Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), apresentou no último sábado (24) sua tradicional Análise Política da Semana, a mais importante análise de conjuntura do Brasil. O programa é amplamente conhecido pela correção das análises e as previsões que daí decorrem, além da orientação concreta e bem explicada sobre como os militantes da esquerda devem encarar e enfrentar os problemas da luta de classes.
Como de costume, o dirigente do PCO começou tratando da questão dos recorrentes ataques à liberdade de expressão e aos direitos democráticos em geral. Na última semana, uma influenciadora digital foi condenada a 8 anos de prisão por um comentário racista dirigido à filha de 2 atores famosos. É a primeira vez que uma sentença dessa gravidade é efetivamente realizada. Pimenta esclarece que, apesar do comentário ser repulsivo, a sentença não é uma luta contra o racismo e sim um avanço da repressão no regime político. Segundo ele, para aprovar uma lei de características totalmente anti-democráticas, é necessário pegar “o pior caso que puder encontrar, que a maioria da população vai repudiar aquele ato e que, por repudiar, vai aceitar a atitude ditatorial do judiciário, do governo.”
O dirigente do PCO também falou sobre um projeto de censura à internet que está sendo discutido na União Europeia, que conta com uma proposta de censurar o “chamado à rebelião”. Isso é apresentado como uma luta contra a extrema direita, mas é evidente que esse é um ataque à liberdade de organização e é direcionado aos movimentos populares. Ele também deu mais alguns exemplos grotescos, chegando à censura ao direitista Pablo Marçal.
O candidato do PRTB foi convidado ao debate pela prefeitura de São Paulo e, através de acusações e colocações de baixíssimo nível, venceu o debate. Isso porque os outros candidatos, segundo o Pimenta, “não tem nada a oferecer pra ninguém. Aí vem o Pablo Marçal, que é um artista de circo, deu uma pernada nos quatro robôs e passou para o primeiro lugar.” Por conta disso, a candidata, também direitista, Tabata Amaral, entrou com um processo, e ganhou. Mostrando que a repressão e a censura já chegaram a níveis altíssimos, o juiz do caso suspendeu os perfis das redes sociais do candidato.
Rui Pimenta seguiu dando uma série de exemplos do avanço da censura no mundo. “A censura está comendo solta no mundo”, declarou. Para concluir, ele mostrou que essa campanha, em última instância, é uma defesa dos monopólios imperialistas, dos governos Biden, Macron, etc.
Por ocasião do dia 24 de agosto, aniversário de 70 anos de morte de Getúlio Vargas, Pimenta aproveitou para fazer uma rápida análise sobre o próprio Vargas e o nacionalismo burguês dos países atrasados, da relação disso com a luta da classe operária e a importância de se ter uma caracterização correta sobre esses movimentos e essa história.
Em seguida, Pimenta fez um importante anúncio para quem acompanha a imprensa de seu Partido, o PCO, e os programas realizados por ele. A imprensa do Partido foi convidada a participar do “Fórum de Cooperação Midiática 2024 Sobre a Iniciativa ‘Um Cinturão, Uma Rota’”, na China. “É um fórum de órgãos de imprensa que estão ligados a iniciativa chinesa ‘Um Cinturão, Uma Rota’, também conhecido como a ‘Nova Rota da Seda’. […] Visivelmente, um dos objetivos desse evento é mostrar o que os chineses desenvolveram”, explicou Pimenta. O dirigente do PCO aproveitou o gancho para explicar a iniciativa chinesa.
“É óbvio o objetivo dos chineses: vamos construir rotas comerciais, eu vendo meu produto e você vende seu produto. E se você tem meios de comunicação, se você desenvolve essas vias de transporte, isso favorece o desenvolvimento desses países. Países africanos e asiáticos. É o que a gente chamaria de capitalismo normal. O grande contraste que isso tem com o imperialismo é que o imperialismo não faz isso. Não é capaz de fazer isso. Precisaria que transformar totalmente a sua política econômica. Na verdade, ao invés de desenvolver as forças produtivas, o imperialismo está na política de destruição das forças produtivas. […] Para que o imperialismo possa destruir a economia mundial, é preciso retirar os chineses da jogada. É por isso que o mundo está caminhando para uma verdadeira guerra de grandes proporções.”
O tema seguinte dessa edição da Análise Política da Semana foram as eleições. Pimenta deu dezenas de exemplos da burocracia eleitoral e do controle do TSE sobre os partidos. “Quanto mais burocracia, menor a liberdade e a democracia. Quanto maior a burocracia, maior a opressão. A burocracia nunca foi um instrumento de libertação de ninguém. A burocracia é uma ditadura.”
Ainda sobre a questão eleitoral, Rui Pimenta fez uma análise sobre as eleições para a prefeitura de São Paulo, onde se concentram as principais atenções da política nacionalmente. Ele falou sobre o fenômeno do crescimento da extrema direita, representada por Pablo Marçal. Mostrou que a análise da maioria da esquerda, de que bastaria perseguir Bolsonaro judicialmente para que o fascismo fosse derrotado, está completamente equivocada. Ele explicou que a extrema direita é um fenômeno social e os métodos de luta contra ela não são os da aliança com a burguesia supostamente democrática.
Ele seguiu fazendo uma importante avaliação sobre a candidatura de Guilherme Boulos. O candidato a prefeito do PSOL é identificado por grande parte da esquerda como um símbolo da luta contra o fascismo nas eleições. Pimenta mostrou que isso está muito longe da verdade. Ele exemplificou com as mudanças de posição de Boulos, sobre a capitulação em relação à Palestina, citando a famosa frase “não sou candidato a prefeito de Tel Aviv”. Aprofundou com muitos exemplos e analisando cada um deles, revelando que o candidato do PSOL se apresenta como um direitista para as eleições, o que é uma capitulação, uma fraude e um mau-caratismo.
Sobre a Venezuela, Rui Pimenta começou citando uma carta do chanceler venezuelano dirigida ao presidente do Chile Gabriel Boric, que é a versão chilena de Boulos. O venezuelano critica duramente a posição de Boric, que acusou Maduro de fraudar as eleições e denuncia que o político, supostamente de esquerda, é um traidor dos movimentos de luta populares. O dirigente do PCO aproveitou para aprofundar um pouco mais a análise que seu Partido tem feito sobre as eleições venezuelanas e o regime chavista.
Ainda durante essa edição do programa, Pimenta deu um enfoque mais especial sobre Alexandre de Moraes e as revelações feitas pelo jornalista Glenn Greenwald que mostram como Moraes vem agindo de forma ditatorial dentro do judiciário, como já foi muito denunciado por este Diário. O dirigente do PCO também fez uma análise sobre a atual situação das eleições norte-americanas, que estão em uma grave crise.
Para finalizar, Rui Pimenta fez um rápido balanço sobre a luta na Palestina e apresentou as atividades que seu Partido tem realizado em defesa dos palestinos e da luta dos oprimidos em geral contra o imperialismo.