Nesta terça-feira (18), houve a entrega da minuta de reivindicações da categoria bancária para os banqueiros representados pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). Da mesma forma que acontece em todas as campanhas salariais dos trabalhadores, os banqueiros não terão nenhuma disposição em atender as reivindicações dos bancários, tais como aumento real de salários, estabilidade no emprego, piso salarial no valor de R$7 mil etc.
Todo mundo sabe que os banqueiros “choram de barriga cheia”. Somente no ano de 2023 os banqueiros lucraram nada menos do que R$145 bilhões. Os lucros dos banqueiros perto do índice da campanha salarial dos bancários deste ano aponta a farsa da campanha salarial organizada pela burocracia sindical.
A proposta da burocracia se resume a um reajuste miserável de INPC + 5% de ganho real, além de uma PLR (Participação nos Lucros e Resultados) maior (sabe-se lá o que significa isso).
Para garantir que a campanha salarial ocorra bem para os banqueiros, a burocracia sindical transformou a campanha salarial em meros rituais burocráticos que excluem a maioria da categoria da campanha.
A campanha ocorre sem o controle da base. Os principais eixos da campanha salarial foram decididos em meio a uma mínima parcela da categoria, na Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, realizada em São Paulo, em junho, que contou com a presença de cerca de 600 delegados.
Diante da crise que atinge a categoria com demissões em massa e perdas salariais, os bancários ficam reféns da burocracia sindical da CUT, CTB, Conlutas e Intersindical à frente dos aparelhos sindicais das federações e confederações dos trabalhadores bancários. Estes aparelhos burocráticos, que estão na contramão da luta dos trabalhadores, apresentam uma pauta que não corresponde aos reais interesses da categoria.
A divisão da categoria é o instrumento de enfraquecimento da luta dos bancários, ajudando os patrões na política de demissões e o arrocho salarial das últimas décadas.
O divisionismo da categoria, entre bancos públicos e privados, é defendido, principalmente, pelos setores de se dizem de oposição (PSTU, PSOL, UP), através da proposta do fim da mesa única, proposta essa que vai no sentido de acabar definitivamente com a campanha salarial dos bancários e que se opõe totalmente à ideia de unificação da categoria.
No lugar de mobilizar as centenas de milhares de trabalhadores, a “oposição” propõe mesas de negociações separadas entre os bancos públicos e privados.
Ao separar o setor com maior possibilidade de mobilização da categoria (BB, CEF, Bancos Regionais e os Bancos de Desenvolvimento) do conjunto dos trabalhadores, a “ala esquerda” da burocracia evita uma mobilização real da massa dos bancários. De tal forma, aprofunda a política levada adiante pelo conjunto da burocracia sindical.
A divisão da categoria é um ponto-chave para a derrota da categoria em diversas campanhas.
É mais do que evidente que uma questão central para os bancários é a unificação da categoria num amplo processo de mobilização, que se expresse num verdadeiro programa de luta da categoria, ou seja, a luta por um salário que corresponda às reais necessidades dos trabalhadores.
A unificação da categoria deve superar velhas campanhas burocráticas. A mobilização dos trabalhadores deve ter como eixo a realização de grandes assembleias e encontros nacionais de bancários com ampla participação de base, eliminando os filtros usados hoje pela burocracia, colocando o movimento paredista sob o controle dos trabalhadores.