Em 8 de junho de 1949, o mundo foi marcado pelo lançamento de 1984, um dos mais influentes romances do século XX. Escrito por George Orwell, a obra nos conduz a uma sociedade onde a vigilância e o controle são absolutos, um reflexo sombrio das preocupações do autor com o futuro. Ao lembrarmos os 75 anos desta obra, é essencial analisar não apenas o momento histórico em que foi escrita, mas também a trajetória de vida de Orwell e as profundas conexões entre a narrativa de 1984 e a realidade dos dias de hoje.
George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, nasceu em 25 de junho de 1903, em Motihari, Índia Britânica. Sua família pertencia à classe média alta britânica, e ele foi educado na prestigiosa Eton College. Orwell ingressou na Polícia Imperial Britânica e serviu na Birmânia, uma experiência que marcou profundamente suas opiniões políticas e sociais. Desiludido com o imperialismo britânico, deixou a polícia e passou a se dedicar à escrita e ao jornalismo.
Orwell fez parte do Partido Comunista da Grã-Bretanha, um partido controlado pelo stalinismo. Durante a Guerra Civil Espanhola, entretanto, Orwell se desiludiu completamente com o stalinismo após o batalhão em que ele lutava ser duramente reprimido pelas tropas de Stálin. Esta traição o levou a escrever Homenagem à Catalunha, um relato de sua experiência na Espanha.
Então, Orwell se tornou um crítico ferrenho do stalinismo. Sua obra A Revolução dos Bichos é uma alegoria da burocratização do Estado Operário Soviético após Stálin tomar o poder. 1984, por sua vez, é um livro que denuncia o imperialismo britânico. Foi escrito em um momento em que Orwell estava ainda mais depressivo no sentido de que achava que aquele seria o futuro da humanidade.
A narrativa de 1984 se passa em uma Londres fictícia, agora parte do superestado da Oceânia. O mundo é governado por três superpotências que vivem em constante estado de guerra: Oceânia, Eurásia e Lestásia. O protagonista, Winston Smith, trabalha no Ministério da Verdade, onde sua função é reescrever registros históricos para alinhar-se às diretrizes do Partido. O Partido, liderado pela figura enigmática do Grande Irmão, exerce um controle total sobre a população, monitorando todos os aspectos da vida dos cidadãos através da onipresente vigilância.
1984 não é apenas uma crítica ao imperialismo de sua época, mas um alerta sobre os perigos da opressão e da manipulação feita pela imprensa burguesa. A obra de Orwell faz todo sentido nos dias de hoje, à medida que testemunhamos uma ofensiva global contra os direitos democráticos e a liberdade de expressão.
Nos dias atuais, o imperialismo, liderado pelos Estados Unidos, está em uma contraofensiva marcada pela supressão de direitos democráticos e aumento da censura. Um exemplo recente é o controle sobre o aplicativo TikTok.
Além disso, a manipulação feita pela imprensa burguesa continua sendo uma ferramenta crucial para manter sua dominação. Os meios de comunicação imperialistas, por exemplo, retratam conflitos internacionais de forma distorcida para servir aos seus interesses. Um exemplo claro é a cobertura feita sobre o conflito entre “Israel” e Palestina. A imprensa burguesa caracteriza o Hamas como um grupo terrorista ao mesmo tempo que esconde completamente o fato de que é o partido mais popular da Palestina, de que foi democraticamente eleito e de que resiste bravamente a uma ocupação sanguinolenta que, em oito meses, assassinou mais de 36.000 palestinos.
Ao mesmo tempo, a imprensa burguesa favorece “Israel”, retratando o “país” como uma nação defensiva cercada por inimigos, ocultando as realidades da ocupação e da opressão do povo palestino.
Continuando nas similaridades com 1984, hoje, vemos a crescente vigilância em massa, onde governos e empresas monitoram as atividades dos cidadãos sob o pretexto de segurança nacional e prevenção do terrorismo. Essa vigilância lembra o controle descrito em 1984, onde a privacidade é inexistente e o pensamento dissidente é brutalmente reprimido.
Nos Estados Unidos, leis têm sido implementadas para acabar completamente com a liberdade de expressão. A liberdade de imprensa também está sob ataque, com jornalistas sendo perseguidos e redes sociais censurando conteúdos considerados danosos para os interesses do imperialismo.
Os 75 anos de 1984 devem servir como uma advertência feita por Orwell e como um incentivo para a luta contra a supressão dos direitos democráticos e a censura.