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Brasil

Lula denuncia Lava Jato: jamais conseguirão destruir a Petrobrás

O comentário de Lula foi feito na ocasião da posse de Magda Chambriard, nova presidente da Petrobrás

Nessa quarta-feira (19), por meio de sua conta oficial no X (antigo Twitter), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “a operação Lava Jato mirava, na verdade, o desmonte e a privatização da Petrobrás”, ressaltando que “não conseguiram destruí-la [a Petrobrás]. Jamais conseguirão”:

“Com o falso argumento de combater a corrupção, a operação Lava Jato mirava, na verdade, o desmonte e a privatização da Petrobras. Se o objetivo fosse de fato combater a corrupção, que se punissem os corruptos, deixando intacto o patrimônio do nosso povo. O que queriam mesmo era, mais uma vez, entregar esse extraordinário patrimônio nas mãos das petrolíferas estrangeiras. Era isso que queriam: o desmonte da Petrobras. Os estragos foram muitos em todo o ecossistema da produção de petróleo. Fatiaram a Petrobras, venderam refinarias e ativos importantes, a exemplo da BR Distribuidora. E mesmo assim não conseguiram destruí-la. Jamais conseguirão”, disse o presidente.

O comentário de Lula foi feito na ocasião da posse de Magda Chambriard. Indicada por Lula após a demissão de Jean Paul Prates, Chambriard já havia sido aprovada enquanto presidente da Petrobrás, mas, na quarta-feira (19), foi feita uma cerimônia simbólica para firmar sua presidência.

Durante o evento, o presidente brasileiro também deu uma declaração parecida, destacando que “a farsa que sustentou a Lava Jato foi desmontada, e aqui estamos de volta para reconstruir a Petrobrás e o Brasil”.

“A operação Lava Jato na verdade mirava o desmonte e a privatização da Petrobrás. O que fizeram foi tentar destruir a imagem da empresa, e a imagem vale tanto quanto o produto […] A quantidade de mentiras que se contou sobre essa empresa, que o Brasil recebia 24 horas por dia… E o mais grave é que não tem volta. O Getúlio Vargas morreu porque fizeram uma denúncia de corrupção contra ele, e, depois que se matou, nunca se provou nada. Nunca”, afirmou.

Em seu discurso, a nova presidente da estatal destacou que sua gestão estará alinhada com a visão que o presidente Lula e o governo federal têm para a petroleira:

“A missão encomendada pelo presidente foi a de movimentar a Petrobras, que impulsiona o PIB do país, e gerir a Petrobras com respeito à sociedade brasileira. E ele disse bem assim: ‘eu tenho grande carinho pela Petrobras, a sociedade brasileira ama a Petrobras e eu também amo. Não quero confusão na empresa’

[…]

Nossa gestão está totalmente alinhada com a visão do nosso presidente Lula e do governo federal, afinal, eles são os nossos acionistas majoritários”, afirmou.

Cabe ressaltar que esta foi a primeira vez em 12 anos que um presidente da República participou do evento de posse de um presidente da Petrobrás. Além de Lula, o evento contou com a presença da primeira-dama e de outros sete ministros: Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Economia), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Margareth Menezes (Cultura), Marcio Macedo (secretário-geral da Presidência) e Laércio Portela (ministro interino da Secretaria de Comunicação Social). Também participaram membros da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

A decisão de organizar um evento deste tamanho já levantou preocupações na imprensa burguesa. Míriam Leitão, por exemplo, uma das principais colunistas do jornal O Globo, afirmou que “o governo quis dar um peso a nova gestão, como se finalmente estivesse no comando e Magda deixou claro que está pronta a cumprir a tarefa”.

Novos investimentos

Ainda no evento, Chambriard enumerou algumas de suas prioridades para o próximo período no que diz respeito ao desenvolvimento da Petrobrás. A presidente da empresa afirmou que quer acelerar o plano de investimentos da estatal para os próximos anos: “ainda esse ano vamos iniciar a plataforma de Mero 3 e vamos antecipar o início da produção do mar do Espírito Santo”.

Ademais, ela afirmou que sua gestão tem interesse em ampliar os investimentos em parques de refino, com foco em “eficiência”. Nesse sentido, ela citou a implantação do Trem 2 da refinaria Abreu e Lima, medida que reduziria a importação do diesel.

Além disso, Chambriard disse que existem esforços para um programa de construção de navios que garante “confiabilidade operacional e geração de valor” tanto para a Petrobrás, quanto para o setor naval brasileiro como um todo.

Por fim, ela destacou os investimentos que serão feitos no setor de fertilizantes. “A nossa retomada do setor de fertilizantes tem uma razão cristalina: eles são uma boa oportunidade para ampliar significativamente o mercado de gás. O gás e o nosso produto”, disse.

No dia 6 de junho, a Petrobrás, já sob comando de Chambriard, anunciou que sua Diretoria Executiva aprovou o retorno das atividades operacionais da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (ANSA), subsidiária da companhia. Segundo a FUP, a ANSA havia “sido hibernada pelo governo de Jair Bolsonaro em 2020, deflagrando uma das maiores greves da história da categoria”.

Margem Equatorial

No evento, Magda Chambriard destacou, mais uma vez, que pretende seguir em frente com a exploração da Margem Equatorial:

“Para financiar a transição são fundamentais investimentos em exploração e produção, que geram os maiores retornos para a companhia. Não existe falar em transição energética sem falar quem paga a conta, que será o petróleo […] A transição energética justa passa por reposição. Nessa linha, é fundamental desenvolver a Margem Equatorial. Mas vamos desenvolver com rigorosos padrões de segurança e com processos de licenciamento”, disse a presidente.

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, apoiou a política defendida por Chambriard, afirmando que “a pesquisa da Margem Equatorial é questão de soberania nacional e de responsabilidade com brasileiros e brasileiras”. No começo de seu discurso, aliás, a nova presidente da Petrobrás agradeceu “pela confiança” de Silveira, a qual chamou de seu “ministro de contato”.

Mais cedo, ainda na quarta-feira, o ministro Alexandre Silveira já havia defendido a exploração de petróleo na região, afirmando que esta é a posição “majoritária” entre os membros do governo federal.

“Nós temos que avançar e ter o diagnóstico e soberanamente decidirmos sobre a exploração ou não, com o avanço da transição energética, dessas potencialidades. Essa é a minha visão como ministro de Minas e Energia e posso afirmar que é a visão majoritária no governo do presidente Lula”, afirmou o ministro em declaração à Comissão de Minas e Energia na Câmara dos Deputados.

As declarações de Silveira e de Chambriard vão ao encontro do que o presidente Lula afirmou durante entrevista para a CBN na última terça-feira (18). O presidente brasileiro ressaltou que o Brasil não perderá a oportunidade de explorar petróleo na região, afirmando que “enquanto a transição energética não resolve o nosso problema, o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo”.

“Em algum momento, eu vou chamar o Ibama, a Petrobras e o Meio Ambiente na minha sala para tomar uma decisão. Esse país tem governo, e o governo reúne e decide. Se as pessoas podem ter posições técnicas, vamos debater tecnicamente. O que não dá é a gente dizer a priori que a gente não vai explorar uma riqueza que, se for verdade as previsões, é uma riqueza muito grande para o Brasil”, disse Lula.

Antes disso, em evento no dia 12 de junho, ele já havia voltado a defender a exploração na Margem Equatorial:

“Queria dizer aos meus companheiros sauditas, ministros e empresários de forma muito taxativa. A nossa Petrobras está quase disputando com a Aramco [petrolífera saudita]. Na hora que começarmos a explorar a Margem Equatorial, vamos dar um salto de qualidade extraordinária. Queremos fazer tudo legal, respeitando o meio ambiente, mas não vamos desperdiçar nenhuma oportunidade de crescer.”

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