Neste domingo, 28 de julho, ocorreram as eleições presidenciais venezuelanas e, apesar do grande circo montado pelo imperialismo dentro e fora da Venezuela, Maduro foi reeleito presidente com 51,2% dos votos computados, marcando 11 anos como presidente venezuelano e 25 anos de governo do Partido Socialista Unido da Venezuela – PSUV.
As eleições foram marcadas desde o início por uma grande polarização, dentro e fora do país caribenho. Ainda em 26 de janeiro de 2024, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela – TSJ, emitiu decisão confirmando que María Corina Machado estava inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos. A grande figura da oposição venezuelana é alvo de diferentes acusações, como corrupção e formação de quadrilha.
Este desenvolvimento político levou Machado a acusar o governo de descumprir o Acordo de Barbados, firmado na ilha caribenha em 2023, quando o Estado venezuelano estabeleceu um calendário para as eleições de 2024, inclusive com participação e observação de órgãos internacionais, como a Comunidade do Caribe (Caricom), União Africana, ONU, BRICS e o Centro Carter dos Estados Unidos.
Apesar da oposição acusar o governo de não cumprir o documento, diferentes atores internacionais vem reiterando a importância do acordo. ainda em junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comunicou o chefe do Executivo venezuelano, Nicolás Maduro, a fim de afirmar que apoia o acordo. A Organização das Nações Unidas – ONU também confirmou que a participação nas eleições venezuelanas está “em conformidade” com o documento assinado em Barbados.
Na segunda-feira, 29 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Nicolás Maduro como presidente da Venezuela para o mandato de 2025-2031 e a oposição foi rápida em atacar o regime chavista. “Vencemos e todos sabem disso”, disse Machado em entrevista coletiva logo após a confirmação da vitória de Maduro. “Queremos dizer a toda Venezuela e ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia”.
Se posicionando ao lado de seu candidato, Machado continuou: “González Urrutia obteve 70% dos votos e Nicolás Maduro 30%. Esta é a verdade. Parabéns, Edmundo”. Até agora, a oposição não conseguiu fornecer provas de tal fraude eleitoral, nem há sinais de que conseguirá.
Durante a já mencionada entrevista coletiva, Machado também se dirigiu aos militares. “Todos sabemos o que já aconteceu. Já aconteceu. Hoje os derrotamos com os votos em toda Venezuela. Isso também sabem os membros do Plano República, os militares. O dever da Força Armada Nacional é fazer respeitar a soberania do voto”.
A oposição venezuelana vem, desde o domingo, 28 de julho, convocando atos públicos ao passo que insuflam nas forças armadas o “dever” de derrubar Maduro. No entanto, esta campanha golpista não começou nem permanecerá nas fronteiras venezuelanas. As campanhas internacionais que fluem dos EUA e encontram eco em países como o Brasil, continuará a atacar a eleição presidencial venezuelana, buscando deslegitimar o regime político e isolar o país, que “está prestes a entrar nos BRICS”.
Como parte da campanha golpista, encontramos diversas figuras da política sul-americana. Dentre eles está Milei, presidente argentino que disse no X, antigo Twitter, “a Argentina não vai reconhecer mais uma fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular”. Assim como Milei, encontram-se o ministro de Relações Exteriores do Peru, Javier González-Olaechea, e Luis Lacalle Poe, presidente do Uruguai.
Da mesma maneira que esses políticos direitistas, o presidente chileno, Gabriel Boric, declarou, também pelo X, que seu país não reconhecerá “nenhum resultado que não seja verificável”, referindo-se às eleições venezuelanas. Não é a primeira vez que o presidente chileno se alia ao imperialismo em nome da “democracia”, vide sua condenação ao governo da Nicarágua e de Cuba. Boric é uma figura caricata da esquerda liberal latino-americana, emergindo como presidente do Chile após as grandes mobilizações populares de 2019. Após conter a mobilização utilizando dos mesmos expedientes violentos que cegaram permanentemente dezenas de manifestantes, traiu seu programa de campanha, ao negar que iria promover a liberdade dos manifestantes presos durante a convulsão social de 2019.
No programa Análise Política Internacional, Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, disse:
“O que chama muita atenção aqui é o caso de pessoas como Gabriel Boric que, sem saber de nada, do banheiro da sua casa, enquanto ele descarregava o tanquinho, decidiu que eleição na Venezuela não deve ser reconhecida. Além de ser um direitista, um paga-pau dos EUA, é um moleque porque isso é uma molecagem”.
“Nem a imprensa norte-americana é tão assim como ele. Eu olhei toda a imprensa norte-americana, eles falam ‘oposição diz que não sei o que’. Ninguém fala ‘não deve ser reconhecida a eleição’. Ele não, ele saiu com tudo. Ele, todos regimes títeres na América do Sul saíram condenando a Venezuela. O Milei, o Equador, o Peru. Todos eles saíram condenando”.
Um dos luminares da “internacional progressista” — articulação internacional criada como alternativa ao Foro de São Paulo, com figuras mais palatáveis ao imperialismo — Boric possui como grande aliado no Brasil o Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, em especial Guilherme Boulos, que chegou a visitar o Chile durante a comemoração da vitória presidencial.