Ismail Hanié foi um símbolo da luta dos oprimidos de todo o mundo. O dirigente do Hamas sempre se manteve firme a sua causa e liderou seu Partido e o povo palestino a diversas vitórias até o início da Revolução Palestina no dia 7 de outubro de 2023. No entanto, no dia 31 de julho deste ano, o líder revolucionário foi covardemente assassinado pelo regime sionista. Hanié estava em Teerã, a convite do governo iraniano, por ocasião da posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, quando ele e seu segurança foram atingidos por um ataque aéreo. Em nota, diante da morte de Hanié, o Hamas afirmou: “Não considere aqueles que foram mortos no caminho de Alá como mortos; em vez disso, eles estão vivos com seu Senhor, recebendo provisão”. E foi com esse espírito que o Partido da Causa Operária (PCO) organizou um evento de homenagem ao líder da Revolução Palestina assassinado, para honrar a memória e a luta deste que foi um dos maiores revolucionários da época atual.
O evento contou com a participação de militantes de partidos da esquerda brasileira, de movimentos sociais, organizações de defesa da luta dos palestinos, simpatizantes dessa causa, líderes xiitas e, inclusive, um palestino que conhecia Hanié desde a infância. As pessoas que ali se reuniram são a vanguarda da luta palestina no Rio de Janeiro e o evento foi marcado pela clara intenção de desenvolver esse movimento. O local escolhido foi uma sala de exposição fotográfica sobre a Palestina, dirigida pela comunidade xiita do Rio de Janeiro, ou seja, um local especial para essa solenidade. Ali também, há alguns meses, foi realizada u ma homenagem ao presidente iraniano morto em um acidente aéreo, Ebrahim Raisi.
A série de falas abrangeu diversos temas. Alguns participantes destacaram a história do conflito, outros focaram nas perspectivas de desenvolvimento. Uns falaram mais sobre o papel dos brasileiros nessa luta, enquanto outros dedicaram sua participação a homenagear diretamente o líder do Hamas e sua organização.
O militante da Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST), Antônio Ernesto, fez uma fala contando um pouco da história dos palestinos e de suas relações com o movimento operário internacional. Também abordou o início do sionismo e seus mais de 100 anos de idade e de opressão contra o povo palestino.
André Constantine, da direção estadual do Partido dos Trabalhadores, também esteve presente. Ele saudou a realização do evento e destacou a importância de se reunir as pessoas que estão encabeçando a luta em defesa dos palestinos. O dirigente do PT criticou a paralisia de seu próprio partido e a orientação que ele chamou de “eleitoreira” da maioria da esquerda, que não apoia abertamente a Palestina por medo de perder votos dos setores mais direitistas da população. “Não tem muro para ficar em cima. Quem não apoia os palestinos e a resistência armada, apoia o genocídio”, declarou.
Usando a fala de Constantine como gancho, o Xeique Rezaei, iraniano líder da comunidade xiita do Rio de Janeiro, destacou que “a única opção é resistir”. Ele também sublinhou a importância dos palestinos na vitória da Revolução Iraniana de 1979 e como seu povo é um grande apoiador da luta dos palestinos e da libertação de todos os povos do oriente médio do jugo imperialista. O Xeique também lamentou profundamente o fato de Hanié ter sido assassinado em solo iraniano, mas garantiu que o Irã responderá esse atentado a altura.
Em seguida, foi a vez de Ahmed Ramadan. Palestino que morou na Faixa de Gaza, Ahmed foi vizinho de Ismail Hanié e o conheceu quando ainda eram crianças. “Ele dedicou toda a sua vida a essa luta. À luta para libertar todos os povos oprimidos do mundo.” Emocionado, Ahmed destacou a universalidade da luta dos palestinos e, em especial, de Hanié e do Hamas. Ele falou que o Movimento de Resistência Islâmica entende a importância de sua luta no marco do enfrentamento de todos os povos oprimidos contra o imperialismo. Ahmed também cumprimentou os participantes da atividade por estarem vestindo camisas e portando acessórios das organizações do eixo da resistência, como do próprio Hamas, mas também do Hesbolá, entre outras. Muito bem informado e com uma análise política aguçada, Ahmed declarou que “A guerra na Faixa de Gaza é decisiva para o capitalismo.” Sua fala foi permeada de elogios e honras à capacidade e integridade políticas de Ismail Hanié. Tendo ele acompanhado toda a trajetória do líder revolucionário, sua participação foi de grande valor e emocionou todos os presentes.
Entre os participantes que usaram da palavra, esteve também Vinícius Rodrigues. Ele é apresentador do principal programa de cobertura do que ocorre na Palestina em língua portuguesa do mundo, o Plantão Palestina, transmitido pela Causa Operária TV no YouTube. Vinícius comparou Hanié a outros líderes históricos da luta palestina e destacou sua importância. Ele fez uma avaliação política desses líderes e das etapas que enfrentaram, mostrando que tanto Hanié, quanto seu sucessor, Iahia Sinuar, estão lutando em uma etapa decisiva desse conflito. Se referindo à fala do Xeique Rezaei, que citou o próprio Hanié quando se encontrou com o líder iraniano, o Aiatolá Kamenei, Vinícius apontou que “quando morre um grande homem, surge outro para seguir com sua luta.” E falou mais sobre o atual líder do Hamas, o lendário Iahia Sinuar, arquiteto da operação Dilúvio de Al Aqsa, que, segundo Vinícius, “derrotou ‘Israel’ no dia 7 de outubro de 2023.”
Para finalizar a atividade, Luan Monteiro, dirigente do PCO, sublinhou a importância da realização do evento que reuniu as pessoas mais ativas da campanha em defesa da luta dos palestinos no Rio de Janeiro. O dirigente chamou os participantes a gritarem “presente”, tradição na esquerda brasileira, em homenagem ao líder revolucionário assassinado. Luan também demonstrou a importância da atividade do PCO em defesa da luta dos palestinos, ele exemplificou: “quem está na rua fazendo essa campanha desde o 7 de outubro percebe a diferença na receptividade das pessoas com relação ao Hamas. A população brasileira entende cada vez mais o papel do Hamas e da luta dos palestinos na Faixa de Gaza.” Por fim, chamou todos os presentes a se somarem às atividades que seu Partido tem realizado e a intensificar a luta em defesa da resistência palestina no Brasil.