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Chile

Boric apoia protestos fascistas bancados pelos EUA na Venezuela

'Queridinho' da esquerda pequeno-burguesa, Boric aliou-se aos pinochetistas para treinar agentes fascistas contra o governo venezuelano

O presidente reeleito da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou no último dia 5 que seu homólogo chinelo, Gabriel Boric, tem organizado “centros de formação” para que os “pinochetistas, os fascistas do Chile”, com o objetivo de treinar os guarimberos, manifestantes da extrema direita venezuelana, sendo os chilenos os “responsáveis por uma grande parte destas ações terroristas”, disse Maduro, durante discurso proferido ao aniversário da Guarda Nacional Bolivariana. “No Chile, é público e notório, camaradas militares, nas redes sociais ou apagaram os vídeos (dos) centros de treino que os pinochetistas, os fascistas do Chile, com o apoio do governo chileno têm para os venezuelanos, para treiná-los para muitas destas ações terroristas” (veja o vídeo abaixo).

 

Desde a vitória de Maduro, Boric tem se convertido em um dos principais instrumentos do imperialismo para desestabilizar o regime bolivariano e com isso, facilitar o golpe de Estado com o qual o governo norte-americano busca disciplinar o país vizinho, e o conjunto da América Latina. No último sábado, após reunir-se com o embaixador expulso da Venezuela em decorrência do apoio do Chile aos golpistas, o mandatário chileno publicou no X que a posição do governo chileno será mantida: “não reconhecemos a proclamada vitória de Maduro e não validaremos qualquer resultado que não seja verificado por organismos internacionais independentes” disse em seu perfil oficial.

No mesmo dia 5, Boric recebeu no Chile o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem declarou buscar “construir uma esquerda e um progressismo democrático que respeite e faça respeitar os direitos humanos em qualquer lugar”, em clara indireta a Maduro, atacado pelo imperialismo como uma ditadura, diretriz fielmente seguida por Boric. “Apelamos também”, continuou o chileno, “ao pleno respeito pelos direitos humanos dos manifestantes na Venezuela e ao fim das detenções arbitrárias e da violência”, concluiu, com uma frase que caberia perfeitamente bem ao próprio governo, onde cerca de 5 mil jovens estudantes e trabalhadores são mantidos no cárcere desde o governo ditatorial do ex-presidente, Sebastián Piñera. Eleito por uma plataforma de esquerda, Boric já anunciou sua oposição ao indulto aos presos do regime pinochetista de Piñera.

Boric e a esquerda pró-imperialista

Embora publicamente alinhado com a extrema direita no esmagamento dos manifestantes chilenos, Boric é um “queridinho” em certos círculos da esquerda pequeno-burguesa brasileira, que tem no presidente um exemplo. Um de seus maiores entusiastas é ninguém menos que Guilherme Boulos. Na ocasião da eleição de Boric (em dezembro de 2021, ocasião, por sinal, que nenhuma ata foi solicitada para o reconhecimento de sua vitória), Boulos publicou um entusiasmado texto, enaltecendo a vitória do esquerdista: “abriram-se as grandes alamedas chilenas por onde passarão o homem e a mulher livres. Essa foi a previsão de Salvador Allende em seu último e corajoso discurso, antes de ter o Palácio de La Moneda bombardeado e ser morto pelas forças golpistas de Pinochet. Demorou 48 anos, mas as alamedas se abriram neste domingo”, escreveu Boulos.

Dois anos e oito meses depois, no entanto, as únicas alamedas abertas vistas são as que permitem a passagem segura do imperialismo pelo subcontinente, como se pode ver na expressiva subordinação do mandatário identitário chileno. Confirmando-se a denúncia de Maduro, no entanto, seu papel como agente da ditadura mundial ganha uma nova conotação, por mostrar que não apenas Boric nunca foi um elemento da esquerda, como além de não ter uma oposição real ao que jurou combater, o pinochetismo e a extrema direita chilena, aliou-se a eles para cumprir as ordens do governo norte-americano, a quem verdadeiramente serve.

Com as eleições gerais marcadas para o ano que vem (2025) e tendo o pinochetismo como seu principal oponente, Boric ainda assim age no sentido de fortalecê-los, tamanho seu capachismo, em uma nítida demonstração de sua total falta de limites para atender os interesses dos norte-americanos. Eis o “esquerdista” que denuncia Maduro como “ditador”, que tanto fala em “direitos humanos”, mas que age em total afronta a um princípio basilar do que se entende pelo termo, que é a autodeterminação dos povos, exibindo um vale-tudo para defender o imperialismo.

Aceito no interior do campo por uma parcela acrítica da esquerda, essa autoridade tem caído como uma luva à campanha do governo norte-americano contra o chavismo. Sua agitação tem servido de maneira especial aos propósitos do imperialismo, especialmente pela confusão que causa em uma parcela da esquerda, que desorientada, termina apoia o que existe de mais reacionário e fascista no continente. 

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