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Direitos democráticos

A aliança entre a extrema direita e a esquerda identitária

Estes casos revelam que os métodos usados pela esquerda identitária na realidade são os métodos do próprio imperialismo, e assim também da própria extrema direita

O desenvolvimento da crise vem servindo para revelar quem de fato são os setores que defendem problemas fundamentais como a liberdade de expressão, o direito à organização, e levam à frente uma real política de defesa dos interesses da população. Por outro lado, revela também a demagogia e a política pró-imperialista que acompanha as políticas de dois setores antagônicos em sua aparência: a esquerda pequeno-burguesa identitária e a extrema-direita supostamente anti-identitária.

A esquerda identitária ganhou destaque na última década pela suposta luta intransigente em defesa das minorias. Essa luta se mostrou cada vez mais demagógica e superficial quando as principais preocupações destes setores não se concretizaram em lutas reais pelos direitos da mulher, a questões fundamentais como aborto, ou pela defesa de princípios básicos da luta dos trabalhadores, como o direito à liberdade de expressão, se mantendo meramente na luta moral e na tentativa de impor por meios judiciais suas próprias ideias ao restante da população.

Este desenvolvimento só foi possível graças ao apoio dado pelo imperialismo a essa política. O imperialismo viu no financiamento da esquerda identitária a possibilidade de criar um grupo político que atraísse setores oprimidos por meio de uma demagogia, enquanto emplacava uma política de perseguição e censura a seus opositores. O resultado desta política foi o crescente apoio deste setor ao Judiciário, o fortalecimento da censura em nome da “defesa da população” e a tentativa de impor questões morais à população, independente de suas crenças ou ideologias. 

Por outro lado, a extrema direita cresceu fazendo uma suposta oposição a tudo isso. Devido ao vácuo deixado pela esquerda, a extrema direita se fortaleceu no mundo na defesa de uma suposta liberdade de expressão, na suposta defesa das liberdades políticas e na defesa de uma moral religiosa. No entanto, com o desenvolvimento da crise ficou claro que esta suposta defesa democrática por parte da extrema direita não passava de mera demagogia. Na medida em que a luta política se acirrou, a esquerda identitária e extrema-direita supostamente não identitária passaram a defender os mesmos métodos de censura e perseguição política.

O caso que envolve a Palestina é um bom exemplo disso. Do dia para a noite a extrema direita deixou de ser aquela que defendia a total liberdade de expressão e passou a acusar todos os que denunciam o sionismo como “antissemitas”, muito semelhante aos gritos de “homofóbicos, racistas, misóginos” dos setores identitários, justificando o início de uma enorme perseguição a todos os opositores de “Israel”. 

“Antissemitismo é crime” passou a defender a extrema-direita, que dia após dias passou a se utilizar da justiça para processar e perseguir todos seus opositores.

Na tentativa de impor sua moral religiosa, a extrema direita bolsonarista abriu o debate do aborto no Congresso. O caso mais uma vez chamou a atenção, em mais uma situação onde a extrema direita, tal como agiram os identitários, tenta emplacar novas leis para defender seus preceitos.

Indo além, as reações de deputados bolsonaristas, como Damares Alves, são cada vez mais censuradores. A própria senadora, ao ser criticada na imprensa burguesa, entrou na justiça com uma série de processos afirmando estar sendo “caluniada” e inclusive sofrendo pelo suposto crime de “machismo”. O mesmo vale para demais agrupamentos como MBL, que cresceram durante o golpe afirmando serem os defensores da liberdade e hoje imploram aos tribunais da burguesia novas multas, censuras e perseguições a todos os que os criticam nas redes sociais.

Estes casos revelam que os métodos usados pela esquerda identitária, na realidade, são os métodos do próprio imperialismo, e assim também da própria extrema direita. Revela também que ambos os setores não possuem princípios políticos reais, mas agem por conveniência.  Cada um defende seus próprios interesses, os quais quer que a população os aceite à força.  

 

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