A campanha salarial dos bancários deste ano está sendo “desenvolvida” dentro de um quadro político que assinala uma grande perspectiva para o conjunto da categoria. Esta perspectiva é vislumbrada por uma possível reação dos trabalhadores diante da política salarial hostil implementada pelos banqueiros.
Nos últimos anos, colocou-se em marcha uma das mais violentas políticas de ataques aos níveis de vida da categoria, que se efetivou tanto nos confiscos dos salários, como nas milhares de demissões nos bancos, tanto nos públicos, através dos famigerados PDV’s (Plano de Demissão Voluntária), como nos bancos privados com demissões sumárias.
A perspectiva de luta dos bancários é ainda mais reforçada na medida em que esses ataques assinalam também uma grande possibilidade para que o governo Lula canalize os interesses de um amplo setor da população.
No entanto, logo depois da realização dos Congressos Específicos de cada setor bancários (bancos públicos e privados) e da Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, realizados no começo do mês de junho, que reuniu bancários de todo o País, vislumbra-se que essas perspectivas de luta esbarra na política de contemporização com os banqueiros pelas direções sindicais nas mesas de negociação e, consequentemente, criam obstáculos para que não haja nenhum enfrentamento dos bancários com os banqueiros.
Um exemplo dessa política, foi o que se deu na terceira rodada de negociação, realizada na última sexta-feira (12), entre os representantes dos trabalhadores e a direção do Banco do Brasil, onde as pautas de reivindicações, mais uma vez, se dá em cima de questões secundárias e, aquelas que efetivamente são pautas que mobilizam os trabalhadores (as econômicas) ficam relegadas para um segundo plano, tais como as perdas salariais, reajuste salarial, um piso salarial que atendam os interesses da categoria, plano de cargos e salários.
Aquelas reivindicações que efetivamente dizem respeito aos interesses econômicos, como foi a questão do fim dos Caixas Executivos, a direção do banco dá um olé nos sindicalistas. Nesse caso, o BB “se comprometeu a não mexer na gratificação dos caixas durante a Campanha Nacional 2024 e negociar a pauta durante o período. A garantia foi dada pela direção do Banco do Brasil no início da terceira mesa de negociação específica da Campanha Nacional 2024 para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), na tarde desta sexta-feira (12)”. (Site Fetec 12/07/2024)
Ou seja, enquanto estiver no período de negociações os banqueiros do BB “garantem” que não haverá o fim das gratificações, mas e depois!? Todo mundo sabe que é uma política dos banqueiros em eliminar as gratificações efetivas dos caixas, e isso já acontecendo em praticamente todos os bancos, passando esses trabalhadores a exercer a função de Caixa Minuto (o funcionário só recebe a gratificação pelo tempo do serviço de caixa realizado) e, no caso do Banco do Brasil, a pergunta fica no ar: porque não mantiveram a reivindicação dos trabalhadores já neste momento!? Recentemente a justiça do trabalho decidiu cassar a liminar, impetrada pelos trabalhadores, que mantinha o pagamento dessa gratificação, o que se vê, por parte do banco, é de manter esse ataque a uma parcela importante dos bancários do BB.
Nesse sentido, para barrar a ofensiva dos banqueiros é preciso não depositar nenhuma confiança nos patrões. Somente a luta e a mobilização da categoria poderá reverter a situação pela qual os trabalhadores estão passando.
Aos bancários, só interessa a mobilização e o enfrentamento com os banqueiros e seus representantes no Estado através de uma luta séria, que é o único meio de verem seus interesses atendidos.