Nessa segunda-feira, dia 3 de junho, a fabulosa Justiça do Rio Grande do Sul agiu com impressionante rapidez e presteza para restituir a posse de um hotel abandonado, situado na Rua Coronel Fernando Machado, no Centro Histórico de Porto Alegre, a seus proprietários. Lá, encontravam-se 120 pessoas, que ocuparam o hotel vazio, desde o final do mês de maio, depois de perderem suas casas nos bairros Humaitá, Sarandi e Arquipélago, no sul da capital gaúcha, e na cidade de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Todas essas áreas foram fortemente atingidas pela enchente que desabrigou mais de 700 mil pessoas no Rio Grande do Sul.
A temporada de chuvas intensas teve início em 29 de abril de 2024, na Região dos Vales, e estendeu-se até a Região Metropolitana de Porto Alegre, o Vale do Taquari e o sul do Estado do Rio Grande do Sul. Cerca de 2,3 milhões de pessoas já foram afetadas. Já foram contabilizadas 172 mortes devidas à força das águas. Os casos de leptospirose confirmados, decorrentes da contaminação das águas, já chegam a 13 óbitos. O sistema de saúde pública do estado está passando por muita dificuldade.
Saltou aos olhos a grande sensibilidade humana e social dos juízes sulistas após a maior catástrofe já ocorrida no Rio Grande do Sul, desde, pelo menos, as enchentes históricas de 1941. Para a burguesia, mais valem os interesses dos especuladores do mercado imobiliário do que a vida e a saúde do povo.
A Defensoria Pública foi acionada e interveio a favor dos ocupantes do hotel, impedindo que os cidadãos fossem colocados novamente na rua da amargura, sem terem destino e abrigo certos. A lei define que, nestes casos, o poder público deve indicar um local para abrigar as pessoas desalojadas e providenciar transporte adequado. Nada disso havia sido feito.
A Defensoria Pública obteve a suspensão da reintegração de posse do imóvel até quinta-feira, dia 6 de junho. Na quarta-feira, houve uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa do RS para tratar da questão.