Recentemente ocorreram quatro ataques sincronizados contra os índios Guarani-Caiouá nas retomadas Kunumi e Guyraroká, no município de Caarapó, retomada Lagoa Rica, Panambi, município de Douradina, localizadas no estado do Mato Grosso do Sul.
Durante os ataques pistoleiros e latifundiários com picapes e fortemente armados atuaram em plena luz do dia e contam com a conivência total do governo do estado do tucano Eduardo Riedel e seu secretário de justiça, Antônio Carlos Videira.
Os latifundiários atuaram com extrema violência atirando contra os índios para matar e espancaram os que não conseguiram fugir, deixando feridos a bala e diversas escoriações pelo corpo, incluindo um jovem que teve os braços quebrados pelos latifundiários.
E como solução para o problema, o Ministério da Justiça a pedido do Ministério Público e entidades indígenas, enviaram a Força Nacional de Segurança Pública para a região e ficar na região das retomadas para “pacificar” a região e minimizar a violência. Mas se encerrou nessa medida e os Guarani-Caiouá continuam na mesma situação, nem latifundiário ou pistoleiro foi detido, ou alguma arma apreendida.
Força Nacional só agrava a situação dos índios
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, autorizou o envio da Força Nacional de Segurança Pública para a região, com prazo de 90 dias, prorrogáveis por mais 90.
O envio da Força Nacional como medida de proteção dos índios é uma medida que não resolve e ainda pode agravar a situação de violência contra as retomadas. Isso porque num primeiro momento e no período bem curto, há uma diminuição da violência dos latifundiários.
Isso porque a denúncia e a atenção do caso evidenciam a violência na região e pode beneficiar os índios e as demarcações chamando a atenção para a situação de miséria e violência contra os Guarani-Caiouá. Mas a atuação da Força Nacional de Segurança se volta totalmente contra os índios a medida a visibilidade da situação vai reduzindo.
Um fato que deve ser lembrado é que os ataques e a violência dos latifundiários tendem a mobilizar os índios, que sempre desencadeiam em novas retomadas e ampliação de seus territórios. E a Força Nacional serve como um freio ao movimento de luta pela terra.
Os policiais da Força Nacional fazem constantemente visitas às retomadas, com abordagens contra os índios e causam pânico nas comunidades, evitando que os índios se organizem para se defenderem e ainda impeçam novas retomadas. Ou seja, funcionam como um novo aparato policial contra os índios e suas retomadas.
E existem dezenas de exemplos da Força Nacional contra os índios ou movimentos de luta pela terra, no Mato Grosso do Sul, na Bahia, no Maranhão, no Paraná e outros estados.
A única solução é a autodefesa e novas retomadas
Está claro que o governo Lula está de mãos amarradas e paralisado diante dos ataques aos índios não somente no Mato Grosso do Sul, mas em todo o país. O Ministério dos Povos Indígenas, dirigido pela psolista Sonia Guajajara está mais preocupada em receber prêmios no exterior, e no Mato Grosso do Sul, dirigido por um elemento ligado aos latifundiários e aplica uma política mais violenta contra os índios, o trata como uma pessoa ‘civilizada’ e não como um elemento da extrema direita que organiza os ataques, denunciando essa política genocida.
Mais forças de repressão ligada aos latifundiários não irá resolver em nada a violência contra os índios, pelo contrário. Diante dessa política é preciso colocar em prática uma política de organização dos povos indígenas e de sua autodefesa e uma política de retomadas massivas de autodemarcação.
Medidas judiciais, parlamentares, eleitoreiras e muito menos internacionais vão resolver a questão das demarcações e da violência dos latifundiários contra os índios. As conquistas somente ocorrerão através da mobilização e organização dos índios na base.
Os índios somente devem confiar nas suas próprias organizações de base para de autodefenderem diante de tamanha violência dos latifundiários e da polícia. É necessário formar grupos de autodefesa em todas as aldeias, retomadas e locais onde os índios se encontrem, buscando treinamento e maneiras de se defenderem regionalmente e nacionalmente. Como uma força para deslocarem pessoas nas áreas mais conflituosas para evitar novos ataques dos latifundiários e da pistolagem.
Outra medida necessária e a organização de novas retomadas em todo país para chamar a atenção para a situação dos índios e pressionar o governo e toda a esquerda a tomar medidas sérias para a demarcação e outras medidas de desenvolvimento das terras indígenas e melhorias significativas dos índios brasileiros.
A esquerda, sindicatos e movimento sociais de luta pela terra devem se somar e apoiar as novas retomadas e criação de comitês de autodefesa dos índios.
Os latifundiários atacam covardemente os índios em plena luz o dia porque sabem que possuem apoio do governo do estado e das instituições, que os índios estão vulneráveis e com poucas condições de se defenderem e a única barreira contra essa situação é colocando medo na direita dando condições para os índios se defenderem. E que caso ataques, novas retomadas irão acontecer para autodemarcação.