HISTÓRIA DA PALESTINA

Iasser Arafat e a luta contra a ditadura do reino da Jordânia 

O Setembro Negro, assim como o massacre da Faixa de Gaza atual, aumentou em muito a popularidade das organizações da luta armada palestina

Em 1970 aconteceu uma das maiores traições a luta do povo palestino, o Setembro Negro, o massacre de 3 mil palestinos refugiados na Jordânia a mando do próprio rei Hussein. A guerrilha palestina, dirigida pelo Fatá, se organizava no país vizinho a Palestina e possuia milhares de combatentes armados que atacavam “Israel”. O imperialismo ordenou que Hussein acabasse com esse foco revolucionário. Os palestinos então foram expulsos para o Líbano. O seu dirigente, Iasser Arafat, concedeu uma entrevista pouco tempo depois, em março de 1971.

No se esperava que a Oitava Assembleia Nacional fosse histórica, especialmente porque um número de “bombas-relógio” e “minas” foram plantadas para nós ali. Fazia parte da conspiração contra a revolução palestina para que essas bombas-relógio e minas explodissem durante a reunião da Assembleia. O que conseguimos foi evitar que isso acontecesse. Evitamos a explosão de qualquer crise. O que realmente ocorreu na Assembleia foi totalmente diferente do que foi veiculado pelas agências de notícias. A Oitava Assembleia Nacional foi mais positiva do que qualquer das assembleias anteriores pelos seguintes motivos:

Iasser Arafat afirma sobre o Setembro Negro: “o que ocorreu no Setembro Negro não foi simplesmente um ataque do regime militar jordaniano contra a revolução, mas uma tentativa de genocídio contra a população palestina como um todo. A tentativa foi escrita, produzida e dirigida pela Agência Central de Inteligência (CIA). Ao entregar sua mensagem ‘estado do mundo’ ao Congresso dos EUA no final de fevereiro, Nixon confessou que a maior ameaça à paz no mundo desde que ele assumiu o cargo em 1968 foram os eventos de setembro na Jordânia. Isso revela as forças que a revolução enfrentou e derrotou em setembro passado. A confissão de Nixon veio com seis meses de atraso. Ele estava seis meses atrasado em substanciar nossa acusação de envolvimento dos EUA quando apreendemos no Hospital Ashrafieh em Amã a identificação de um cabo da Marinha dos EUA”.

Mas observando os acontecimentos de forma geral fica claro que o apoio norte-americano era gignatesco: “a revolução palestina não foi derrotada em setembro passado—nem militarmente, nem politicamente. A confrontação mostrou que o Exército Jordaniano não conseguiu destruir a resistência, apesar do uso do equivalente a 120.000 toneladas de TNT. Essa quantidade de munição não poderia ter sido usada pelo Exército Jordaniano contra a revolução palestina se não fosse pelo fornecimento ilimitado dos EUA”.

E ele continua: “as forças da revolução palestina infligiram cerca de sete mil baixas no Exército Jordaniano. Em outras palavras, 18% de todas as forças armadas jordanianas foram abatidas pela revolução palestina em setembro. O próprio Rei Hussein admitiu dois mil feridos graves nas fileiras de seu exército. Somente em Amã, o Exército Jordaniano perdeu noventa e um tanques, a maioria do tipo Patton: trinta e oito foram completamente destruídos e cinquenta e três foram danificados. Essas cifras foram confirmadas pelos reabastecimentos dos EUA. Os EUA reabasteceram o Exército Jordaniano com quarenta e cinco tanques Patton e cinquenta motores de tanques. O exército também perdeu cento e vinte outros veículos”.

O dirigente palestino então explica o ataque reacionário do sionismo: “o ataque à revolução palestina tem muitas facetas. Além do ataque militar, há um ataque financeiro, informacional e psicológico destinado a levar as pessoas a acreditar que a revolução terminou, ou que completou seu papel, ou que é incapaz de cumprir as esperanças depositadas nela”. Naquele momento a propaganda era de que o massacre do povo palestino haiva acabado com a resistência. A história provou isso uma farsa pois poucos anos depois “Israel” lançou uma guerra brutal no Líbano para acabar com a resistência palestina.

Ele explica a situação: “o chamado plano de paz não pode ser implementado enquanto o povo aderir à revolução. Portanto, faz parte da conspiração levar as pessoas a acreditarem que a revolução terminou.
As forças da revolução aumentaram em número desde setembro. Para citar apenas um exemplo: perdemos novecentos e dez combatentes em setembro, mas quatro mil e quinhentos combatentes desertaram do Exército Jordaniano e se juntaram às fileiras da revolução palestina. Isso é além dos graduados de nossos campos de treinamento militar”.

Muito interessante o fato de que enquanto há uma percepção de que a vitória da revolução palestina é possível não se aceitam os golpes de “plano de paz”. Isso também acontece atualmente na guerra da Faixa de Gaza, os palestinos estão com perspectivas de vitórias e assim não aceitam o golpe do cessar-fogo, querem apenas o cessar-fogo real, a libertação da Faixa de Gaza.

Arafat ainda pontua que: “em 11-12 de fevereiro, cinco meses após o Setembro Negro, a revolução palestina provou que estava permanecendo firme e desafiadora. Foi o que aconteceu no Monte Hamalan (em Amã), depois que foi alegado que a revolução palestina havia entregado as armas da milícia. Às 5h30 daquele dia, cerca de dois mil soldados infiltraram-se em Hamalan para colocar as mãos nos depósitos de armas da milícia. Eles descobriram que não poderíamos ter sido enganados a entregar nossas armas. Contra-atacamos. Atacamos com foguetes e artilharia pesada. Fechamos o aeroporto de Amã por quarenta e oito horas e atingimos três aviões. Nossas perdas foram de treze mortos. As deles foram setenta mortos e muitos feridos”.

Ainda assim os palestinos, sabendo que a Jordânia estava totalmente dominada pelo imperialismo norte-americano, decidiram não continuar a guerra contra o rei da Jordânia e estabeleceram a sua nova base no Líbano. Os refugiados palestinos do Líbano então se tornaram a linha de frente da luta contra o sionismo. “Israel” tentou acabar com a resistencia palestina com massacres no Líbano mas enquanto ainda estavam ocupando o país a revolução estourou na Palestina com a Intifada. A verdade é que diante de todos os massacres a luta dos palestinos nunca parou e desde 1960 está cada vez mais forte.

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