A recente privatização da Sabesp, a maior empresa de saneamento do Brasil, é um exemplo claro das maracutaias que permeiam os processos da chamada “desestatização” no país. Na prática, nada mais é do que entregar os bens públicos, que servem aos brasileiros, aos tubarões que enriquecem em Nova Iorque com o sangue e suor do trabalhador brasileiro. O governo do Estado de São Paulo vendeu 32% das ações da Sabesp por R$ 14,8 bilhões, cedendo o controle da companhia à Equatorial Energia. No entanto, uma análise detalhada revela que essa “privatização” está longe de ser um movimento legítimo e mais se assemelha a uma entrega do patrimônio público a interesses privados.
Segundo a própria lógica capitalista, que desde os avanços para a sua etapa imperialista não existe mais, as privatizações genuínas deveriam pressupor a venda de ativos pelo seu “valor real”, considerando o que a empresa vale para o país, os investimentos realizados e os lucros gerados. No caso da Sabesp, a empresa foi vendida a um preço muito abaixo do valor de mercado, com cada ação sendo negociada a R$ 67 e subindo rapidamente para R$ 82 após a venda. Este tipo de transação sugere uma subvalorização intencional para beneficiar a compradora, Equatorial Energia, que agora controla uma empresa lucrativa e essencial para a população paulista e detém, em suas mãos e seus interesses, as necessidades fundamentais da população paulista e paulistana.
Os defensores da privatização argumentam que a venda livra a empresa das amarras políticas, tornando-a mais eficiente. No entanto, a experiência mostra que o fim das privatizações invariavelmente envolve demissões em massa, cortes de investimentos, terceirizações precarizadas e uma deterioração na qualidade dos serviços prestados ao povo, sobretudo os mais pobres. A história da Enel em São Paulo, que adquiriu a Eletropaulo prometendo eficiência e entregou serviços precários com frequentes apagões, é um exemplo claro desse padrão.
Como se não bastasse, a Equatorial Energia, uma empresa especializada no setor elétrico, não possui experiência em saneamento básico. Sua atuação em algumas cidades do Amapá, um estado que sofreu um blecaute massivo em 2020, evidencia a falta de capacidade técnica para gerenciar um serviço essencial para quase 30 milhões de paulistas. Mesmo assim, foi a única empresa a participar da concorrência, facilitada por um processo de licitação extremamente restritivo.
A privatização da Sabesp reflete um padrão de falsas privatizações dentro de um movimento totalmente controlado pelos capitalistas internacionais de entrega dos patrimônios brasileiros aos bolsos estrangeiros, aos acionistas de Nova Iorque, onde o valor real das empresas nunca é pago e a transação é realizada de forma a favorecer interesses privados. Isso é corroborado pela rápida valorização das ações da Sabesp após a venda, um fenômeno que beneficia diretamente os novos acionistas à custa do patrimônio público.
A imprensa brasileira desempenha um papel crucial na legitimação dessas privatizações. Alinhada aos interesses imperialistas, os jornais burgueses cobrem essas transações de forma positiva, ignorando críticas e vozes dissidentes de organizações populares. A Folha de S.Paulo e a Globo, principais porta-vozes do mercado, destacaram a privatização da Sabesp como um avanço rumo à eficiência, desconsiderando os potenciais impactos negativos sobre a população.
Essa cobertura midiática reflete uma postura antinacional, onde os interesses do capital privado são colocados acima dos interesses do país. A falta de transparência e a natureza bizarra dessas privatizações mostram ainda mais que o verdadeiro objetivo é a rapinagem do patrimônio público por capitalistas, com a conivência de uma imprensa que se vende como defensora da modernidade e eficiência.
A privatização da Sabesp não apenas enfraquece o controle estatal sobre um serviço essencial, mas também simboliza a entrega do bem-estar público aos interesses lucrativos de uma minoria abastada financeiramente. A ladainha de eficiência e modernização serve apenas para mascarar a verdadeira natureza dessas transações: um esquema corrupto que transfere riqueza pública para mãos privadas, comprometendo a qualidade dos serviços e aumentando a desigualdade social.
A resistência contra essas privatizações deve ser fortalecida, com a conscientização da população sobre os verdadeiros impactos dessas políticas e a ação em massa dos sindicatos, por exemplo, que se encontram paralisados em um movimento de refluxo da luta dos trabalhadores. A luta por um saneamento público eficiente e acessível é parte fundamental da defesa dos direitos e da soberania nacional.