A matéria “O X do problema”, publicada neste 31 de agosto no Brasil 247, e assinada por Reimont Otoni, é apenas mais uma matéria reacionária em meio à avalanche de artigos da “esquerda”, que abertamente passou a defender a censura em nome de uma suposta soberania nacional. O protetor da nossa soberania, é ninguém menos que Alexandre de Moraes, ministro-imperador do Supremo Tribunal Federal, uma das peças fundamentais do golpe de Estado de 2016, planejado e dirigido desde potência estrangeira: os Estados Unidos.
O primeiro parágrafo diz: “O X (ex-Twitter) saiu do ar, e essa é uma notícia a ser comemorada. Trata-se de defender a soberania nacional, o direito inalienável de fiscalizar as empresas que atuam no Brasil, de exigir e garantir o respeito às normas internas”. Quais normas internas? O autor deveria dar exemplos, mas essa é uma tarefa quase impossível, pois Alexandre de Moraes, e mesmo o STF estão legislando de acordo com sua vontade em detrimento daquilo que reza a Constituição.
Otoni escreve que “O direito à defesa dos interesses nacionais deve prevalecer. Não se trata de liberdade de expressão ou do direito à opinião”. Porém, é exatamente disso que se trata – a liberdade de expressão e o direito à opinião. Vivemos um momento de crise do imperialismo. Guerras e golpes de Estado estão eclodindo, o Oriente Médio está convulsionando com a Revolução Palestina, e é preciso esconder o genocídio contra os palestinos, e isso só pode ser conseguido com a mais brutal ditatura.
Com o início do conflito entre Rússia e Ucrânia a censura se acirrou. Na Europa, diversos órgãos de imprensa russos foram banidos ou tiveram suas contas nas redes sociais bloqueadas. Jornalistas que defendessem a ação russa ou denunciasse o caráter nazista das forças armadas ucranianas corriam, e ainda correm, o risco de serem presos. Na Faixa de Gaza, os palestinos lutam contra os sionistas, americanos e ingleses, as imagens correm o mundo rapidamente, o que provocou um dano irreparável na imagem de “democracia” que esses países vendiam. Para tentar conter a sangria, o imperialismo lança seus cães contra as redes sociais, exigindo censura e que essas plataformas divulguem os dados dos usuários, para que assim possam controlar o que cada pessoa posta em suas contas. Na Inglaterra já aparecem casos de pessoas sendo presas por postagens no Facebook.
Em seu artigo, Otoni alega informa que “Há poucos meses, precisamente no dia 24 de abril deste ano, o presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou um projeto de lei do Senado daquele país que proíbe o TikTok em território americano. A condição para manter o aplicativo é que seu proprietário, a chinesa ByteDance, venda a operação para um empresário dos EUA em até nove meses”.
Concluindo que “O TikTok tem milhões de usuários, mas isso não dá a seus proprietários uma carta branca para fazer o que bem entendem. E ninguém acusou os americanos de ditadores ou censores”. Não é verdade, nós acusamos, mostramos o absurdo de mais essa ação do imperialismo. O problema dessa plataforma é que por ali se tem mostrado o que se passa na Faixa de Gaza e na Ucrânia.
Dourando a pílula
Cinicamente, Otoni alega que “A suspensão do X no Brasil segue a mesma lógica, embora seja até mais branda. O STF, por meio do ministro Alexandre de Moraes, exige apenas que Elon Musk indique um representante legal brasileiro para continuar operando aqui, conforme estabelece o artigo 1.134 do Código Civil”, se esquece apenas de dizer que Alexandre de Moraes está ilegalmente ameaçando prender os representantes do X no Brasil! A empresa fechou sua representação para proteger os funcionários.
O artigo cita a norma para mascarar o que realmente está acontecendo ao afirmar que “o Brasil, qualquer sociedade estrangeira, sem exceção, só pode funcionar atendendo às normas legais. Entre elas está, precisamente, a de nomear um representante legal em território nacional. É da lei! Mas o Sr. Musk se recusa a obedecer e decidiu fazer disso mais uma trincheira contra a nossa democracia, nossas instituições e nossa soberania. A punição é necessária”. Imaginemos a seguinte situação: em uma empresa qualquer, o governo ameaça de prisão os funcionários porque os proprietários se negam a passar determinadas informações.
A censura vai aumentar
Vemos a esquerda defender cada vez mais os interesses do imperialismo. A defesa do socialismo foi substituída pela defesa de uma democracia abstrata que, mais que uma cortina de fumaça, é torre principal para se atacar as “ditaduras”, que, na verdade, são países atacados pelo imperialismo, tais como a Rússia, a China, a Venezuela etc.
Assistimos à prisão criminosa de Julian Assange, ao banimento da emissora Al Mayadeen de Israel, à prisão na França de Pavel Durov, fundador e dono do Telegram, ao assédio ao TikTok por parte do governo americano. Tudo isso está sendo apoiado pela esquerda, que está cavando a própria cova e, pior, servindo de braço ideológico do imperialismo, o que só pode abrir mais espaço para a extrema direita, que se beneficia do discurso antissistema.