL/Folha de S.Paulo. O conteúdo da sabatina pode ser lido aqui.
A entrevista, embora tenha servido para que o jovem dirigente discorresse sobre importantes temas, foi visivelmente atrapalhada pelos entrevistadores, que fizeram tudo o que estava a seu alcance para impedir que o candidato do PCO falasse a sua opinião sobre os temas mais polêmicos.
Logo no início da entrevista, os apresentadores mostraram a que vieram, desdenhando do programa do Partido. O primeiro apresentador fez questão de dizer que o plano de governo do PCO “é de longe o mais superficial nas propostas objetivas sobre a cidade”. A acusação se dá, na verdade, porque o PCO não apresenta promessas de campanha, mas sim um programa de luta de todo o povo trabalhador.
A primeira situação de maior tensão ocorreu quando o candidato do PCO tratava da questão da habitação. Nesse momento, ele foi interrompido pelos entrevistadores, que insistiram para que Pimenta apresentasse números concretos sobre quantas casas seriam construídas.
O candidato do PCO, no entanto, deixou claro que “essa avaliação tem que ser feita uma vez que você chega no governo e junto aos movimentos sociais e às organizações de trabalhadores”. Não foi o suficiente para os entrevistadores, acostumados à enrolação típica dos debates eleitorais entre os candidatos da burguesia. O candidato do PCO, então, explicou, fazendo referência ao candidato do PRTB, Pablo Marçal:
“Ele não tem número nenhum. O plano dele é construir um teleférico. Eu tenho a impressão de que o pessoal está mais preocupado com a situação política geral e está votando por motivos políticos, inclusive de conjuntura, do que por candidatos que estão apresentando um monte de números que o pessoal já sabe que é enrolação”.
Uma das entrevistadoras, no entanto, retrucou, escancarando a sua preferência pelos candidatos do regime político: “você está citando um candidato, mas a gente recebeu aqui Guilherme Boulos, a gente recebeu aqui Ricardo Nunes, a gente recebeu aqui Tabata Amaral e todos têm projetos muito concretos, com objetivos muito concretos, números, prazos e dados que estão apresentando para o eleitor”.
Na vez da segurança pública, novas interrupções e provocações. “Mais uma área na qual o seu plano é absolutamente genérico, né candidato? Eu gostaria de saber se o senhor realmente não tem nenhuma proposta específica para a área de segurança pública, se essa não é uma prioridade e se isso não vai contra o desejo do paulistano como um todo, porque, em todas as pesquisas, a segurança pública é a maior preocupação do paulistano”, afirmou um dos entrevistadores.
Pimenta, então, respondeu: “todos os candidatos nesta eleição, inclusive o Boulos, que se diz de esquerda, adotaram a posição bolsonarista de aumentar a quantidade de polícia, porque adotaram uma posição de extrema direita de que o problema do crime se resolve com repressão e com polícia. O problema do crime se resolve com emprego”. E continuou: “a nossa proposta fundamental para a questão da segurança pública é, primeiro, a dissolução da GCM. Nós consideramos que é uma guarda especializada na violação dos direitos dos trabalhadores e a criação do sistema de milícias populares, onde as pessoas que vão cuidar da segurança pública são eleitas bairro a bairro”.
A crítica ao aparato de repressão, no entanto, foi demais para os apresentadores, que tentaram, a todo custo, rebater o entrevistado.
“Candidato, eu só queria fazer uma pontuação”, disse uma das apresentadoras. “A criação de milícias populares, isso vai contra a Constituição, porque a segurança pública é monopólio do Estado, né? Você não pode passar isso para a população. Isso não está na atribuição do prefeito. A Constituição Brasileira diz que a segurança pública é monopólio do Estado, o uso da força é um monopólio do Estado. Isso não pode estar na mão da população. Não existem milícias armadas populares permitidas no Brasil”. Pimenta, então, explicou que “a forma como a segurança vai estar na mão do Estado é diversa”, citando o caso dos Estados Unidos, onde os policiais são eleitos.
Na reta final, um dos entrevistadores citou números de votações anteriores do PCO e perguntou se “não seria um indicativo de que ou a população não é aderente às propostas que vocês fazem ou que a forma como vocês se apresentam nas eleições precisa ser mudada”. Isto é, se o Partido não deveria se tornar uma fábrica de promessas demagogas como os partidos burgueses. Pimenta, então, explicou que o número de filiados mais que dobrou de tamanho nesse período e que, por vários motivos, “a eleição é uma coisa muito difícil para a esquerda e mesmo para o PT, que é um partido grande”.
Com apenas 35 minutos de duração, e entrevista de João Pimenta chegou ao fim.