O compositor russo Igor Stravinsky lançou em 1910, na Ópera de Paris, a obra de balé e concerto orquestral entitulada Firebird ( L’Oiseau de Feu ). A orquestra foi um sucesso imeditado e foi replicada por diversos outros compositores que sucederam Stravinsky no decorrer da história.
A peça dá vida e anima espírito ao tradicional folclore fantástico da literatura russa. O comitê responsável pela idealização da história da peça bebeu inspirações da fonte de inúmeros contos de fada russos, mas foi o livro “O Pequeno Cavalo Corcunda”, de Piotr Pavlovich, que cativou especial admiração. Os elementos arquetípicos fantasiosos, de um czar feiticeiro possuído pela malícia de seu próprio coração e uma donzela princesa que permanece guardada em um castelo como um tesouro, coloriram o contraste de bem e mal típicos das histórias do povo russo.
De infância conturbada, que ele mesmo definiu por “durante minha infância, não conheci ninguém que tivesse real afeição por mim”, Igor Stravinsky cresceu em São Petersburgo, na Rússia, e para ele estava reservado um futuro como advogado. Entretanto, ao longo de quatro anos, só assistiu a cinquenta aulas da faculdade de Direito, comprovando seu desinteresse por uma área que ele não considerava ser sua profissão.
Foi somente em 1920, quando se mudou para a França, que ele teve real e profundo estudo sobre a teoria musical e começou a redigir as obras musicais que mais tarde viriam a ser reconhecidas na linha cronológica de seus feitos épicos.
Sua paixão artística se focou logo no folclore russo, que foi a ambientação de algumas de suas obras, como a já citado Pássaro de Fogo. Posteriormente, a sua curiosidade não poderia deixar de lhe levar até os autores clássicos, que serviram de ponte também para que Stravinsky se debruçasse sobre a liturgia latina. Com esse tom religioso, no final de sua vida, chegou a encenar as escrituras hebraicas em Abraão e Isaac.