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Europa

Rússia afirma ter expulsado ucranianos de Kursk

Ucranianos desdenham da derrota, mas rapidez com que os russos retomaram Kursk mostra que "ofensiva" não passou de golpe de marketing

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitri Medvedev, comentou o ataque da Ucrânia contra o território russo ocorrido no último dia 6, classificado por ele como “uma incursão terrorista”. No dia em questão, forças ucranianas atravessaram a fronteira com a Rússia e lançaram uma ofensiva na região de Kursk, próximo à fronteira ucraniana, a cerca de 195 km de distância da cidade ucraniana de Carcóvia.

“A Ucrânia fez uma incursão terrorista em nosso território. Todas as avaliações foram feitas pelo presidente há alguns dias e ontem… Eles certamente sofrerão a punição merecida pelo que fizeram”, disse Medvedev durante reunião sobre o progresso da missão humanitária do partido Rússia Unida na região atingida pela ofensiva ucraniana. O presidente russo Vladimir Putin também comentou, disse que a Ucrânia havia realizado mais uma grande provocação, “disparando indiscriminadamente contra alvos civis”. “O inimigo receberá uma resposta adequada nas regiões fronteiriças da Rússia”, disse o líder russo.

Além da incursão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN, braço militar do imperialismo) na região russa de Kursk, outro desdobramento importante do ataque contra a Rússia foi o bombardeio ucraniano contra a Usina Nuclear de Zaporíjia. No dia 11 de agosto, as forças ucranianas realizaram um ataque direto à Usina Nuclear de Zaporíjia, localizada na região homônima. Este ataque foi conduzido utilizando drones camicazes, resultando em danos significativos à infraestrutura das instalações da usina.

De acordo com informações fornecidas pela Companhia Estatal de Energia Nuclear Rosatom, duas torres de refrigeração da usina foram diretamente atingidas pelos drones, o que provocou um incêndio na estrutura interna de uma delas. A torre afetada é uma parte essencial do sistema de resfriamento da água utilizada durante o funcionamento normal da central nuclear e sua destruição parcial representa uma séria ameaça à segurança de toda a região.

Yevgeniya Yashina, porta-voz da central nuclear, classificou o ataque como um “ato de terrorismo nuclear”, destacando que esta é a primeira vez que a integridade física da usina é comprometida de forma tão grave. Segundo ela, isso constitui uma violação direta dos princípios básicos estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Não apenas da AIEA.

Conforme o Protocolo 1 adicional às Convenções de Genebra de 1949, é crime de guerra atacar usinas nucleares, barragens e diques se houver risco de provocar perdas civis graves, como inundações ou liberação de radioatividade. A ação da OTAN, além de criminosa, eleva o risco de um desastre nuclear na região e também intensifica as preocupações globais sobre a segurança das instalações nucleares em zonas de conflito.

O ataque foi amplamente condenado pela Rússia, que responsabiliza diretamente as autoridades ucranianas e seus aliados ocidentais. Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, questionou publicamente a ausência de uma resposta firme por parte da AIEA e das Nações Unidas, sugerindo que essas organizações estão falhando em sua missão de proteger áreas críticas como esta. Segundo Zakharova, o ataque é mais um exemplo de como a Ucrânia, apoiada pelo imperialismo (chamado de “Ocidente coletivo” pela porta-voz russa), está não só devastando seu próprio território e povo, mas também ameaçando a segurança energética e alimentar global.

Os dois eventos são indicativos da estratégia do imperialismo, de pressionar ao máximo para levar a guerra diretamente ao território russo, uma tática que aumenta consideravelmente os riscos de escalada do conflito. Ao atacar diretamente a infraestrutura nuclear e civis em território russo, a OTAN, na visão do Kremlin, está cruzando linhas vermelhas.

Esses episódios destacam não apenas a brutalidade do imperialismo, mas também o alto grau de imprevisibilidade que o rodeia. A escalada de ataques, especialmente contra infraestruturas críticas como a Usina Nuclear de Zaporíjia, coloca em risco não só a segurança regional, mas também o planeta, na medida em que evidencia que usinas nucleares serão alvejadas pelo imperialismo, a despeito das convenções existentes.

Na última terça-feira (13), as forças russas reagiram, atacando os invasores em Kursk com mísseis, drones e ataques aéreos. “A viagem descontrolada do inimigo já foi interrompida”, disse o major general Apti Alaudinov, comandante da unidade de forças especiais Chechen Akhmat, que acrescentou ainda: “o inimigo já está ciente de que a blitzkrieg que planejou não deu certo”. O governo russo informou também que evitou um ataque ucraniano próximo a Martynovka, destruindo dois veículos blindados e carros que transportavam 15 militares.

Cinicamente, Heorhii Tykhyi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, desdenhou a derrota da ofensiva, dizendo que o país não tem interesse em ocupar a região Kursk e que a incursão tinha objetivo de atrasar a logística militar russa, e sua capacidade de enviar mais unidades para lutar no leste da Ucrânia. “Ao contrário da Rússia, a Ucrânia não precisa da propriedade de outras pessoas. A Ucrânia não está interessada em tomar o território da região de Kursk, mas queremos proteger a vida de nosso povo”, disse a repórteres na capital ucraniana, Kiev.

Iniciado em fevereiro de 2022, o conflito entre a Rússia e a OTAN na Ucrânia mantém-se como uma das crises internacionais mais complexas dos últimos tempos. O envolvimento da aliança imperialista e a persistente escalada militar têm gerado tensões não só na Europa, mas em todo o mundo, com consequências para a política imperialista de guerra contra os países atrasados.

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