O primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, anunciou, nessa segunda-feira (17), a dissolução do Gabinete de Guerra, criado logo após o início da operação Dilúvio de Al-Aqsa, em 7 de outubro de 2023. Os ministros do Gabinete de Guerra Benny Gantz e Gadi Eisenkot, membros da coalizão Unidade Nacional, abandonaram o governo após exigirem um “plano de ação” pós-guerra para a Faixa de Gaza aprovado até o último dia 8. A legenda encontrava-se na oposição ao Likud (partido de Netaniahu) até a ação liderada pelo Hamas contra os invasores da Palestina, porém, uniu-se ao governo a pretexto de unificar “Israel” contra a Resistência Palestina.
No dia 9, em um discurso proferido à TV israelense, Gantz anunciou sua renúncia, declarando-a uma decisão “dolorosa”. “Deixar o governo é uma decisão complexa e dolorosa“, disse, acrescentando, porém, que “Netaniahu está nos impedindo de avançar rumo a uma verdadeira vitória“. Ele destacou que o regime israelense estava lidando hesitantemente com questões existenciais com base nos interesses políticos de alguns.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, “a medida [dissolução do gabinete de guerra] deve ter mais repercussões políticas”, uma vez que “impede que a ala mais extremista do governo ganhe assentos no órgão — o que desagradaria a aliados importantes, como os Estados Unidos”, considerou um dos principais órgãos do imperialismo no País. “A saída dos centristas”, continuou a Folha, “o premiê enfrentava pressão para incluir nas cadeiras vagas representantes da ala de ultradireita da coalizão do governo, que inclui os ministros Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional), dos partidos Sionismo Religioso e Força Judaica, respectivamente”, conclui.
À direita do próprio Likud, Smotrich e Ben-Gvir exigem que “Israel” mantenha os bombardeios criminosos contra Gaza, mesmo com toda a crise internacional aberta pelos ataques sionistas. Principal sustentáculo da ocupação sionista, os EUA pediam a formação de um novo Gabinete de Guerra com líderes dos partidos da coalizão, o que foi recusado pelo Knesset (o parlamento israelense). “O gabinete estava no acordo de coalizão com Gantz, a pedido dele. Assim que Gantz saiu, não há mais necessidade de um gabinete“, declarou Netaniahu ao órgão de imprensa sionista The Jerusalem Post, conforme repercutido pelo sítio libanês Al Mayadeen.
Segundo o mesmo órgão, no domingo (16), o primeiro-ministro de “Israel” teria dito, em reunião semanal do gabinete, que, “para atingir o objetivo de eliminar as capacidades do Hamas, [ele] tomou decisões que nem sempre eram aceitáveis para o escalão militar“. “Temos um país com um exército e não um exército com um país“, acrescentou.
Segundo a emissora catarense Al Jazeera, a decisão pode ter sido influenciada pela necessidade de controlar a extrema direita sionista. “Um novo gabinete de guerra com grande influência de Smotrich e Ben-Gvir teria testado ainda mais as relações com os parceiros internacionais, principalmente com os EUA, que pediram que os militares israelenses se abstivessem de uma invasão terrestre total da cidade de Rafá, no sul do país, e que aumentassem as remessas de ajuda”, escreveu.
Espera-se agora que o primeiro-ministro israelense faça consultas sobre a guerra de Gaza com um pequeno grupo de ministros, incluindo o ministro da Defesa, Yoav Gallant (do Likud), e o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer (idem), que faziam parte do Gabinete de Guerra.
A resistência palestina, naturalmente, repercutiu a crise interna de “Israel”. É o caso do escritório de imprensa do Movimento Mujahideen Palestino, que, em nota publicada na segunda-feira (17) caracterizou as renúncias como “extensão do fracasso” da ocupação sionista:
“A dissolução do chamado ‘gabinete de guerra sionista’ hoje, após as renúncias de Gantz e Eisenkot, reflete a extensão da confusão, do fracasso e da profunda crise dentro das instituições da entidade sionista, apesar do apoio internacional ilimitado à entidade e do genocídio em curso contra nosso povo.
A crise e o fracasso político sionista decorrem de contínuos fracassos militares e de inteligência em campo por mais de oito meses de agressão brutal a Gaza.
Essa etapa demonstra claramente o fracasso dos objetivos da guerra sionista contra Gaza e sua resistência, que foi resultado da firmeza e dos sacrifícios de nosso bravo povo, que frustrou os planos de deslocamento e expulsão, bem como da perseverança e das inovações contínuas de nossa orgulhosa resistência no campo de batalha.”
O canal no Telegram das Brigadas Al-Qassam (braço militar do partido revolucionário Hamas) ironizou a crise no governo sionista, repercutindo uma declaração do líder da oposição israelense, Yair Lapid. “Urgente”, escreveu o canal, “o governo deveria ter sido dissolvido em vez do Gabinete de Guerra”, concluiu.
A colocação do Movimento Mujahideen Palestino não poderia ser mais acertada. Submetido a uma severa e crescente pressão externa e interna, o governo Netaniahu enfrenta uma crise de características terminais, que, por sua vez, estende-se ao próprio Estado nazista de “Israel”, precipitando o fim da ocupação criminosa da Palestina e o seu restabelecimento como uma nação independente e soberana. A ofensiva desencadeada pela Resistência Palestina e liderada pelo Hamas foi fundamental para a crise de morte de “Israel” se escancarar, levando, com isso, a própria ditadura mundial do imperialismo a seu fim.