Em artigo publicado no portal Brasil 247, o jornalista Alex Solnik defende a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de demitir o ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, após o choque entre este e a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco. A coluna intitulada Os problemas não acabaram com a demissão de Silvio Almeida tenta justificar o injustificável e argumentar que Lula estava “numa sinuca de bico”, sem outra saída a não ser demitir Almeida. Diz Solink:
“Lula não podia deixar de demitir o ministro. Estava num beco sem saída. Numa sinuca de bico. Numa saia justa. A pressão foi tamanha, dentro e fora do governo, que, se ele não demitisse seria chamado de conivente de uma agressão sexual; tal como, ao demitir, foi acusado de ignorar a presunção de inocência.
O que precipitou a decisão do presidente foi a reação do ministro. Em vez de se defender como pessoa física, ele usou a estrutura do ministério para atacar a ONG Me Too Brasil, quer dizer, envolveu o governo num caso estritamente pessoal. A única forma de tirar o governo do caso seria limar o ministro a jato, que foi o que Lula fez.”
Ora, esta afirmação é uma tentativa frágil de mascarar a realidade de que Lula cedeu a uma chantagem política. A acusação contra Almeida é baseada em um relato informal e sustentada por uma ONG estrangeira com interesses bem claros no cenário político brasileiro. A lógica de Solnik é, portanto, a de aceitar uma derrota política sob o pretexto de evitar um desgaste maior, mas é justamente essa fraqueza que expõe o governo a novos ataques.
Isso porque a demissão de Almeida revelou não apenas a fragilidade da gestão petista diante de ataques de tipo identitários, mas também expôs um caminho perigoso para a direita e a burguesia explorarem. A mera acusação de um suposto assédio de Almeida contra Franco, que partiu da Me Too Brasil, uma organização financiada pelo sindicato dos banqueiros, a FEBRABAN
Franco, deve-se lembrar, é uma peça infiltrada no PT, mas oriunda da ONG Instituto Marielle Franco, uma fachada da fundação Open Society, do banqueiro George Soros. A caracterização é importante para lembrar que a ministra goza de maior poder político do que Almeida, um elemento avulso no governo, sem base partidária e, portanto, sem força política para enfrentá-la.
Por mais detestável que seja o identitário, a posição de Lula, ao demitir o ministro da maneira como fez não foi outra coisa, uma demonstração clara de que o governo está fragilizado.
Do contrário, jamais cederia a chantagem sem antes avaliar as consequências e buscar uma investigação apropriada. No caso de Almeida, uma simples apuração dos fatos poderia ter sido conduzida.
Afinal, o que pesa contra o ministro são apenas alegações informais, que não deveriam, de forma alguma, ser suficientes para uma demissão tão precipitada, de quem quer que seja. Ao agir assim, Lula entregou uma vitória a um dos principais elementos de pressão direitista em seu governo, que é justamente o identitarismo, o instrumento pelo qual a burguesia conseguiu intrometer-se na esquerda e também no governo. A direita, que agora têm em mãos uma fórmula testada para desestabilizar o governo, agradece o desfecho.