O maior ataque à liberdade de expressão dos últimos 40 anos está sendo apoiado por uma parcela da esquerda brasileira. A decisão de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de derrubar a plataforma X no Brasil tem recebido aplausos da ala direita do Partido dos Trabalhadores (PT) e de várias organizações da esquerda pequeno-burguesa.
O pretexto, já desmascarado em inúmeras oportunidades, é o de que a arbitrariedade de Moraes seria parte da “luta contra o fascismo”. Que isso é uma farsa já ficou claro a partir do momento em que o bolsonarismo não para de crescer, de tal forma que o governo brasileiro está tão emparedado que não tem mais autonomia nem para indicar o presidente do Banco Central, nem determinar a sua política externa em relação à Venezuela.
Que é uma farsa já ficou claro a partir do momento em que a esquerda se tornou, de longe, o maior alvo de censura no País, com milhares de contas sendo sancionadas todos os dias por causa da denúncia do que ocorre na Faixa de Gaza. Nos dias de hoje, o “antifascismo” do Judiciário brasileiro está levando figuras como o jornalista Breno Altman a ser condenado por se defender de acusações estapafúrdias feitas por quem defende o assassinato de crianças.
Não bastasse o fato de ser uma farsa, o que a esquerda está apoiando é nada menos que a política de um de seus maiores inimigos. Alexandre de Moraes é, ao mesmo tempo, um homem do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), e um homem do golpe de Estado de 2016. Literalmente.
Pouco antes de ingressar no STF, Moraes estava filiado no PSDB. E foi lá onde fez sua carreira, atuando como um dos secretários da repressão dos governos tucanos. Em 2016, após o golpe de Estado, foi chamado pelo golpista Michel Temer para ser o ministro da Justiça – isto é, o comandante de um dos postos mais importantes de um governo implementado pelo imperialismo norte-americano. Não bastasse tudo isso, em 2017, foi o indicado de Temer para o STF – uma indicação que a própria esquerda denunciou à época que nada tinha a ver com seu “notório saber”, mas sim com o alinhamento político com o presidente golpista.
É essa pessoa que hoje é apoiada até mesmo por parte do governo brasileiro. Moraes não é um mero adversário, não é alguém com quem se tem divergências. Ele é um representante dos interesses de classe opostos aos dos trabalhadores. Apoiá-lo é não apenas contribuir com os ataques da burguesia contra os oprimidos, mas confundir ainda mais o cenário, apresentando como aliado aquele responsável pela desgraça em que os trabalhadores se encontram.