Vídeos de soldados das Forças de Ocupação Israelense, na prática de condutas vedadas pelo direito internacional, são utilizados em procedimentos e levantam questionamentos acerca da possibilidade de punição de um agente israelense-americano.
Exibição on-line
Existem muitos soldados da IOF postando vídeos zombando de civis palestinos em Gaza, com cenas de execução e tortura, e destruindo propriedades palestinas. Os registros são perturbadores, satirizando com brinquedos de crianças e roupas íntimas femininas das suas vítimas, cercando e vendando civis.
Ocorre a destruição intencional de equipamentos públicos e privados sem interesse militar, além de queimar suprimentos alimentícios dos palestinos e destruir residências.
Segundo o advogado sul-africano Tembeka Ngcukaitobi no CIJ: “Há agora uma tendência entre os soldados de se filmarem cometendo atrocidades contra civis em Gaza, em uma forma de vídeo ‘snuff’ [categorização feita por usuários de Internet de vídeos em que se mostra a morte de pessoas]”. O jurista ainda citou registros de soldados destruindo casas e declarando a intenção de “apagar Gaza” ou “destruir Khan Younis”, caracterizando evidência inquestionável de intenção genocida.
O caso Settenbrino
Bram Settenbrino é um soldado israelense-americano das FOI que compartilhou vídeos com disparos indiscriminados contra um prédio, bem como a demolição de casas e uma mesquita. Esse caso foi relatado pelo The Guardian, junto a outros com o padrão de admitir abertamente em vídeos de mídia social que atiram para matar e destruir toda infraestrutura.
Seis soldados da FOI depuseram que seus colegas soldados rotineiramente executavam civis palestinos para liberar frustração reprimida ou aliviar o tédio. Yuval Green e outros dois soldados renunciaram ao serviço militar após participarem do genocídio em Gaza, invadindo casas sem justificativa militar, saqueando-as e depois queimando-as, executando crianças e prisioneiros.
Segundo seu pai, Settenbrino havia “enviado um vídeo de congratulações dedicando uma detonação para homenagear o novo casamento de um amigo”.
Uma orientação política
Uma realidade exposta pelos números é se tratar de uma forma de terrorismo sionista contra o povo palestino. Não há como ser um simples desvio de conduta de alguns soldados; a quantidade expõe uma orientação política para a prática.
Para Joel Carmel, membro do grupo de veteranos israelenses Breaking the Silence (BtS): “O grande número de vídeos desse tipo online demonstra que a liderança militar nem sequer tenta disciplinar os soldados rasos”.
“Mais importante, a questão é menos sobre os vídeos em si e mais sobre o que eles dizem sobre a maneira como lutamos em Gaza. Destruir casas e locais de culto é uma atividade cotidiana para os soldados em Gaza – é o oposto dos ataques ‘cirúrgicos’ em alvos cuidadosamente escolhidos sobre os quais somos informados pelas IDF.” Acrescentou Carmel.
BtS é uma organização não governamental (ONG) israelense, nascida em 2004, formada por veteranos das FOI. Seu objetivo é permitir que militares e reservistas israelenses denunciem o ocorrido nos Territórios Ocupados.
10 meses de genocídio
Durante os últimos 10 meses, a prática genocida dos sionistas foi documentada em vários vídeos. As imagens demonstram agentes da FOI zombando, torturando, executando palestinos e destruindo suas propriedades.
Alguns desses registros foram apresentados como evidência no caso de genocídio contra “Israel” na Corte Internacional de Justiça (CIJ). Desde 7 de outubro de 2023, “Israel” assassinou entre 39 e 186 mil palestinos.
As vítimas do sionismo são os setores mais frágeis socialmente, principalmente crianças e mulheres. É esperado que milhares ainda estejam enterrados sob os escombros, havendo no mínimo 90 mil feridos, com a maioria da população de Gaza, de 2,3 milhões, forçadamente desabrigada.
Ainda há o temor de uma escalada no conflito para uma agressão total com o Líbano e outros países árabes da região, deteriorando ainda mais as condições de vida da população nativa da região.
Crime para norte-americanos
A publicidade e repercussão dos casos levantaram o debate de que, segundo a legislação dos EUA, a destruição generalizada de propriedade “não justificada por necessidade militar e conduzida de forma ilegal e indiscriminada” constitui crime de guerra.
Para Brian Finucane, ex-consultor jurídico do Departamento de Estado dos EUA: “Se cidadãos americanos estão violando as Convenções de Genebra ou cometendo crimes de guerra em Israel e na Palestina, isso compromete as obrigações dos EUA”.
O Washington Post levantou a existência de 23.380 cidadãos norte-americanos servindo nas FOI, além de 600 mil residentes em “Israel”, abrindo debate acerca da disposição das autoridades norte-americanas em aplicar sua legislação.
Segundo a diretora do Center for Global Legal Challenges da Yale Law School, Oona Hathaway: “O governo dos EUA poderia processar esses cidadãos americanos se eles participassem de crimes de guerra”.
Entretanto, “politicamente, no entanto, isso é improvável, por todas as razões óbvias.” Completa Hathaway.