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HISTÓRIA DA PALESTINA

Naksa, o dia do retrocesso

Como “Israel” ocupou todo o território palestino em 1967

A Naksa, que significa ‘retrocesso’ em árabe, lembrada no dia 5 de junho, marca o êxodo palestino de 1967, quando quase 400 mil palestinos foram expulsos de suas terras, e mais de 20 mil árabes foram assassinados pelas Forças Armadas de “Israel” com o apoio do imperialismo. Dezenove anos após a Nakba de 1948, que havia levado ao exílio cerca de 750 mil palestinos, a Naksa foi resultado da Guerra dos Seis Dias, quando o estado fascista sionista triplicou de tamanho e estendeu seu projeto de colonização e limpeza étnica para toda a Palestina, ocupando a Mesquita de Al-Aqsa e Al-Quds (Jerusalém) Oriental, a Cisjordânia, Gaza, além das Colinas de Golã na Síria e a Península do Sinai no Egito.

A Naksa é mais um marco do processo de limpeza étnica dos palestinos que tem sido contínuo e planejado desde antes da criação de “Israel”. David Ben-Gurion, que inaugurou o cargo de Primeiro-Ministro do estado-farsa, escreveu em 1937: “Nós temos que expulsar os árabes e tomar seu lugar. Se formos obrigados a usar a força – não para desapropriar os árabes do Negev e da Transjordânia, mas para garantir o nosso direito de nos estabelecermos lá – teremos condições para fazê-lo.”

Após a guerra de 1948, quando os sionistas ocuparam 78% do território palestino, apenas cerca de 150 mil árabes permaneceram na área determinada pela ONU como “Israel”. Centenas de milhares fugiram para o Líbano, Síria, Jordânia e partes da Palestina que permaneceram sob controle árabe. A população de Gaza, que era de cerca de 80 mil residentes, quase triplicou com a chegada de mais de 200 mil refugiados, principalmente dos distritos de Jaffa e Berseba. Residentes de Haifa e da região da Galiléia fugiram para o norte, para a Síria e o Líbano. Os habitantes das zonas costeiras, incluindo alguns de Jaffa e Haifa, e dos distritos de Ramla e Al-Quds (Jerusalém) fugiram para o que hoje é conhecido como Cisjordânia ou para as margem leste do rio Jordão.

A maioria dos habitantes que permaneceram nas aldeias palestinas parcialmente despovoadas durante a guerra também foi obrigada a deixar a região. Em meados da década de 1950, cerca de 15% da população palestina dentro de “Israel”, de aldeias como Iqrit, Bir’am, al-Faluja, Iraq alManshiya, Farraddiya, ‘Inan, Saffurriya, al-Khisa, Qeitiya, Khirbet Muntar, Ghabsiyya e al-Hamma, havia sido expulsa, e grande parte da sua terra expropriada. De 1948 a 1967, os assentamentos sionistas no interior das fronteiras do novo estado mais que duplicaram. Nenhuma nova cidade ou vila palestina foi estabelecida. 

Nas décadas de 1950 e 1960 surgiu e cresceu o movimento Fedayeen – grupos de resistência armada palestina como a Fatah e a OLP que tentaram organizar ataques contra a ocupação. Os confrontos nas fronteiras com a Síria e a Jordânia tornaram-se frequentes. Milhares de refugiados palestinos tentavam atravessar a fronteira buscando regressar às suas casas, reencontrar familiares, e recuperar os seus bens perdidos. Calcula-se que 5 mil palestinos que tentavam retornar à Palestina foram mortos do final da guerra de 1948 até a crise de Suez. 

Em 1956, com a nacionalização do importante canal, antes controlado pelo imperialismo, a Inglaterra e a França instigaram “Israel” a invadir o Sinai, para provocar um pretexto para invadirem o Egito na esperança de derrubar o então presidente Gamal Abdel Nasser. Os três países no entanto foram forçados a se retirar pelos EUA e, durante uma década, uma força de manutenção da paz das Nações Unidas foi instalada ao longo da fronteira egípcio-israelense.

Em 1966, na maior operação militar desde a crise de Suez, “Israel” invadiu a aldeia de Samu na Cisjordânia controlada pela Jordânia, depois de um ataque da Fatah a soldados sionistas na fronteira. 

As tensões aumentaram também na fronteira de “Israel” com a Síria, por divergências sobre a utilização da água do rio Jordão e a cultura agrícola dos colonos sionistas.

Em 13 de Maio, Moscou supostamente teria alertado Nasser de que “Israel” estava prestes a concentrar tropas na fronteira com a Síria e atacaria dentro de uma semana. Em 16 de maio de 1967, o Egito declarou estado de alerta, realizou grandes movimentos militares no deserto do Sinai e exigiu a saída das forças de segurança da Organização das Nações Unidas, instaladas em 1957. Impôs também um bloqueio do Estreito de Tiran, impedindo o acesso de “Israel” ao Mar Vermelho.

“Israel” considerou o bloqueio um ato de guerra e lançou um ataque aéreo surpresa em 5 de junho de 1967, destruindo 90% da força aérea egípcia enquanto ela ainda estava no solo. As forças terrestres israelenses invadiram a Faixa de Gaza e a Península do Sinai no mesmo dia. Os sionistas atacaram os campos de aviação sírios também na noite de 5 de junho. Ao meio-dia de 7 de junho, as forças israelenses tomaram a Cidade Velha de Jerusalém do exército jordaniano. O Bairro Marroquino, que existia há 770 anos, foi completamente demolido para ampliar o acesso do povo judeu ao Muro das Lamentações (conhecido pelos muçulmanos como Muro de al-Buraq). Soldados sionistas prenderam os homens palestinos, que foram enviados à força para a Jordânia. Sete aldeias na Cisjordânia, vários campos de refugiados na área de Jericó, metade da cidade de Qalqilya, as aldeias de Imwas, Yalu e Beit Nuba, Beit Marsam, Beit Awa, Jiftlik e al-Burj também foram destruídos. Em 11 de junho, o Golã foi capturado.

Assim como na Nakba, a maioria dos refugiados foi deslocada violentamente, com táticas que violavam os princípios básicos dos direitos humanos. A Naksa alterou mais uma vez a paisagem da Palestina. Mais de um terço da população de 1.4 milhão da Cisjordânia e de Gaza foi deslocada, e aqueles que permaneceram, ficaram submetidos à brutal ocupação militar israelense e às atividades de colonos armados no sistema de apartheid sionista. A partir de então, quase metade de todos os palestinos passou a viver no exílio, em campos de refugiados, sem nenhum direito.

Apesar de muitas resoluções da ONU pedindo a sua retirada destes territórios, “Israel” continua a ocupar todos eles, exceto a Península do Sinai. Os sionistas retiraram-se deste território em 1982, após um tratado de paz com o Egito.

Neste ano, em meio ao genocído em Gaza, a Marcha da Bandeira, que celebra a vitória de “Israel” na Guerra dos Seis Dias, geralmente realizada em maio, aconteceu em 5 de junho. A provocação reuniu os piores fascistas do atual governo sionista, Ben Gvir e Bezalel Smotrich, e milhares de fanáticos que invadiram a antiga cidade de Al-Quds (Jerusalém) e a Mesquita de Al-Aqsa sob gritos de “morte aos árabes”. O exército sionista realizou vários ataques em Gaza, incluindo nos campos de refugiados de Al Maghazi e Jabalia e na escola da ONU (UNRWA) que abrigava refugiados em Al Nuseirat. Em 48 horas, mais de 170 civis palestinos foram mortos, a maioria deles, crianças.

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