No dia 27 de maio, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos da América, visitou o Cemitério Nacional de Arlington, onde, no Dia Nacional da Memória, são homenageados soldados norte-americanos mortos em combate. Na ocasião, fez declarações cínicas e mentirosas sobre a guerra mais destrutiva de toda a história humana.
Biden afirmou que aqueles enterrados ali “combateram em todos os conflitos majoritários da história” e que, “em junho de 1944, os soldados estadunidenses tomaram as praias da Normandia e liberaram um continente, salvando o mundo e derrotando o fascismo.”
As falas de Biden obrigaram o embaixador russo em Washington, Anatoli Antonov, a se pronunciar:
“Não há um único país no mundo que tenha suportado mais do que nós na luta contra a Alemanha nazista e os seus satélites. Quase toda a Europa lutou contra o Exército Vermelho nas frentes da Grande Guerra Patriótica. Esses fatos não podem ser contestados”. Antonov ainda teria dito que as colocações por parte de Biden seriam parte de uma campanha, levada adiante por Washington, que cumpre a função de “cinicamente minimizar e até negar o papel decisivo desempenhado pela União Soviética em esmagar os fascistas”.
O embaixador Antonov ainda apontou que seria contraditório o país que supostamente havia derrotado o fascismo estar financiando o regime neonazista em Kiev.
“Teria sido estranho esperar que aqueles que financiam o regime neonazista em Kiev e lhe fornecem armas sentissem gratidão aos povos da União Soviética pela vitória sobre o nazismo”. O antigo presidente russo, Dmitri Medvedev, atual chefe do Conselho de Segurança da Rússia, declarou ao veículo de imprensa TASS que as declarações de Biden não seriam “sinal de uma demência senil, mas uma consciente linha política de reescrever a história.”
Por fim, o embaixador Antonov disse que “não deixaremos o mundo esquecer que o nosso povo sacrificou 27 milhões de vidas [na luta contra os nazistas]. Foram os soldados soviéticos que hastearam a Bandeira da Vitória no topo do Reichstag em Berlim”.
A participação dos norte-americanos na guerra ocorreu de forma direta e efetiva na Europa somente em 1944, no dia 6 de junho, com a mobilização de um efetivo composto por 160 mil homens, além de veículos blindados, embarcações e aviões. A participação soviética direta data da invasão de seu território pelos nazistas, em 22 de junho de 1941. Ao longo de toda a guerra, apesar dos expurgos promovidos por José Stálin, que enfraqueceu o efetivo soviético, com 3 de 5 marechais executados e mais de 30 mil oficiais expurgados, foram instituídos os Plano de Defesa Estatal (DP-41) e o Plano de Mobilização (PM-41), que mobilizou cerca de três milhões de trabalhadores no fronte com a Alemanha, só no início de 1941. No final de 1941, um impressionante contingente de 5,5 milhões de trabalhadores já haviam sido mobilizados para o esforço de guerra.
Ao longo de toda a guerra, mais de 34 milhões de soldados soviéticos lutaram em defesa de seu país. O contingente teve baixas significativas, com cerca de 10 milhões de mortos. Mas mais importante que as medidas estatais foi a ação do povo russo, que lutou da forma como pôde os invasores nazistas, desencadeando um verdadeiro processo revolucionário de libertação nacional. É estimado que 77% das baixas nazistas ocorreram pelas mãos dos russos.
O apontamento do embaixador russo Antonov de que seria contraditório os Estados Unidos supostamente derrotar o nazismo e o fascismo na Europa, para depois financiar e arquitetar um regime neo-nazista que vigora na Ucrânia, está também em contradição com o fato de que os norte-americanos implantaram dezenas de ditaduras por todo o mundo ao longo de todo o século XX, e continuam a fazê-lo até hoje. Ditaduras como a militar brasileira, que durou 21 anos de 1964 até 1985, quando os EUA ofereceram apoio político, militar e financeiro ao regime, inclusive treinamento para os militares e fornecimento de tecnologia de vigilância. O mesmo pode ser visto em toda a América Latina e em todo o mundo, como a ditadura sul coreana, que durou desde a divisão imposta pelos Estados Unidos a Coreia, em 1948, até 1993, e a ditadura na Indonésia, que de 1965 até 1998 matou cerca de 2 milhões de pessoas.
Com a campanha de ter livrado o mundo do nazismo e ser o defensor do “mundo livre”, os EUA puderam exportar o nazismo para todo o mundo.
Efetivamente, o discurso de Biden que atualmente promete livrar o mundo do “terrorismo” serve de preparação para uma nova e grande ofensiva contra o chamado “Eixo do mal”, numa tentativa de manter o imperialismo de pé. Com relação a isso, Vladimir Putin, presidente da Rússia, destacou que se a busca da OTAN por um conflito direto com a Rússia se concretizar, isso “colocaria o mundo a um passo de um terceiro conflito mundial em larga escala.”