Em 2015, a procuradora do Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, foi ameaçada pela agência de inteligência de “Israel”, o Mossad. A procuradora do TPI na época havia decidido abrir uma investigação sobre as denúncias de crimes cometidos por “Israel” na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Uma grande denúncia foi feita pelo jornal inglês The Guardian, desta terça-feira, 28 de maio de 2024. Ela revelou que o ex-diretor do Mossad, Yossiv Cohen, teria tentado convencer a procuradora do TPI à época, Fatou Bensouda, a desistir de investigar os crimes de guerra cometidos por “Israel” na Palestina. O método utilizado por Yossiv Cohen não deixa nada a desejar diante daquelas práticas usadas pela máfia siciliana para “convencer” aqueles que contrariavam seus interesses: “Israel” vigiou, “hackeou”, pressionou, difamou e ameaçou diretamente funcionários graduados do TPI, tentando impedir ou inviabilizar as investigações do Tribunal.
Yossiv Cohen foi nomeado diretor do Mossad em janeiro de 2016. A partir daí foi se tornando cada vez mais agressivo, pressionando a promotora Bensouda, fazendo ameaças, manipulando e perseguindo, segundo a reportagem do The Guardian, feita em conjunto com as revistas israelenses +972 e Local Call. Cohen teria dito à promotora do TPI, segundo os relatos: “você deveria ajudar-nos a cuidar de vocês. Você não deve se envolver com coisas que possam comprometer sua segurança e a da sua família.” Conhecida a reputação do Mossad de assassinar seus inimigos em várias partes do mundo, essas ameaças se tornam muito concretas.
Mas a promotora Fatou Bensouda não se intimidou e anunciou a abertura de uma investigação criminal completa, em dezembro de 2019, sobre os crimes de guerra contra a população palestina e árabe, ocorridas em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, cometidas pelo Estado sionista de “Israel”. Bensouda estava segura de que havia razões mais que suficientes para a abertura da investigação.
A partir de então Yossiv Cohen intensificou ainda mais as pressões sobre a promotora, investigando a família de Bensouda, chegando a obter gravações de mensagens particulares do marido da promotora; “Israel” chegou a obter a ajuda do ex-presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, ainda tentando intimidar a promotora. Mas, ainda assim, não conseguiu sucesso. Em março de 2021, a promotora Fatou Bensouda, já confirmada a jurisdição do TPI sobre os territórios da Palestina ocupados por “Israel”, deu seguimento ao trabalho e anunciou a abertura de uma investigação sobre os crimes de guerra de “Israel” contra os palestinos.
Recentemente a promotora Fatou Bensouda terminou seu mandato no Tribunal Penal Internacional. Seu sucessor, Karim Khan, deu continuidade às investigações iniciadas por Bensouda. Khan informou recentemente que pode emitir mandados de prisão contra o primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, e contra o ministro da defesa israelense, Joabe Galante, pelos crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos contra a população palestina, desde o 7 de outubro de 2023. A vigilância do Mossad sobre o TPI, as pressões e ameaças continuam, sempre apoiadas pelo principal patrocinador do genocídio na Palestina, os EUA. Entretanto, “Israel” não é membro signatário do TPI e não reconhece sua jurisdição.
A pressão de Biden sobre o TPI é gigantesca e o presidente disse que a ação do tribunal contra “Israel” era “ultrajante”. Era visível a tensão e nervosismo de Karim Khan ao anunciar as medidas do tribunal contra os israelenses. A Corte Internacional de Justiça, sediado em Haia, assim como o TPI, também apresentou a acusação de genocídio contra “Israel”, o que complica ainda mais a relação do sionismo israelense com seus aliados europeus, também membros do Estatuto de Roma. Por sua vez, o secretário de estado dos EUA, Antony Blinken, disse que o governo Biden está disposta a colaborar com membros do Congresso em uma legislação que permita penalizar o TPI.