Oriente Médio

O Brasil e a divisão da Palestina em 1948

O Jornal do Brasil na década de 1940 cobriu os acontecimentos da Palestina, onde acontecia um enorme processo de limpeza étnica feito pelos sionistas

Por David Horn Pureza

Os fatos aqui narrados foram retirados de uma edição especial comemorativa da virada do século XX para o XXI do extinto diário carioca Jornal do Brasil. A partir das matérias jornalísticas, é possível apresentar em ordem cronológica a usurpação das terras palestinas pelos sionistas e imperialistas (EUA, Inglaterra e França), com o aval da ONU.

As primeiras duas notícias são dos dias 27/01/1945 e 02/02/1945, com as seguintes manchetes: “Soviéticos entram em Auschwitz” e “Quinhentos prisioneiros soviéticos fogem do campo de concentração de Mauthausen”. Nesses casos, vemos a extraordinária participação do Exército Vermelho. Tanto no caso da libertação de mais um campo de concentração, já que desde o ano anterior, em 1944, outros  campos tinham sido libertados, como na espetacular fuga de cinco centenas de soviéticos, submetidos dentro de um enorme complexo de campos de concentração.

A terceira notícia do dia 22/03/1945 “Criação da Liga dos Estados Árabes”, os árabes, vendo o aumento constante da imigração de judeus para a Palestina, tentam fazer uma unificação para defender os povos originários daquela região, os palestinos.

A quarta notícia do dia 13/09/1945 aponta: “Judeus reivindicam Israel”, ainda que os fatos anteriores ao mês de setembro não justifiquem essa reivindicação: 27/04/1945 “Aliados recusam proposta de rendição de Himmler”, 30/04/1945 “Hitler comete suicídio” e 01/05/1945 “Goebbels, ministro da propaganda, comete suicidio”, pois os autores daquela perseguição já estavam mortos. Observe que aliados não aceitam nenhuma condição proposta pelos nazistas, o suicidio de Hitler e de Goebbels e a morte de Himmler, idealizador dos campos de concentração, pôs fim a qualquer possibilidade de os judeus ou quaisquer outros grupos sofrerem nova perseguiçãonazista, então nada justificava a criação de um quisto do imperialismo nas terras dos palestinos.

A importância da quinta notícia do dia 24/10/1945 “Fundação efetiva da ONU”, dada a referência e o contexto de sua consolidação, será explicitada com o desenvolvimento dos próximos acontecimentos.

A sexta e sétima notícias do dia 10/01/1946 “Primeira Assembleia Geral da ONU” e a do dia 11/01/1946 “Ministro belga Paul-Henri Spaak é designado para presidir a ONU”. Necessário para entender o papel desempenhado por certos personagens envolvidos nesta trama. Esse foi o primeiro sendo substituído pelo brasileiro Oswaldo Aranha.

A oitava notícia do dia 13/01/1946 “Governo Britânico fixa  a cota mensal da imigração de judeus para a Palestina em 10500 pessoas”. Percebe-se o nítido favorecimento dado pelos britânicos a um lado apenas do conflito, no caso o dos judeus, em detrimento dos históricos donos da região, os palestinos.

A nona notícia do dia 09/09/1946 “Árabes e judeus recusam-se a participar da Conferência de Londres sobre a Palestina”. Novamente fica clara a ação os ingleses mexendo as peças no tabuleiro do golpe que tramaram pelas costas de todo o mundo e principalmente dos árabes

A décima notícia do dia 23/11/1946 “Na Palestina após a venda de territórios para os judeus, os árabes assassinam um comissário britânico”.Vemos claramente os ingleses fazerem negócio da venda de terras, para milhares de imigrantes legais e ilegais, dentro da altíssima cota fixada (10500 pessoas por  mês) e a maioria de imigrantes que eram ilegais, compraram e tomaram essas áreas dos palestinos. Terras estas que os britânicos  tinham tomado dos turcos otomanos no fim da primeira guerra mundial. Vale ressaltar que os turcos, apesar de não serem árabes, são históricos aliados e de maioria muçulmana.

A décima primeira e segunda notícias do dia 06/02/1947 “Liga arabe informa a ONU ser contra a criação do Estado de Israel” e a do dia 28/04/1947 “Em NY, primeira Assembleia Extraordinária da ONU. A pauta é a Palestina”. Em relação à primeira notícia nota-se que desde a fundação da ONU, em 24/10/1945, os países imperialistas EUA, Inglaterra e França trabalharam exclusivamente para criar o Estado de Israel às pressas. Em 10/01/1946 realizou-se a 1ª Assembleia Geral e escolheram seu 1º presidente no dia seguinte. Observa-se que tudo :girou em torno da questão da divisão da Palestina em um momento em que no mundo começavam inúmeros focos de conflitos. No Vietnam os imperialistas franceses chegaram com tropas na região para iniciar um longo conflito, e depois, a derrota da França, fez os EUA entrarem na guerra; Gandhi exigindo a retirada das tropas inglesas da Índia, a ida do general americano Marshall para a China intervir na guerra civil.  Isso ainda no ano de 1945. E o que fazia a ONU? tramava mais uma divisão que em muito se difere da palavra “ unidas”.

A décima terceira notícia, 11/10/1947 “EUA se declaram favoráveis a divisão da Palestina”. Décima quarta notícia, 29/11/1947 “Oswaldo Aranha presidiu em NY a Assembleia Extraordinária da ONU que divide a Palestina entre Árabes e Judeus”. Enquanto o primeiro Presidente da ONU, o belga, só se preocupou com a futura União Européia, em uma visão eurocêntrica, esquecida do resto do mundo. Seu sucessor, o brasileiro, só se preocupou com a divisão das terras palestinas. E a décima quinta notícia 09/04/1948 “Na Palestina, os habitantes da cidade Árabe de  Der Yassin são massacrados”. Os americanos declararam seu voto, o brasileiro Oswaldo Aranha, encaminha a votação: Por 33 votos a favor, 13 contra, 10 abstenções e uma ausência. Dos 57 votos, 24 foram contra, isso numa entidade basicamente europeia. E o único resultado esperado é a ação clandestina do embrião do futuro exército sionista, massacrando e expulsando os árabes de suas terras.

A décima sexta notícia, 22/04/1948 “Na Palestina, tropas israelenses tomam Haifa”. França pede com urgência a tutela da ONU para proteger os lugares santos; A décima sétima notícia, 25/04/1948 “Liga Árabe decide intensificar os atentados contra os sionistas”. A décima nona notícia, 14/05/1948 “Criação do Estado de Israel, na Palestina”. A ONU dividiu a Palestina e lavou as mãos. Deixando que um exército clandestino, tomasse a cidade de Haifa, sob o olhar complacente da ONU, a preocupação dos franceses era com os lugares santos, e não com homens, mulheres, crianças e idosos. Vemos a reação da Liga Árabe atuando em defesa de suas terras.

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