O sexto episódio do Kombicast contou com a presença especial de José Rainha, liderança da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL). Experiente militante da luta contra os latifundiários, Rainha teve que participar remotamente, pois se encontra em prisão domiciliar. Ele foi preso ainda em março de 2023, após uma série de ocupações de terra realizadas durante a ação “Carnaval Vermelho”. Uma das acusações bizarras apresentadas pela Polícia Civil foi que Rainha estaria “extorquindo” proprietários de terra. Henrique Simonard e Henrique Áreas realizaram a entrevista que foi ao ar na segunda-feira, às 19h, na Causa Operária TV.
Prisões políticas
José Rainha lembrou que as prisões fazem parte da sua trajetória política há bastante tempo, sendo um instrumento para tentar desmobilizar a luta no campo. A respeito da sua atual situação jurídica, explicou que sofre algumas restrições estabelecidas como medidas cautelares. Por exemplo, entre as 18h e as 6h, deve permanecer dentro de sua residência. O mesmo vale para sábados, domingos e feriados. Além disso, precisa comparecer mensalmente a um fórum. Ele aponta que essas medidas “impedem de você fazer a política de circulação para ação política, que é exatamente o objetivo”.
O militante destacou que a região do Pontal do Paranapanema, onde atua há décadas, conta com uma enorme quantidade de terras públicas. A região fronteiriça entre os estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, apresenta características interessantes para um processo de reforma agrária. Reforma que Rainha afirma que só virá através de muita luta.
FNL Campo e Cidade
Comentando sobre a criação da FNL após sua militância no MST, Rainha destacou a importância da mobilização para que as questões políticas avancem no país. Relembrou ter dito que a reforma agrária só sairia do papel quando mobilizassem um milhão de camponeses acampando em Brasília.
Rainha explicou a importância da luta na cidade para que os problemas do campo sejam resolvidos, destacando que as reivindicações da luta no campo só poderão ser plenamente atendidas com o socialismo. Sua experiência acompanhando de perto as grandes greves no final da ditadura militar impactaram na sua percepção da força da classe operária.
Venezuela
Sobre a crise atual na Venezuela, Rainha não vacilou em apontar para o grande interessado na derrubada de Maduro: o imperialismo. Colocou ainda que o imperialismo está inclusive usando essa situação para “emparedar” o governo Lula.
Lembrou o caso do “autoproclamado” presidente Juan Guaidó há alguns anos, uma farsa grotesca que foi apoiada por toda a direita latino-americana, que é submissa aos interesses dos Estados Unidos na região. Ele afirma que para esses “lambe-botas” só é válido o que recebe o aval de Washington. Tanto que não criticam “Israel”, que empilha dezenas de milhares de corpos de mulheres e crianças palestinas, nem a Ucrânia, onde Vladimir Zelenski está neste momento estendendo seu mandato sem nem passar por eleições.
Rainha ainda lembrou que, independentemente das vacilações do governo federal, as organizações populares podem e devem se posicionar firmemente em defesa do direito dos venezuelanos a sua auto-determinação. Para ele, a esquerda não pode vacilar diante do imperialismo.