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Entrevista

Rui à TV 247: ‘PCO é contra o racismo por princípios’

Presidente do Partido da Causa Operária discute sobre a política nacional, sobre os Estados Unidos e sobre processos contra a organização trotskista

“O atentado, se desse certo, era uma vitória dos democratas; dando errado, era uma vitória do [Donald] Trump.”

Com essas palavras, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), resumiu sua interpretação da situação política norte-americana em entrevista concedida a Leonardo Attuch, na TV 247. “Se já aconteceu isso”, continuou Pimenta, “no restante da eleição, podem acontecer coisas alucinantes. Quanto eles mataram o rapaz [o atirador], a academia de tiro russa disse que só se eles já tivessem tido o rapaz na mira teria dado tempo de tê-lo matado naquela hora. Não se sabe nem se foi esse rapaz que atirou. Outra coisa interessante é que era o único telhado que não haviam colocado ninguém. E sabe qual foi a alegação? Que o telhado era muito perigoso para os agentes do Serviço Secreto”.

Pimenta, então, comparou o atentado a Trump com a suposta facada sofrida pelo brasileiro Jair Bolsonaro (PL):

“Não devemos confundir o caso Bolsonaro com o caso Trump. Bolsonaro procurou incriminar a esquerda, dizendo que Adélio [Bispo, suposto autor da facada] era do PSOL. Quando ocorre o atentado contra Bolsonaro, a esquerda está na defensiva, é o governo [Michel] Temer, Lula está preso e a armação contra a esquerda é grotesca. Agora, Biden não é Lula. Ele não está na cadeia. Ele é o poder. Está na cabeça do sistema de poder criminoso que financia o genocídio na faixa de Gaza. Não tem nada a ver o cenário brasileiro com o norte-americano. Não se pode falar que os democratas seriam incapazes de promover um atentado”.

Rui Pimenta também creditou parte do fracasso do atentado à própria forma como foi organizado: “se eu fosse armar um atentado, não seria com um tiro de sniper no meu ouvido ou passando de raspão. Contrataria alguém para, sei lá, explodir o meu carro cinco minutos antes de eu entrar”.

Após discutir o atentado em si, Rui Pimenta passou a analisar a luta de classes nos Estados Unidos.

“Trump faz parte de um grupo da burguesia norte-americana que é um grupo que chamam de ‘isolacionistas’. Eles querem diminuir a atuação dos EUA no cenário internacional, primeiramente por ser muito caro, mas em segundo lugar porque acabam pagando a conta e não veem a vantagem de pagar esta conta. De fato, se analisarmos a política dos EUA, ela não é uma política necessária para a segurança nacional norte-americana, nem mesmo para garantir parte dos interesses financeiros deles no mundo.”

Saindo da discussão internacional, Rui Pimenta comentou um pouco sobre o processo do qual ele e outros dirigentes do PCO são vítimas. Nessa sexta-feira (19), Pimenta prestou um depoimento à Polícia Federal em uma investigação aberta após denúncias feitas por organizações sionistas.

“Nós estamos sendo acusados de racismo, antissemitismo e apologia ao terrorismo. O PCO é contra o racismo por princípio e sempre fomos, estamos aqui há mais de 40 anos. Antissemitismo também não, sendo até meio absurdo porque o antissemitismo significa acusar o judeu de uma raça perversa. Quando se acusa um marxista de antissemitismo, deveria se falar que Marx e Trótski também eram judeus e poderiam ser de tudo, menos perversos. Por fim, os apologistas do terrorismo nos acusam de defender o terrorismo. Eles estão fazendo apologia do terrorismo de Estado dos sionistas, que formam o regime mais perverso e racista do mundo, sendo um regime de apartheid, cujo regime mais perverso nunca foi registrado da história.”

Por fim, o dirigente trotskista comentou uma das principais polêmicas da semana, que surgiu quando as redes sociais foram inundadas com memes ridicularizando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT):

“Vi um comentarista da Globo falando que tinha que regulamentar os memes por causa da campanha contra o Haddad. A burguesia não é favorável, de forma geral, à campanha contra os impostos. Aqui nós estamos vendo algo que temos dito: a oposição ao governo Lula não é mais o PSDB, mas o bolsonarismo. O PSDB não faria essa campanha, porque vai contra o interesse deles. Eles fariam campanhas contra a corrupção, sendo algo que eles fingem que são contra, mas o bolsonarismo não é assim. Ele não têm esse compromisso tão rígido com o programa neoliberal e, na minha opinião, o governo do PT abriu flanco para essa campanha. Falei que não era para sair taxando a Shoppee, e agora estão pagando o preço da coisa. O bolsonarismo está investindo dinheiro nessa campanha, mas é popular, porque parte do povo está gostando dessa campanha.”

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