A senadora do Republicanos, ex-ministra do governo Bolsonaro, Damares Alves, apresentou nesta quinta-feira uma queixa-crime contra o colunista do jornal O Globo, Bernardo Mello Franco, por ser sido descrita como “dublê de senadora” em um artigo do jornal.
Damares se apoia no chamado crime contra honra, além do curioso crime de “violência política contra mulher”. O caso já foi registrado do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e agora aguarda julgamento.
O texto escrito pelo colunista do jornal da burguesia era intitulado “Senado vira palco de teatro macabro em sessão de bolsonaristas sobre aborto”, e seu conteúdo criticava a sessão no Senado Federal que teve a participação da contadora de histórias Nyedja Gennari.
Na ocasião, a atriz encenou um feto protestando contra seu próprio aborto e Damares aproveitou a oportunidade para criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em relação ao caso, o colunista escreveu:
“A dublê de senadora e pastora Damares Alves aproveitou para criticar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Em maio, ele suspendeu uma resolução do Conselho Federal de Medicina que impedia a prática da assistolia”.
Conforme a queixa-crime, o colunista teria cometido injúria “de forma extremamente grosseira” ao usar se referir a ela como “dublê de Senadora”, atingindo assim sua honra e “menosprezando sua posição de parlamentar legitimamente eleita, justamente por ser mulher e pastora”, conforme explica a peça.
O caso é grotesco e mostra a farsa que é a campanha levada à frente por parte dos bolsonaristas em defesa da liberdade de expressão. Damares é mais uma representante do bolsonarismo que utiliza dos meios de censura e perseguição política contra aqueles que falam a respeito dela mesma.
O suposto crime cometido pelo colunista por si só já é uma bizarrice. Da forma com que é colocado o problema, jamais um jornalista poderia criticar ou denunciar um político, uma figura pública, pois isso por si só incorreria no suposto crime da calúnia e difamação. Como não bastasse, Damares, que supostamente se coloca contra o identitarismo no plano dos costumes, utiliza dos mesmos artifícios na hora de perseguir e censurar jornalistas. A colocação de que, além de difamação, o colunista teria cometido o suposto crime de “violência política contra mulher”, mostra a que serve as mais diversas leis repressivas apoiadas pela política identitária. Na hora da justiça entrar em ação, a lei favorece Damares na perseguição e na censura contra adversários políticos.
No fim, o caso de Damares revela que de defensores da liberdade de expressão a direita bolsonarista não possui nada. São, tal como a direita tradicional, amantes da censura, da perseguição política e contrários à liberdade de expressão.