Segundo uma pesquisa da Atlas/CNN divulgada na última quinta-feira (23), cerca de 75% da população, ou três em cada quatro gaúchos, foram atingidos diretamente pelas enchentes que assolam o Rio Grande do Sul desde o final de abril.
O levantamento ainda dá conta de que a região de Porto Alegre foi a mais afetada, seguida de Lajeado e Pelotas. Além disso, pessoas com renda familiar até R$3.000,00 foram as mais atingidas pelas chuvas.
De acordo com balanço divulgado pela Defesa Civil às 9h dessa segunda-feira (27), 469 municípios de um total de 497 (cerca de 94%) foram afetados pelas enchentes. Nos últimos dias, mais óbitos foram confirmados, chegando ao total de 169. Porém, 56 pessoas ainda estão desaparecidas.
Segundo informou César Pontes ao Diário Causa Operária (DCO), morador de Porto Alegre, “o clima é de apreensão e revolta” na capital gaúcha:
“A situação continua precária. Alguns bairros afetados pelas enchentes começa a aferir os estragos. Ainda há água cobrindo parte do centro histórico. Muita sujeira, muita lama e imensos prejuízos. A segunda onda de chuva, embora de menor intensidade, voltou a alagar áreas em que o nível das águas havia baixado”
Na madrugada de segunda-feira (27), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um novo alerta de perigo para chuvas na região sul do Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul. O instituto afirma que podem ocorrer chuvas entre 50 e 100 milímetros por dia, bem como ventos intensos.
Além disso, conforme o Climatempo, um ciclone extratropical no oceano deve atingir a região litorânea do estado gaúcho. Este fenômeno, além de contribuir para os ventos fortes, aumenta as chances da formação de nuvens carregadas, podendo, inclusive, causar temporais a qualquer hora.
Por conta destas previsões, a situação do povo gaúcho pode piorar ainda mais nos próximos dias.
César também relatou ao DCO que “alguns itens, como água e leite, começam a escanear nas gôndolas dos supermercados”. Entretanto, ele afirma que “arroz e feijão aumentam de preço assustadoramente, mas não são os únicos”, uma demonstração da política criminosa do neoliberalismo que, mesmo em meio a uma das maiores catástrofes da história do Rio Grande do Sul, continua prejudicando a população.
Para piorar a situação, na noite do último domingo (26), um grande incêndio atingiu uma loja de vidros automotivos na Zona Norte de Porto Alegre. Apesar de não terem sido registradas vítimas, o incêndio, que ocorreu no bairro de Humaitá, contribuiu para aumentar ainda mais o caos que se instaurou na capital gaúcha.
O “governador”, entretanto, não parece preocupado em resolver a situação com celeridade. No sábado (25), Eduardo Leite (PSDB) disse que a reconstrução das áreas atingidas pelas enchentes deve levar de seis meses a um ano.
“Isso leva tempo em algumas situações, de seis meses a um ano, para poder se restabelecer, eventualmente um pouco mais do que isso, dependendo da complexidade da obra”, afirmou o tucano.
Ele ainda promete que, “para as famílias mais carentes que perderam suas casas, a gente está já encaminhando a construção de casas definitivas”. Porém, até o momento, mesmo com mais de 581,63 mil pessoas desabrigadas, o governo estadual anunciou a construção de apenas 538 casas.
Diante de tudo isso, pessoas de diversos bairros da capital têm organizado manifestações contra Leite e contra o prefeito de Porto Alegre. Na segunda-feira (27), moradores da Vila Farrapos e do bairro Humaitá retiraram água de suas casas com baldes e jogaram na BR-290, a chamada Freeway, bloqueando o trânsito no local. “Se continuar do jeito que está, nós vamos ficar mais um mês fora das nossas casas”, afirmou o comerciante Elisandro Cichelero.
Dentre as reivindicações da manifestação, está o funcionamento da Casa de Bombas número seis. A região em questão já está inundada há 24 dias.