Abaixo o discurso do companheiro Antônio Carlos Silva, da coordenação nacional de luta e da direção nacional do PCO, no ato em Memória de Ismail Hanié e em defesa da Venezuela, realizado no sábado, 3 de agostos, na CCBP – Centro Cultural Benjamin Peret, no centro da capital paulista.
“Companheiros,
eu, nesta semana, ouvi de alguns companheiros árabes lembrando uma mensagem do Alcorão que diz que aqueles que lutam não morrem, são como água que brotam e vão dar continuidade à nossa luta. Então, eu queria dizer que o Ismail Hanié está presente hoje conosco, presente com a luta do povo palestino, e que nós nos sentimos hoje mais fortes do que nunca para dar continuidade a essa batalha fundamental
Eu acho que é importante destacar que nós temos debatido muito que o imperialismo está ferido de morte, está ferido vendo a sua crise se agravar; pelas várias derrotas que o aumento da luta dos povos oprimidos tem levado é das forças mais poderosas que o imperialismo tem sofrido nos últimos anos.
A derrota no Afeganistão, a derrota na Síria, a derrota espetacular que as forças russas estão impondo na Ucrânia contra o regime nazista e capacho de Zelenski. E agora, a mais recente luta, a revolução, a rebelião do povo palestino, que está levantando todo o eixo da resistência e vai levar ao fim o Estado de Israel, e vai levar a uma vitória espetacular não só o povo palestino, dos povos árabes, dos muçulmanos, mas também de todos os povos.
Neste momento em que esta crise se agrava, os imperialistas agem como verdadeiros abutres, como vampiros. Eles estão a cada vez mais vendo se aproximar essa situação de crise e de derrota. O capitalismo já não é capaz de fazer nada de produtivo, nada que gere progresso, que gere riquezas. Não por acaso, os negócios mais lucrativos do capitalismo hoje são: a indústria de armas, o tráfico de pessoas e órgãos humanos; e os negócios financeiros, os bancos, que são sanguessugas de todo o esforço, de todo o trabalho da classe operária e da classe trabalhadora em todo o mundo.
Em todo o mundo, diante dessa situação, os povos oprimidos se levantam. O imperialismo só é capaz de gerar, fome, miséria, guerras, destruição. Isso aí é a maravilha do capitalismo que os liberais e os neoliberais propagam. É essa situação que nós vemos, um grupo cada vez mais reduzido de bilionários, enquanto centenas de milhões, e até bilhões, de pessoas passam fome. Enquanto nós estamos reunidos aqui, com certeza, centenas de crianças já morreram de fome, e muitas outras pessoas sofrem por todos esses males.
Então, qual é a alternativa do imperialismo? Além das guerras, além da política de destruição, é derrubar os governos, atacar os países que se levantam contra essa dominação. Não por acaso, se multiplicaram, além das guerras e das invasões de países, a política de derrubar governos que são aliados do povo, que têm uma política mais próxima dos interesses populares, ou que são tomados pelo povo, na sua luta, como representante dos seus interesses.
É evidente o que nós estamos vendo agora na Venezuela, a mesma política, como o companheiro destacou aqui, é a situação que nós estamos vendo no Brasil. A Venezuela é a maior reserva de petróleo do mundo, e que, há anos sofrendo embargo dos Estados Unidos, não consegue sequer vender a sua riqueza. Tem parte de sua riqueza roubada pelos imperialistas. As reservas de ouro nos Estados Unidos, as empresas venezuelanas em outros países e as reservas de ouro na Inglaterra.
Eu queria da nossa intervenção breve para destacar, diante dessa situação, a enorme covardia daqueles setores, da falsa esquerda, daqueles setores que dizem representar os trabalhadores, mas não se colocam do lado dos povos que estão em luta. Não se colocam do lado do povo palestino, não se colocam ao lado do Hamas e das forças da resistência, não se colocam do lado do Irã, e não se colocam nesse momento contra o golpe na Venezuela.
É preciso desmascarar essa falsa esquerda que inclusive condena quem se levanta em armas contra o imperialismo. São aqueles que defendem que diante da fome e da miséria, da destruição promovida pelo imperialismo, a gente deveria distribuir flores e beijos para as tropas dos Estados Unidos, para as tropas criminosas, genocidas, fascistas de “Israel” e assim por diante.
É preciso romper com essa política. É uma política criminosa. Nada tem a ver com os interesses dos trabalhadores. Nós queremos denunciar a política nesse momento covarde do governo Lula. O governo Lula precisa se colocar do lado do povo venezuelano. O governo Lula precisa romper a política de submissão ao imperialismo norte-americano e ficar do lado dos setores oprimidos em nosso continente. O governo Lula precisa se colocar ao lado dos países dos BRICS, que apoiaram e reconheceram a decisão soberana do povo venezuelano.
Eu queria lembrar uma questão que muitos companheiros da esquerda, e inclusive do PT, têm dito na internet. Em 2009, nós do PCO, estivemos na Venezuela participando do Fórum Mundial Social para fazer campanha pela liberdade do Lula. Eu não vi o Maduro, não vi o Partido Socialista da Venezuela pedir nenhuma ata do STF para defender o Lula. Eu não vi o Maduro pedir nenhuma ata do STF para ficar contra o golpe contra a Dilma [Rousseff]. Ata o cacete, nós queremos que o governo Lula rompa com essa política, não tem que exigir nada do governo Maduro.
Eu queria dizer que as organizações de luta dos trabalhadores, os sindicatos, a CUT, toda a esquerda, têm que se juntar à posição do PCO, o posicionamento que foi adotado nessa semana pela executiva do PT, pelo MST. E condenar claramente toda política golpista contra a Venezuela neste momento, se colocar do lado do povo venezuelano. E nós vamos, a partir deste ato, nós vamos reunir as forças que organizaram o ato do dia 30, os comitês, os movimentos, junto com os companheiros da Ibraspal, junto com todos os movimentos que estiveram conosco no dia 30, e outros setores que queiram se somar, porque nós precisamos sair às ruas para denunciar essa política criminosa. Esta aqui é uma primeira atividade. Nós precisamos ir para os locais de trabalho, levar, como nós temos feito com a campanha em defesa da Palestina, essa mensagem para os trabalhadores, para os estudantes, para levantar a classe trabalhadora do País.
Fora o imperialismo da Venezuela. Pela derrota do imperialismo na Palestina. E viva a luta dos trabalhadores, e a unidade dos trabalhadores do todo o mundo!”