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Francisco Weiss

Militante do PCO em São Paulo. Juntou-se ao partido em 2018, em meio à campanha da luta contra o golpe e pelo “Fora Bolsonaro”. É membro da coordenação do Grupo por uma Arte Revolucionária Independente (GARI), além de dirigente do PCO em São Paulo. Apresenta de segunda a sexta o programa Reunião de Pauta na COTV e outros programas do Canal e também da Rádio Causa Operária.

Coluna

A ‘bola fora’ dos franceses

A abertura dos Jogos Olímpicos de Paris mostra que a imposição identitária do imperialismo alcançou o limite do aceitável

A abertura dos Jogos Olímpicos sempre foi um evento cuja principal função era procurar demonstrar para o restante do planeta as principais qualidades positivas do país-sede. Dirigidas e organizadas por grandes personalidades da cultura de seus países, essas cerimônias sempre procuraram mostrar ao mundo a imponência da arte e da vida cultural de suas nações. As últimas décadas foram marcadas por memoráveis aberturas olímpicas.

Uma das mais grandiosas da história foi a dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008. Dirigida por Zhang Yimou, a cerimônia destacou a cultura e história da China com performances sincronizadas de tamboristas, calígrafos, dançarinos e ginastas, além de um uso extensivo de tecnologia e efeitos especiais. Um momento que impressionou a muitos foi quando o ginasta Li Ning “correu” ao redor do estádio suspenso por cabos antes de acender a pira olímpica.

Mesmo que não tão impressionante quanto a anterior, a cerimônia de Londres, em 2012, foi realizada com a direção de Danny Boyle e procurou celebrar a história e a cultura britânica com segmentos dedicados à Revolução Industrial, ao Serviço Nacional de Saúde (NHS) e à herança literária e musical do Reino Unido. Com referências à cultura pop, incluindo Mr. Bean e James Bond, a pira olímpica foi acesa por sete jovens atletas, procurando a passagem do legado olímpico para a nova geração.

Outras aberturas memoráveis incluem Barcelona 1992, com a flecha em chamas disparada pelo arqueiro paralímpico Antonio Rebollo; Sydney 2000, focada na cultura indígena australiana e com a participação do nadador Ian Thorpe; Atenas 2004, destacando a herança histórica da Grécia com performances inspiradas na mitologia; e Rio 2016, conhecida pelo vibrante espetáculo de música e dança, destacando a diversidade cultural e a riqueza natural do Brasil. Mesmo que nem todas tenham tido a qualidade e imponência do evento chinês, foram o suficiente para empolgar o público mundial, que acompanha esse grande evento esportivo com atenção.

No entanto, a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, ocorrida na última sexta-feira (26), foi um reflexo da decadência e da podridão da cultura europeia e da sociedade capitalista. A imposição de elementos identitários trouxe aquela sensação de “imposição” desagradável, que deixou a população mundial muito indisposta com tudo aquilo.

Um aspecto que foi particularmente desagradável foi uma paródia da Última Ceia de Jesus Cristo apenas com travestis e homossexuais. Nessa montagem, um dos atores usava uma roupa tão apertada que partes do seu órgão sexual estavam “escapando” para fora da sua saia.

O problema da decadência da cultura sob o capitalismo é um tema frequente e sempre observável, mas essa cerimônia talvez tenha sido o auge desta situação. Essa bizarrice toda tem na população o efeito oposto do pretendido, deixando todos extremamente indispostos com os identitários. O imperialismo se mostra incapaz de realizar algo de forma esteticamente oportuna causando repulsa em todo o planeta.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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