Desde o primeiro minuto após ter sobrevivido ao atentado ocorrido na Pensilvânia, o ex-presidente Donald Trump vem procurando tirar proveito da situação em seu favor. Nada mais natural: qualquer político faria o mesmo. Enquanto isso, seus apoiadores mais radicais acusam diretamente os democratas pelo atentado, expondo declarações de pessoas ligadas ao presidente Joe Biden que teriam estimulado uma “onda de ódio” contra Trump. A tendência, portanto, é que os trumpistas se radicalizem ainda mais após o episódio.
Do lado democrata, o jogo é mais complexo. Até o momento antes do atentado, o principal debate em torno das eleições norte-americanas girava em torno da debilidade física de Joe Biden e da disputa interna para que ele renunciasse sua candidatura. Meses atrás, um setor mais esquerdista do governo Biden, que apoia a luta do povo palestino, já havia se revoltado. As ocupações de universidades deram ainda mais amplitude a esse movimento. Agora, no entanto, a própria cúpula do Partido Democrata se encontra dividida.
Ainda que os rumos do Partido Democrata não estejam ainda definidos, é possível extrair algumas conclusões importantes de toda essa situação. A primeira delas é a de que, uma vez que o próprio aparato de segurança, ligado ao governo Biden, pode ter organizado o atentado, a conclusão natural a ser tirada é a de que os democratas não passam de uma gangue de criminosos quaisquer.
A segunda é a de que o Partido Democrata, enquanto terá de confrontar um Donald Trump fortalecido pela quase-morte, irá partir para soluções cada vez mais antidemocráticas e conspirativas.
O desenvolvimento das eleições norte-americanas expõe claramente o impasse da esquerda nos Estados Unidos. Não é possível, para um trabalhador, apoiar uma candidatura de Donald Trump por ser esse um representante da extrema direita, inimiga dos imigrantes, dos povos dos países atrasados e dos próprios trabalhadores. Menos ainda é possível apoiar uma candidatura de criminosos políticos como Joe Biden, um dos maiores genocidas da história.
É preciso, portanto, defender uma política independente e uma organização independente, com seu próprio programa e com seus métodos, rejeitando qualquer compromisso com Biden e sua turma.