O presidente chileno Gabriel Boric se tornou uma espécie de embaixador do golpe de Estado da Venezuela na América Latina. Foi o primeiro chefe de Estado a questionar a vitória de Nicolás Maduro, sendo rapidamente seguido por fascistas como o argentino Javier Milei. Mais que um direitista, Boric está se revelando um verdadeiro agente do imperialismo norte-americano para as suas operações conspirativas na região.
Recentemente, o presidente venezuelano Nicolás Maduro denunciou que Boric teria dado aval para que milícias pinochetistas se preparassem para intervir militarmente no país caribenho. Isto é, que Boric, um suposto esquerdista, teria se aliado com os herdeiros de um dos regimes mais sangrentos da América Latina para tentar derrubar um dos três únicos regimes progressistas da região. Convém destacar, inclusive, que, ao dar ainda mais poderes para os pinochetistas, Boric está sacrificando a própria reeleição, uma vez que irá concorrer contra a extrema direita na disputa presidencial.
Boric não é de esquerda. Ele é uma marionete, um títere do imperialismo. Alguém infiltrado para confundir os trabalhadores enquanto o Departamento de Estado norte-americano realiza as suas operações criminosas.
O caso Boric colocou a política de várias organizações da esquerda em xeque. Guilherme Boulos (PSOL), por exemplo, foi para a posse do presidente chileno, demonstrando grande empolgação com sua eleição. Não foram poucos os que disseram que a extrema direita havia sido derrotada no Chile. Agora, o grande antifascista Gabriel Boric se revela como uma prostituta cafetinizada por Washington e que tem, entre seus clientes, os filhos de Augusto Pinochet.
Não é nenhuma novidade. A política do imperialismo sempre foi a de procurar estimular uma esquerda que seja completamente domesticada. Na Europa, por exemplo, o imperialismo conseguiu domesticar a socialdemocracia, que está toda ela infiltrada por agentes diretos do imperialismo. Da mesma forma, o Partido Socialista Chileno afundou por ter aplicado a política neoliberal. Gabriel Boric, neste sentido, não passa de uma peça de reposição do sistema político no que diz respeito à socialdemocracia.
O mesmo ocorre hoje em todos os lugares do mundo. No Brasil, o deputado federal Guiherme Boulos (PSOL) saiu ao ataque contra o regime chavista, dizendo-se “muito preocupado” com a atuação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O Syriza, na Grécia, o Podemos, na Espanha, e o Die Linke, na Alemanha, também já se mostraram completamente dominados pela política do imperialismo.
O alinhamento com a Casa Branca não se dá apenas na política externa. Muito pelo contrário. Boric só conseguiu se tornar presidente por causa de uma manobra apoiada pela burguesia contra o Partido Chileno – manobra esta que fez com que Boric saísse como o candidato de uma coalizão de esquerda. Essa coalizão, por sua vez, só venceu as eleições por causa da insurreição que houve no ano de 2019 contra o regime pinochetista, que vigora até os dias de hoje.
Boric se mostrou um inimigo da mobilização de 2019 na medida em que manteve centenas de presos políticos daquele período e na medida em que não combateu uma das mais macabras heranças do pinochetismo: a destruição do sistema previdenciário. A reforma da Previdência de Gabriel Boric manteve o sistema de capitalização onde cada pessoa é responsável pela arrecadação da sua própria aposentadoria – ao contrário do Brasil, onde isso é uma obrigação dos patrões.
A política da “nova esquerda” é um fracasso e irá fracassar em todos os lugares em que for implementada. Ela sequer pode ser comparada à política da esquerda reformista, que dá “uma mão no cravo e outra na ferradura”, buscando se equilibrar entre os interesses nacionais e a pressão do imperialismo. A “nova esquerda” é tão somente uma fachada para a política genocida e criminosa do imperialismo.