O atentado contra o ex-presidente norte-americano Donald Trump já se tornou um dos mais importantes acontecimentos da década. Enquanto discursava em um comício na Pensilvânia, Trump foi atingido por um tiro na orelha direita, o que poderia ter sido fatal.
Passado um dia após o atentado, começaram a surgir as mais variadas denúncias que apontavam falhas no sistema de segurança montado pelo Serviço Secreto, uma agência do Departamento de Estado com atuação dedicada a crimes financeiros e à proteção do presidente, do vice-presidente e suas famílias, bem como de ex-membros do governo federal e dos candidatos às eleições presidenciais.
“Uma falha de segurança histórica”, estampou o jornal Breitbart, mantido por apoiadores de Trump.
O Serviço Secreto é, portanto, parte do que se costuma chamar de “deep state”. Isto é, o “Estado profundo”, uma estrutura paralela ao governo norte-americano, cujos representantes não são eleitos e que atuam para garantir os interesses dos grandes capitalistas. Assim como o Serviço Secreto, a polícia federal norte-americana, o FBI, e a Central de Inteligência Norte-Americana, a CIA, são também parte do “Estado profundo”.
A atuação dessas forças ocultas da política norte-americana neste caso chamou tanta atenção que um setor chegou a criticar indiretamente o trabalho do outro. Poucas horas após o atentado, o FBI afirmou ser “surpreendente” que um atirador conseguisse disparar daquela distância sem que as autoridades ali presentes pudessem ter percebido. Esse tipo de declaração apenas abriu o caminho para que o Serviço Secreto fosse contestado das mais diversas maneiras.
Circula na Internet a informação, ainda não verificada, de que o responsável pela execução do suposto responsável pelo atentado teria dito que seus superiores pediram para que aguardassem antes de abatê-lo, dando tempo para que o atentado ocorresse. Até mesmo a emissora britânica BBC se viu obrigada a reportar que apoiadores presentes na manifestação teriam visto que os agentes do Serviço Secreto se negaram a atirar contra o franco-atirador, mesmo já sabendo de sua posição.
Para mais detalhes sobre a situação, conversamos com exclusividade com o cubano Raúl Capote, ex-agente da CIA.
“Sem dúvida ocorreram erros de segurança, é inconcebível que as áreas elevadas próximas ao local da tribuna onde Trump falaria não estivessem cobertas. Na minha opinião, ao não cobrir espaços como esses, por exemplo, as alturas próximas não agiram com todo o rigor exigido”, analisou Capote.
De fato, a ausência de agentes nos telhados foi um dos aspectos que mais chamaram a atenção neste caso. Segundo informações da imprensa, não havia um único agente nas proximidades do atirador, que estava a apenas 120 metros do palco onde estava Donald Trump.
“Numa situação dessas, com o homem atirando do telhado, sim, geralmente eliminam o atirador. Embora tivesse sido mais produtivo capturá-lo para obter informações, o fato é que ele estava matando civis”.
Capote ainda destacou que as agências do “Estado profundo” têm um longo histórico de assassinatos e tentativas de assassinatos.
“Há suspeitas sobre o assassinato de John Fitzgerald Kennedy, que teve as marca de ambos os serviços. Também a CIA preparou mais de 600 ataques contra Fidel Castro, muitos deles eles com o uso de Snipers”.
O ex-agente cubano também destacou o controle dos serviços de inteligência sobre a imprensa norte-americana: “o controle da CIA sobre a mídia é absoluto, não sairia nada que eles não autorizassem a sair”.
Por fim, Capote destacou os questionamentos que ainda permanecem em relação ao atentado contra Donald Trump:
“No mínimo, a atitude de muitos dos membros do Serviço Secreto foi muito pouco profissional, o que leva muitas pessoas a suspeitar que houve cumplicidade. Permanece a questão: cumplicidade ou trapalhada?”