A comparação entre sionismo e nazismo incomoda os sionistas. Finalmente, o holocausto dos judeus, promovido pelos nazistas, é o pretexto utilizado pelos sionistas para justificar todo o morticínio que eles mesmos têm causado na Palestina desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Trata-se de uma espécie de “passaporte moral” para cometer todo tipo de atrocidades. Os sionistas são os precursores dos identitários, nesse sentido. A ex-ativista sionista Donna Level afirmou: “Quando eu era uma jovem ativista do Sionismo na faculdade, eu fui para um treinamento de hasbara (propaganda) no Consulado de Israel. Lembro-me de ficar chocada que uma das coisas que nos ensinavam era que quando alguém argumentasse contra Israel, não deveríamos contra-argumentar, mas acusar a pessoa de antissemitismo”.
Embora o antissemitismo não seja uma característica exclusiva dos nazistas, ele é mais conhecido por ser característico do nazismo, como forma de colocar na defensiva os críticos dos crimes do estado de Israel. No entanto, é preciso dizer que há muitas semelhanças entre o Sionismo e o Nazismo. Além dessas semelhanças, há também o fato de que os sionistas colaboraram com os nazistas de diversas maneiras.
O Sionismo é uma ideologia criada para defender a criação de um Estado judeu. Por enfrentarem condições de vida muito precárias na Rússia czarista do fim do século XIX, os judeus desenvolveram o anseio de retornar para o que seria supostamente a sua “terra santa”, conhecida como Sião, em referência ao Monte Sião, de Jerusalém, ali localizado.
O plano político dos Sionistas, resumidamente, sempre foi o de ocupar a Palestina, transformar a população de judeus do país em maioria, proclamar a criação do estado judeu (Israel) e prosseguir com a eliminação e expulsão dos palestinos restantes. Os sionistas consideram que os judeus são o povo escolhido por Deus e que eles possuem uma terra reservada para eles em uma localização geográfica ocupada por um povo diferente há séculos.
A ideologia pangermanista, presente entre os preceitos nazistas, possui diversas semelhanças com a filosofia dos sionistas. Embora o pangermanismo tenha se originado no período da unificação da Alemanha, tendo um caráter progressista, Hitler estendeu seu alcance para justificar a tomada da Áustria e de diversos outros territórios europeus. Também estava por trás disso a ideia de que os alemães eram uma espécie de raça superior.
Embora tudo isso sejam justificativas criadas para justificar uma política fascista impulsionada por setores do imperialismo mundial, é possível perceber a semelhança entre ambas as ideias.
No que diz respeito à Palestina, os sionistas consideram que ela deveria ser extirpada de todo e qualquer árabe, entregando-a para os judeus ali presentes, mesmo que isso signifique o extermínio dos ocupantes originais daquelas terras.
Isso é feito da forma mais brutal possível, com apoio da burguesia imperialista, que procura sempre impulsionar esse tipo de política quando é de seus interesses. O mesmo foi feito com os nazistas.
Os métodos de combate também se assemelham muito aos dos nazistas. A covardia dos massacres de civis indiscriminados, a tentativa de levar a população à loucura – um exemplo é o cerco feito à Faixa de Gaza pelos israelenses, que impedem a entrada de comida, água e combustível, tendo cortado também a rede elétrica, o mesmo foi feito pelos nazistas na Rússia, no cerco de Leningrado.
Um outro aspecto interessante é a história, muitas vezes oculta, da cooperação entre nazistas e sionistas durante o período da Segunda Guerra Mundial. Já em processo de ocupar a Palestina e liderados pelo fascista David Ben-Gurion, os sionistas estabelecem com Hitler um acordo de Haavara (Transferência), desde o ano de 1933 e que continuou até o ano de 1941, mesmo após o pogrom e outras atrocidades públicas cometidas contra judeus pelos nazistas. O acordo consistia, principalmente, em acertar a transferência de judeus da Alemanha para Israel, em troca do silêncio a respeito da perseguição dos nazistas contra os judeus em seu país.
O acordo consista em uma exceção que Hitler abria a certos judeus para exportar moeda forte da Alemanha, o que, em meio à crise econômica e ao boicote mundial imposto à Alemanha nazista, era proibido até para arianos e não-judeus. No entanto, para algumas transferências para o enclave britânico da Palestina na época, Hitler permitiu que certos judeus sionistas o fizessem. À época, muitos judeus alemães, consideravelmente mais ricos do que os sionistas que ocupavam a Palestina, optaram por transferir dinheiro dessa forma, o que financiou o estabelecimento das experiências comunitárias israelenses.
Além de manter acordos com o governo de Hitler, é preciso destacar que os sionistas eram também fomentadores do antissemitismo à época. Eles acreditavam que essa política serviria de “alavanca” para uma crise que levaria ao deslocamento de diversos judeus para o que posteriormente viria a ser o ilegal estado de Israel. Nesse sentido, nada melhor do que o próprio nazismo para insuflar essa política em um nível extremo. Segundo análise de Ariel Lekaditis, historiador e estudioso do Holocausto: “Como se vê, um eixo básico sobre o qual se moldou a política do movimento sionista foi a ausência de qualquer tentativa de oposição de qualquer forma ao antissemitismo. Poderá este eixo, desde o momento em que foi consagrado com as descrições acima, ter contribuído para a promoção do antissemitismo na Europa? Um segundo eixo básico foi a ideia da transferência dos judeus dos territórios alemães e do seu transporte para a terra de Israel. Estes dois elementos da ideologia e da política sionistas levam à equiparação dos ‘valores do ódio aos judeus’ com os valores do antissemitismo. Resultou ainda no reconhecimento dos antissemitas pelos sionistas, como aliados e como ‘os seus protetores e patrocinadores mais fiáveis’”.
O líder sionista David Ben-Gurion era conhecido por, inclusive, atacar duramente judeus que se deslocassem da Alemanha para quaisquer outros lugares que não a Palestina. É conhecida a crítica que ele fez às crianças judias que se deslocaram para a Inglaterra: “Se eu soubesse que era possível salvar todas as crianças [judias] da Alemanha através da sua transferência para Inglaterra e apenas metade delas transferindo-as para Eretz-Yisrael, eu escolheria a última opção – porque estamos confrontados não apenas com a contabilização destas crianças [judias], mas também a contabilização histórica do povo judeu”.
Outro aspecto que demonstra a proximidade entre os sionistas e nazistas é o fato de que a maioria dos chamados Kapos, judeus que colaboravam com os nazistas nos campos de concentração, eram ativistas do Sionismo, alguns exemplos: Chaim Rumkowski, Avraham Gancwajch, Moshe Merin, Jacob Gens, Oskar Neumann, Adam Czerniakow, Joel Brand e Kastner. Curiosamente, os Kapos que sobreviveram e migraram para Israel nunca foram punidos por sua colaboração com os nazistas, no entanto, os que apontavam os dedos e denunciavam esses Kapos eram perseguidos pelos sionistas.
É preciso depreender de tudo isso que a proximidade entre o sionismo e o nazismo é muito grande. Primeiramente, pela própria natureza fascista das duas ideologias, segundo pelos métodos brutais de limpeza étnica e pelo apoio que o imperialismo deu a ambos quando era de seu interesse e, finalmente, porque efetivamente houve algum tipo de colaboração entre os dois durante o período do regime nazista na Alemanha.