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Editorial

‘Fogo amigo’ e da direita contra Lula

Votação no Copom, por unanimidade, reflete o aumento do cerco da direita contra o governo

Em meio a uma intensa campanha a favor de cortes no orçamento federal, com recursos minguados para as necessidades do povo trabalhador e muito benevolentes com os vorazes apetites dos banqueiros sanguessugas que levaram em média de 45% dos recursos públicos nos últimos anos (quase R$1.900.000.000.000 só no ano passado), a pretexto do pagamento de juros e serviços da fraudulenta dívida pública; o Conselho de Política Monetária (Copom) votou, por unanimidade (9 x 0), a favor da manutenção da taxa de juros (Selic) em 10,5%, uma das duas maiores do mundo em termos reais.

O “mercado” (leia-se banqueiros e especuladores) e o PIG (Partido da Imprensa Golpista) comemoraram a medida. Ela mostrou uma aliança entre os representantes de todas as alas da direita: do bolsonarista presidente do Banco Central, Campos Neto; dos “técnicos” do mercado apoiadores da “terceira via”, a tradicional direita golpista neoliberal; e até dos indicados pelo governo Lula para o Copom, pessoas de confiança da ala direita do governo e do “mercado”. Uma aliança, em primeiro lugar, em favor da política de estrangulamento da economia nacional, em favor dos parasitas do mercado financeiro.

Não se trata de um “raio em céu azul”. Pelo contrário, nos últimos dias, intensificaram-se os ataques contra o próprio presidente, de fora e de dentro do governo.

Na área econômica, a direita procura “espremer” Lula contra a parede para que aceite a política neoliberal de realizar pesados cortes nos já reduzidos gastos com saúde, educação, previdência etc., penalizando a população pobre, os servidores públicos e toda a classe trabalhadora. Isso depois de levar o governo a apoiar medidas impopulares e reacionárias como a taxação da importação do que o próprio presidente chamou de “bugigangas” e a manter “congelados” (0% de aumento) os salários de centenas de milhares de servidores, incluindo os das universidades e institutos federais, há mais de três meses em greve contra essa política.

Não bastasse a direita deter postos fundamentais, como o absurdo comando do Banco Central – em aberta violação até mesmo ao preceito constitucional de que “todo o poder emana do povo” – graças à política de dependência e submissão do Bacen aos banqueiros, mal disfarçada de “autonomia”; esta política anti-povo é impulsionada de dentro do governo.

E os responsáveis por isso são os verdadeiros cavalos de Troia que, travestidos de apoiadores de Lula, entraram em postos chaves do governo Lula para defender ferrenhamente o oposto dos interesses nacionais e do povo trabalhador. Uma política contrária àqueles que lutaram contra o golpe e de fato foram os responsáveis pela eleição do presidente: as organizações de luta dos trabalhadores do campo e da cidade e demais organizações dos explorados. É o caso da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB).

Não por acaso, dia atrás, o principal dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, deu “nota três” para o governo na questão da reforma agrária que, como outras medidas de interesse do povo trabalhador, está paralisada diante das pressões da direita.

Essa mesma direita, também junto com setores da “base” que integra o governo, rejeitou nos últimos meses iniciativas do governo que buscam recursos para alguns dos seus projetos sociais, como o fim da desoneração da folha de pagamento de 17 setores que ganharam bilhões nos últimos anos, mas não garantiram empregos e ainda reduziram salários.

O presidente sente os ataques e, por isso mesmo, passou a disparar contra o cerco que lhe é imposto e contra as medidas contra o povo, como os cortes nos reajustes dos pisos da Saúde e Educação, entre outros, propostos por seus aliados. Como diz o ditado popular, “quem tem amigos assim, não precisa de inimigos”.

A iniciativa retórica do presidente e de alguns aliados reais da esquerda parlamentar, por sua vez, é combatida pela canalha imprensa golpista e de modo algum é suficiente para enfrentar e conter a direita que vai impondo sua política, como se vê na decisão do Copom por unanimidade.

A sabotagem do governo procura minar, também, iniciativas que criem condições de abrir alternativas de desenvolvimento diante do avanço da crise capitalista em todo o mundo. É o caso da campanha contra a exploração do petróleo brasileiro por parte da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), dentre outros.

Os mais de 400 “picaretas” do Congresso Nacional, liderados por Lira e Pacheco (indevidamente apontados como aliados), ajudam seus “donos” do mercado financeiro, do latifúndio e de toda a burguesia golpista a empurram o governo ladeira abaixo.

No campo político, é evidente que a direita prepara uma ofensiva ainda maior para depois das eleições, o que é facilitado pela política do PT e de toda a esquerda pequeno-burguesa de evitar o enfrentando com a direita que cerca o governo Lula. Em muitas cidades importantes, o próprio PT adotou uma política suicida, abrindo mão de candidaturas próprias e apoiando notórios inimigos dos trabalhadores e de suas lutas, que se disfarçam de apoiadores de Lula, mas não são mais do que abutres, aproveitadores que buscam se apoiar no prestígio do presidente e na paralisia do PT para realizar o desejo do regime golpista de reduzir a influência do PT e até esmagar o partido, como parte da política de conter a reduzida participação política dos trabalhadores no regime atual.

Em tais circunstâncias, a “conta” a ser apresentada após as eleições e o cerco contra o governo só tende a aumentar.

É preciso reagir antes que seja tarde. Colocar para fora os que sabotam o governo e, principalmente, colocar em ação a principal arma contra o cerco da direita: a mobilização dos trabalhadores e da juventude e de suas organizações de luta.

Isso só pode ser feito com base em uma política de enfrentamento com a direita reacionária. Com um programa oposto aos que defendem os serviçais dos banqueiros e outros sanguessugas de dentro e de fora do governo.

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