Nas eleições municipais de São Paulo, nem Lula, que teve 60 milhões de votos em 2022, nem Jair Bolsonaro, que teve 58 milhões de votos no mesmo ano, têm candidatos de verdade. Bolsonaro apoia o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), um burocrata muito mais ligado à maquina estatal criada pelo PSDB do que propriamente ao movimento liderado pelo ex-presidente. Lula, por sua vez, decidiu apoiar Guilherme Boulos (PSOL), um candidato que não apenas não é do partido do presidente da República, como é um candidato que se mostrou, em vários momentos, um verdadeiro amigo da onça.
Que Boulos está apenas usando a imagem de Lula para benefício próprio, é possível provar de várias maneiras. Uma delas é lembrando o histórico de seus vices.
Em sua primeira candidatura a um cargo elegível, em 2018, quando tentou roubar parte do espólio de Lula, que se encontrava preso, Boulos escolheu como vice Sonia Guajajara. Para quem não lembra, Guajajara passou a ter alguma projeção na imprensa por ter sido uma das lideranças de um dos movimentos mais grotescos contra os interesses do povo brasileiro: a campanha contra a construção da Usina de Belo Monte. Em uma campanha só, a ex-vice de Boulos conseguiu ajudar a direita a desestabilizar o governo de Dilma Rousseff e ainda impedir o desenvolvimento do País – como se o povo brasileiro não estivesse precisando de energia elétrica.
Anos depois, Guajajara também ficaria conhecida por se reunir com John Kerry, do Departamento de Estado norte-americano. Notoriamente financiada por Organizações Não Governamentais (ONGs) que são controladas pelos governos imperialistas, a psolista é hoje comandante de um dos ministérios mais ineficientes do governo Lula.
Em 2020, Boulos realizou o seu sonho de ser candidato a prefeito de São Paulo. Para celebrar tal acontecimento, decidiu chamar para ser sua vice uma especialista em picaretagens: a deputada Luiza Erundina. Após ter sido eleita prefeita de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Erundina revelou aos paulistanos o significado da palavra “carreirismo”.
Erundina fez um governo contra os trabalhadores, sendo inclusive responsável pelo truculento processo de privatização do transporte público. Tempos depois, deixou o partido que lhe permitiu eleger-se prefeita para migrar para o PSB. O motivo? Conseguir um cargo no governo Itamar Franco, governo do qual o PT não fazia parte.
Em 2021, Boulos escolheu para ser seu vice, em uma eventual candidatura ao governo de São Paulo, o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, demitido após ter sido acusado de assediar várias mulheres no governo federal. Silvio Almeida é colega de Boulos no Instituto para Reforma das Relações entre Empresa e Estado (IREE), uma instituição parceira de organizações que recebem financiamento da CIA.
Por fim, Boulos escolheu para ser sua vice ninguém menos que Marta Suplicy. Assim como Erundina, Suplicy usou o PT paar se tornar prefeita. E, assim como ela, abandonou o partido. E não apenas por um cargo: Suplicy apoiou abertamente o golpe de Estado de 2016.