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HISTÓRIA DA PALESTINA

A repressão britânica e sionista aos operários palestinos

Antes de existir "Israel", o governo britânico da Palestina já montava o prenuncio da ditadura fascista que seria formada depois de 1948

A década de 1920 na Palestina era muito diferente da situação atual. A dominação imperialista havia começado a pouco tempo e com ela a imigração em massa dos europeus judeus. Assim se criou a sociedade em que os britânicos dominavam a colônia, os europeus migraram em massa para avançar o projeto sionista e os palestinos começam a organizar um movimento nacionalista. Um pequeno partido comunista também havia se formado o Partido Comunista da Palestina. Ele descreveu muito bem os confrontos daquele momento. Um de seus principais dirigentes, Joseh Berger, escreveu sobre a luta que se travava no ano de 1930.

Ele aborda as concessões do imperialismo para acalmar a revolta palestina: “primeiro, os britânicos tentaram acalmar os líderes nacionalistas árabes impondo uma barreira temporária à imigração judaica para a Palestina. Embora essa ordem seja temporária e o colapso econômico miserável do sionismo há muito tenha impedido qualquer imigração em massa de judeus para a Palestina, a forma insultante em que a permissão de imigração foi retirada, e o envio de um comissário especial (Sir John Simpson) que deveria investigar a viabilidade da proibição da venda de terras a judeus na Palestina (esta investigação também tinha o objetivo de enganar os árabes com a possibilidade de proteção contra uma invasão sionista por meio dos britânicos), foi uma manobra astuta e enganosa”.

Os britânicos diversas vezes seguraram o movimento sionista pois ele tendiam a se chocar com a esmagadora maioria da população e criava revoltas. Os sionistas, por sua vez, se revolataram. Berger descreve: “esse grito dos lacaios do imperialismo britânico, que se veem enganados de seus salários, tem a intenção de nutrir a ilusão entre os líderes árabes de que MacDonald está disposto a ceder um pouco (mesmo às custas dos judeus que foram usados como peões no jogo)”.

Sobre as lideranças árabes ele afirma: “ao mesmo tempo, os líderes árabes teriam um argumento perante as massas árabes para convencê-las de que as negociações com o imperialismo britânico e as viagens a Londres obtiveram um certo sucesso; a autoridade dos líderes reformistas nacionais seria fortalecida, especialmente contra a ala revolucionária nacional (Hamdi Husseini) e contra a crescente agitação comunista que exigia o rompimento de todas as negociações e a luta contra o imperialismo e o sionismo através de ação direta em massa”.

A luta dos trabalhadores

Berger, sendo um dirigente do PCP, estava muito ligado a luta dos operários desde o início da década de 1920. Sua descrição é muito interessante: “embora MacDonald faça concessões aos líderes árabes reacionários, isso não significa que seus subalternos na Palestina tenham abolido o regime de sangue e terror contra as massas. A perseguição de revolucionários continua. Prisões, invasões e buscas contra trabalhadores árabes e judeus revolucionários continuam. Quando se trata de trabalhadores revolucionários, os representantes do governo Trabalhista banhado em sangue não são apenas implacáveis e brutais, mas também pérfidos: embora o governo britânico tenha prometido oficialmente introduzir um regime prisional especial para presos políticos, de acordo com seu padrão de vida, promessa feita apenas após uma greve de fome de cem prisioneiros que durou doze dias, os funcionários da prisão (aparentemente sob ordens do governo) reintroduziram o antigo regime quando se trata de prisioneiros políticos árabes, e até aumentaram os maus-tratos e a brutalidade”.

Um padrão quando se estuda a história da Palestina é que os britânicos são a origem de toda a repressão fascista que os palestinos depois começaram a sofrer nas mãos do Estado de “Israel”. A descrição acima poderia ser de uma prisão atual gerida por israelenses. E a repressão não era apenas com prisões.

“A execução de três camponeses árabes em Jerusalém causou protestos tempestuosos das massas árabes, ocorrendo confrontos violentos com as tropas britânicas tanto em Jafa quanto em Jerusalém. A brutal execução dos infelizes felahin árabes expôs a face carrasca do governo trabalhista e mostrará à população árabe não apenas na Palestina, mas em todos os países árabes, a necessidade de derrubar o terrorismo imperialista britânico.”

Outro aspecto importante. O governo trabalhista era quem estava realizado a opressão dos palestinos naquele momento. Isso também não mudou. Agora são os democratas principalmente quem cumprem esse papel.

Berger conclui: “não se deve ignorar que tanto a opressão sangrenta quanto as manobras astutas de MacDonald na Palestina não têm apenas o objetivo de continuar a brutal repressão ao movimento árabe pela liberdade, mas também de continuar a política britânica que vem sendo realizada nos últimos doze anos, de criar conflitos entre os judeus. A população judaica, com exceção dos trabalhadores judeus que seguiam a bandeira do Partido Comunista da Palestina, apoiou a campanha sionista de incitação; o protesto contra a proibição da imigração foi uma provocação antiárabe; as prisões entre a população árabe e as punições severas impostas aos revolucionários foram saudadas pela imprensa judaica. Em vez de construir pontes para as massas trabalhadoras árabes, as organizações sionistas se contentaram em subornar elementos suspeitos e com manobras desonestas nos interesses do imperialismo. Assim, a população judaica corre novamente o risco de fornecer sacrifícios para o imperialismo britânico na Palestina”.

O sionismo sempre foi uma força anti-operária. Dividiu os trabalhadores europeus e palestinos e assim permitiu o avanço do imperialismo. A grande luta de Berger e do PCP era contra os sionistas de esquerda. No entanto, ele se tornou uma vítima do stalinismo. Foi expurgado do partido e ficou preso em gulags por mais de 20 anos. Stalin posteriormente ajudaria a criar o Estado de “Israel”.

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