No sábado (20), o Estado de “Israel” bombardeou a cidade portuária do Iêmen Hodeida, ferindo mais de 80 pessoas. Foi o primeiro ataque direto da força aérea israelense ao Iêmen desde o início da guerra em Gaza em outubro de 2023. O ataque foi uma retaliação direta à operação realizada pelo Iêmen que acertou Telavive na quinta-feira (18) de noite, ferindo ao menos oito pessoas e matando um soldado da reserva.
As forças armadas do Iêmen rapidamente se pronunciaram sobre o novo bombardeio:
“O inimigo ‘israelense’ lançou uma agressão hedionda na província de al-Hodeida, alvo de vários ataques aéreos, atingindo a usina elétrica que fornece eletricidade para a cidade costeira de al-Hodeida, assim como atacando o porto de al-Hodeid e tanques de combustível, todos alvos civis.
As Forças Armadas do Iêmen confirmam que responderão a essa agressão hedionda e que, com a ajuda de Alá, não hesitarão em atacar alvos vitais do inimigo ‘israelense’, reiterando o que foi declarado em seu comunicado anterior sobre considerar a área ocupada de Yaffa como uma zona insegura.
As Forças Armadas do Iêmen, sob as diretrizes de sua liderança fiel e junto com todas as pessoas livres, orgulhosas e firmes do Iêmen, não pararão suas operações de apoio aos nossos irmãos em Gaza, independentemente das consequências e resultados. Com a ajuda de Deus Todo-Poderoso, eles estão se preparando para uma longa guerra com este inimigo até que a agressão cesse, o cerco seja levantado e todos os crimes cometidos contra o povo palestino na Faixa de Gaza sejam interrompidos.”
Este foi o primeiro ataque de “Israel” ao Iêmen desde a abertura dessa frente de guerra também em outubro de 2023. O país árabe já vinha sendo bombardeado pelos Estados Unidos e pela Inglaterra desde janeiro. Os EUA haviam organizado uma operação militar no Mar Vermelho chamada Guardiã da Prosperidade. Isso fez a marinha norte-americana se chocar diretamente com os iemenitas. O imperialismo, assim, iniciou uma campanha de bombardeios.
Com o ataque direto do Estado sionista, a tendência é de uma escalada ainda maior da situação. Ao mesmo tempo, “Israel” abre uma nova frente contra um país árabe. Na última semana, a força aérea sionista bombardeou quatro países: Iêmen, Líbano, Palestina e Síria. Mas dada a distância entre “Israel” e Iêmen, não é certo que essa frente seja permanente. Pelo histórico de ação dos iemenitas, entretanto, esse bombardeio tende apenas a aumentar suas ações militares.
O correspondente da emissora libanesa Al Mayadeen relata que as equipes da defesa civil tiveram dificuldade de extinguir as grandes chamas que surgiram após o bombardeio da usina. Fontes iemenitas revelaram também que os bombardeios foram realizados de forma coordenada entre os EUA e o Estado de “Israel”. Já a imprensa israelense afirmou que 25 jatos F-35 participaram do ataque em mais de uma investida.
Outro jornal israelense, o Yiedioth Ahronoth, afirmou que a Arábia Saudita também participou do ataque. Se isso for comprovado, o país pode se tornar alvo das retaliações do Iêmen, pois o governo do Ansar Alá já avisou diversas vezes que não aceitaria mais as ingerências dos sauditas no Iêmen.
O ministro da Defesa de “Israel”, Joabe Galante, afirmou que “o fogo que agora está queimando em Hodeidá será visto em todo o Oriente Médio e seu significado é claro. Os Hutis nos atacaram mais de 200 vezes. A primeira vez que eles feriram um cidadão israelense nós os atacamos. E nós faremos isso em qualquer lugar que seja necessário”. Já Netaniahu afirmou que o porto atacado recebia armas do Irã.
É fato que o Iêmen, até o momento, não havia ferido de forma pública um israelense. No entanto, o dano causado pelo bloqueio do Mar Vermelho foi gigantesco. O problema não foram os feridos ou a morte em si. O problema foi que o Iêmen conseguiu atingir Telavive, algo que muda a correlação de forças da guerra. Por isso os israelenses sentiram a necessidade de reagir. Mas, claramente, isso só irá aumentar os ataques do Iêmen.
A resistência dá seus avisos
O Hamas se pronunciou sobre o ataque: “o Estado ocupante será, sem dúvida, queimado pelo fogo aceso em Hodeida hoje, e os crescentes crimes sionistas mudarão toda a equação“. No Líbano, o Hesbolá também se pronunciou: “acreditamos que este passo estúpido do inimigo sionista é um sinal de uma nova e perigosa fase na confrontação em nível de toda a região“.
Já o Cataebe Hesbolá, uma das organizações da resistência iraquiana, afirmou:
“O povo iemenita e sua corajosa liderança possuem a vontade e o poder eficaz para deter as forças da arrogância, qualificando-os para humilhar os sionistas e derrotá-los, assim como fizeram antes com os americanos no Mar Vermelho. A agressão criminosa da entidade sionista contra áreas civis no Iêmen é um sinal de sua confusão, e é uma tentativa de restaurar sua arrogância, que foi desmantelada pelas forças do Eixo da Resistência, em apoio ao povo palestino.”