Em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), o ex-soldado israelense André Lajst se queixa da conduta da Organização das Nações Unidas (ONU) frente ao genocídio em curso no Oriente Médio. Cínico como todos os sionistas, que sapateiam em cima dos ossos das vítimas do holocausto judeu para defender o holocausto palestino, Lajst procura apresentar “Israel” como uma vítima de uma conspiração global. Diz ele:
“Desde o ataque realizado pelo Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, a ONU e suas agências têm adotado uma postura bastante hostil ao país. O próprio secretário-geral da instituição, António Guterres, falhou em condenar o terrorismo do Hamas em diversas ocasiões”.
São quase nove meses de guerra. A avaliação de onde está a falha da ONU é muito fácil de constatar. Já são mais de 40 mil pessoas mortas. A maioria delas, crianças, idosos e mulheres. Nenhuma guerra matou tantos jornalistas quanto essa. Diante disso tudo, quantas tropas os países-membro da ONU enviaram para intervir no conflito e evitar a morte de civis palestinos? Que iniciativas esses países tomaram para acabar com o bloqueio econômico genocida à Faixa de Gaza? Quantas armas Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido enviaram aos grupos guerrilheiros palestinos para resistirem ao genocídio em curso? A “falha” da ONU neste caso é retumbante.
Vejamos agora o outro lado. Enquanto 40 mil civis são mortos e mais de 12 mil palestinos se encontram encarcerados, tudo o que os sionistas têm a dizer é: “é preciso condenar o terrorismo do Hamas”. Quanto a isso, não há como negar que há um grande esforço dos países-membro para que se cumpra o apelo de sádicos como o senhor Lajst. Basta ver o tratamento que os Estados Unidos estão dando aos estudantes que se manifestam em favor da resistência palestina. Basta ver o caso do jovem dirigente João Caproni Pimenta, do Partido da Causa Operária (PCO), que é alvo de duas notícias-crime por ter pedido uma salva de palmas para o Hamas. Para perseguir os grupos que estão lutando de armas na mão contra o genocídio, a ONU não tem “falhado”.
Pode-se dizer, na melhor das hipóteses, que a ONU apenas não tem atuado de maneira tão agressiva contra os palestinos quanto os sionistas gostariam. Mas isso sequer é um problema ideológico. As ações e declarações de figuras como António Guterres não são nada senão o reflexo da enorme pressão da comunidade internacional sobre o Estado de “Israel”.
Quisesse a ONU pôr fim à guerra, já teria feito. Quisesse desmantelar o sionismo, já teria feito. Afinal, sem o apoio dos países que controlam a ONU, “Israel” não conseguiria sobreviver nem mesmo por uma semana. E é assim desde o início: quem estabeleceu as condições jurídicas para que “Israel” existisse foi a própria ONU. Diante do desgaste do Império Britânico na tentativa de conter os movimentos revolucionários árabes, a ONU apareceu como a grande salvação para os planos do sionismo, que foi contemplado, em 1948, com um território que pertencia a outro povo.
A gritaria de Lajst contra a ONU revela duas coisas interessantes. A primeira delas é o desespero do sionismo. Afinal, só faz sentido reclamar que um aliado não está lhe dando apoio suficiente quando se é muito fraco. A segunda é a de que o sionismo é um movimento de pessoas de extrema direita. Ao criticar a ONU por sua passividade diante do genocídio, Lajst está, na verdade, admitindo que gostaria de ver um massacre ainda maior praticado pelos israelenses. Para ele, monstruosidades como o ataque das tendas em Rafá foi pouco. Certo mesmo seria a ONU ajudar “Israel” a limpar por completo a Faixa de Gaza.