Na Cisjordânia, território governado pelo fantoche israelense da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, a organização da resistência armada tem crescido seguindo o exemplo de Gaza.
Segundo matéria do sítio The Cradle, diante desse cenário “Israel” trabalha com membros do governo da AP como o chefe do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Hussein al-Sheikh e o chefe do Coordenador de Atividades Governamentais de “Israel” nos Territórios (COGAT) major-general Ghasan Alian para implementar um método de perseguição aos combatentes da resistência e aos funcionários da Autoridade Palestina que porventura os apoiarem.
“Israel” estaria buscando criar uma tensão cada vez maior entre a AP e os combatentes armados da resistência por meio de assassinatos seletivos de combatentes ligados a pessoas do alto escalão da Autoridade Palestina, como ocorreu no caso do assassinato de Jihad Ishhadeh de 24 anos, líder das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa e filho do Brigadeiro-General das Forças de Segurança da AP.
Desde que a operação Dilúvio de al-Aqsa foi deflagrada cresceu o número de assassinatos na Cisjordânia ocupada, chegando a 530 assassinatos nos últimos 8 meses, um número que não se via desde a segunda Intifada.
Nesse sentido, os combatentes da resistência na Cisjordânia fortaleceram a sua atuação, inclusive com equipamentos mais eficazes e o planejamento de emboscadas mais complexas.
A organização da Sala de Operações Conjuntas das Facções de Resistência
Os grupos de resistência que atuam hoje na Cisjordânia foram unificados no contexto de uma batalha de 11 dias promovida pelo Hamas em maio de 2021 contra os militares israelenses. A partir daí foi se formando a denominada Unidade de Frentes ou Sala de Operações Conjuntas das Facções de Resistência, uma articulação entre várias forças distintas que atuam pela resistência palestina a “Israel”.
Nesse desenlace o mais proeminente agrupamento de forças de resistência na região, denominado Brigadas de Jenin foi organizado pelo braço armado da Jiade Islâmica Palestina (JIP), as Brigadas al-Quds no Campo de Refugiados de Jenin.
Apesar da liderança da Jiade Islâmica rapidamente as Brigadas de Jenin passaram a abrigar combatentes de outras organizações como das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, que racharam com a Fatá, membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Frente Democrática para o Libertação da Palestina (FDLP) e até do braço armados do Hamas.
Desde o surgimento dessa articulação de forças na Cisjordânia, “Israel” tem trabalhado pela sua desarticulação promovendo inúmeros assassinatos para evitar a disseminação dos grupos de resistência na Cisjordânia para além da cidade de Jenin.
No entanto, a violência dos militares israelenses acabou promovendo o efeito contrário e organizações da resistência começaram a se fortalecer também nas cidades de Nablus e Tulcarém.
As Forças da Resistência e a Autoridade Palestina
Ao contrário das relações entre os diversos agrupamentos da resistência, a relação com a Autoridade Palestina é tensa em todo o território ocupado.
Enquanto que em Jenin muitos combatentes da resistência contam com a ajuda de ex – funcionários da AP que decidiram seguir o caminho da luta armada, contribuindo para uma crescente articulação entre a resistência e as Forças de Segurança da Autoridade Palestina, na cidade de Tulcarem aconteceu uma situação bastante diferente.
As Brigadas de Tulcarem operam com uma tensão maior frente a AP e muitos de seus combatentes foram mortos pelas próprias forças de segurança de Mahmoud Abbas.
A tensão lá é um tanto maior pelo fato de que combatentes do Hamas fariam parte da composição das Brigadas de Tulcarem o que aparentemente teria acirrado os ânimos da AP que tem pouca tolerância com qualquer pessoa pertencente ao Hamas.
Mas independente do motivo menor, a questão política é clara. O Estado de “Israel” controla a AP e tenta criar um confronto da resistência com as forças de segurança palestinas para desviar os ataques contra os militares sionistas. Até então nenhuma organização caiu nesse golpe, apesar de todas as provocações da AP, que incluem prisões e assassinatos de membros da resistência.