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HISTÓRIA DA PALESTINA

Acordo de Uadi Araba, mais uma traição da Jordânia aos palestinos

O reino da Jordânia foi o segundo país árabe a normalizar relações com “Israel”, desde então se tornou uma base militar do imperialismo contra a luta do povo palestino

Em 1994, pouco após serem implementados os tratados de Olso, isto é, a capitulação do Fatá diante do imperialismo, a Jordânia também adentrou na frente e assinou os acordos de paz com “Israel”, os acordos de Uadi Araba. Foi o segundo país árabe a aceitar “Israel” como um país legítimo, 15 anos após o tratado de Camp David, entre “Israel” e Egito. O reino da Jordânia sempre foi uma força reacionária e anti-Palestina, esse tratado foi uma guinada ainda maior do país de submissão ao imperialismo.

A Jordânia é o país vizinho da Palestina onde vivem mais refugiados palestinos. Ela foi criada artificialmente, como todos os países do Oriente Médio, pelo imperialismo na década de 1920. Sua principal diferença dos demais é que é o único país árabe fora do Golfo Pérsico que não derrubou a monarquia. Ou seja, a dinastia Haxemita, imposta por Winston Churchill, antigo primeiro-ministro da Inglaterra, ao país segue no governo.

Ao longo da história de “Israel”, a Jordânia sempre atuou na prática como um aliado do sionismo. Na guerra de 1948, quando foi fundado “Israel”, a Jordânia controlada pelos ingleses ocupou a Cisjordânia e assim garantiu que não existisse um Estado de Palestina. Depois de 1967, “Israel” tomou esse território e os palestinos começaram a organizar a sua luta armada na própria Jordânia. O rei, com auxílio do imperialismo e do sionismo, realizou um enorme massacre de palestinos em 1970, esse ficou conhecido como Setembro Negro. Estima-se que 10 mil palestinos foram assassinados.

A Organização para Libertação da Palestina (OLP) foi expulsa do país, que tinha fronteira direta com a Cisjordânia ocupada, o que dificultou muito a luta dos Palestinos que foram se organizar no Líbano. Anos depois ,“Israel” invadiria o Líbano para destruir a OLP. Ou seja, desde a fundação de “Israel” até a década de 1990, a Jordânia nunca foi de fato inimiga de “Israel”, isso porque o reino sempre foi um dos países mais submisso ao imperialismo da região.

O Tratado de Uadi Araba

Desde 1987, as conversas nos bastidores entre a Jordânia e “Israel” já estavam acontecendo. O rei Hussein Bin Talal e o ministro das Relações Exteriores de “Israel”, Shimon Peres, tentaram arranjar um acordo de paz em 1987, através do qual a Jordânia recuperaria o controle sobre a Cisjordânia ocupada por “Israel”. Caso isso acontecesse, não teria sido criada a Autoridade Palestina, o governo falso que existe até hoje na Cisjordânia ocupada militarmente pelos sionistas. Esse plano não avançou, pois não havia um consenso no governo sionista.

As discussões sobre um acordo de paz ressurgiram em 1994, após os Acordos de Oslo. A conjuntura agora havia mudado. A OLP não era mais um inimigo para o Estado sionista, o Hamas ainda estava crescendo e viria a se tornar uma grande força política depois do ano 2000. Assim com a situação relativamente estável na Cisjordânia, começaram as novas conversas entre o rei jordano e os israelenses.

O presidente dos EUA Bill Clinton foi quem garantiu o acordo. Ele havia prometido ao rei Hussein que as dívidas da Jordânia seriam perdoadas se um tratado de paz fosse acordado, ou seja, subornou o país para trair mais uma vez os palestinos. As negociações prosseguiram e o reino assinou um acordo de não-beligerância com “Israel”. Os três países também assinaram a Declaração de Washington na capital dos EUA em 25 de julho de 1994, encerrando oficialmente o estado de guerra.

Em 26 de outubro daquele ano, o primeiro-ministro jordaniano Abdelsalam al-Majali e seu homólogo israelense Isaque Rabin, mediados por Clinton, então assinaram o Tratado de Uadi Araba, nomeado em homenagem ao vale onde a cerimônia ocorreu perto da fronteira entre Jordânia e “Israel”. Sob os termos do tratado, foram estabelecidas relações abertas entre os dois Estados vizinhos, permitindo várias possibilidades, incluindo laços econômicos, comércio, segurança, compartilhamento de inteligência e alocação de água.

A traição da Jordânia

O tratado e seus protocolos foram elogiados nos portais de imprensa do governo do rei Hussein como um esforço para “estabelecer uma base firme para uma paz justa, abrangente e duradoura“. Garantiu à Jordânia a restauração de suas terras ocupadas (aproximadamente 380 quilômetros quadrados), bem como uma parte equitativa da água dos rios Iarmuc e Jordão. Também definiu claramente a fronteira ocidental da Jordânia pela primeira vez desde sua independência em 1946.

Ou seja, o tratado foi um ganho gigantesco para “Israel”. Mais um de seus vizinhos diretos agora seria integrado à economia do Estado sionista. A questão da água e da segurança são especialmente importantes. Na atual guerra, fica claro que a pareceria militar é enorme, a Jordânia participou diretamente da defesa de “Israel” dos ataques retaliatórios do Irã em abril de 2024.

Para a Jordânia, o acordo foi uma espécie de intervenção neoliberal. Agora o partido teria uma enorme interferência dos EUA e também dos próprios sionistas. A Jordânia se tornou uma das principais bases militares do imperialismo no Oriente Médio e sua capital, Amã, uma espécie de base para as agências de inteligência do imperialismo, como a CIA e o MI-6.

Em 1997, por exemplo, agentes do Mossad foram enviados a Amã para assassinar Khaled Meshaal, um dirigente do Movimento de Resistência Islâmica, Hamas. Meshaal, um cidadão jordaniano, foi seguido pelos agentes que injetaram uma substância química desconhecida em seu ouvido. Os culpados foram capturados por seus guarda-costas.

O Rei Hussein pressionou Clinton para forçar o primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu a fornecer um antídoto e ameaçou invadir a embaixada de “Israel” com Forças Especiais se isso não fosse feito a tempo de salvar a vida de Meshaal. Netaniahu cedeu sob a pressão e Meshaal sobreviveu.

Mas o caso de atrito é uma exceção, apenas traçou uma linha vermelha de que o Mossad não pode atuar de forma tão escancarada no país. Passados 30 anos do acordo de Uadi Araba, o reino da Jordânia segue sendo um dos maiores aliados de “Israel” e do imperialismo da região. São, portanto, dentre os governos árabes reacionários, um dos maiores inimigos do povo palestino.

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