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Enchentes no RS

A esquerda e a solidariedade no Rio Grande do Sul

O caso do Rio Grande do Sul mostra que a ausência de militância da esquerda pequeno burguesa a deixou totalmente desorientada diante de um problema muito concreto

A catástrofe do Rio Grande do Sul se tornou um amplo terreno para as especulações fora da realidade da esquerda pequeno burguesa. Um motivo é simples, há um compromisso ideológico com a política imperialista do ambientalismo. Outro é que parte dessa esquerda está na frente ampla com o PSDB e por isso não critica Eduardo Leite como deveria. Assim surgem textos como o do portal Esquerda Online: “o Estado e o povo: considerações sobre o papel da solidariedade na construção das soluções diante da emergência climática”.

O primeiro ponto é o destaque para emergência climática. O problema real é a questão social. Não é o clima que está sofrendo, são mais de 2,3 milhões de brasileiros no Rio Grande do Sul. Mas o foco do clima é permanente no texto: “esta tragédia é resultado do negacionismo climático dos governos que apesar de todos os avisos de pesquisadores e ativistas tem se recusado em agir, e agora se escondem de suas responsabilidades na flexibilização da legislação ambiental e no desmonte dos serviços públicos”.

A questão da luta contra a chamada mudança climática nada tem a ver com prevenção de desastres. Na última semana no Afeganistão houve grandes enchentes, o povo afegão tem alguma culpa por mudança climática? É evidente que não. Uma questão não tem relação nenhuma com a outra. No Afeganistão, um país pobre e destruído por 20 anos de invasão dos EUA, é difícil prevenir uma enchente. Já no Brasil, o país mais rico da América Latina, era algo totalmente possível de prevenir.

O texto segue então abordando o fato da extrema-direita estar se aproveitando politicamente da tragédia: “por sua parte a extrema-direita que sempre se caracterizou por sua postura contrária a organização popular, coletiva e solidária dos movimentos sociais, aproveita o momento de crise para sua agenda política e ideológica de alargamento da corrosão social através da divulgação de fake news. Com este objetivo apropriam-se e instrumentalizam o sentido da ideia de ‘povo pelo povo’ para desmoralizar a ação do Estado”.

Primeiro é preciso deixar claro que a maior propagadora de mentiras (‘fake news’) não é a extrema direita, mas sim a grande imprensa burguesa, ligada a direita tradicional. Algo que nunca mudou. Segundo que a ação do Estado está desmoralizada pela realidade, afinal o estado é governado por Eduardo Leite. O bolsonarismo aproveita para crescer politicamente, algo que a esquerda também deveria aproveitar. Mas, ao contrário do bolsonarismo, a esquerda deveria atuar para conter a tragédia e assim ter um ganho político por mostrar resultados reais.

O texto então confundo o Estado com a ação do trabalho coletivo e voluntário: “valorizar a solidariedade ativa, o trabalho coletivo e voluntário deve estar articulado com defesa que as instituições públicas estejam a serviço da maioria do povo trabalhador. É valorizar as universidade públicas como a UFRGS, UFPEL, UFSM que contribuem com suas pesquisas para que a população se informe dos impactos das chuvas e os riscos de inundações e deslizamentos. É defender as empresas públicas, como os Correios que em todo o Brasil  transportam donativos para o Rio Grande do Sul. É prestigiar os servidores do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), da cidade de Porto Alegre que apesar de toda precarização e sucateamento do órgão tem sido fundamentais para que a crise de desabastecimento de água da cidade não seja ainda mais grave. É reconhecer o papel da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) que tem organizado a entrega de alimentos para as cozinhas solidárias em todo o estado, das Forças Armadas e Defesas Civil que auxiliam no resgate de pessoas e animais e do Sistema Único de Saúde com a Força Nacional do SUS e Hospitais de Campanha.”

A questão aqui não é que as estatais são mais eficientes que as empresas privadas, que nada fazem pelo povo. A questão aqui é justamente sua ineficiência diante da tragédia. E ainda mais importante que isso. O texto critica que o bolsonarismo usa o ‘povo pelo povo’ como propaganda. Mas esse é justamente o papel que deveria ser ocupado pela esquerda. Os sindicatos e todas as organizações populares são o local onde naturalmente se organizaria esse tipo de ação. Ou seja, a ação dos trabalhadores deveria estar fortalecendo a esquerda e não o bolsonarismo.

E nesse caso a ação dos trabalhadores organizados poderia atuar politicamente também para ter ganhos durante e depois das enchentes. As estatais que estão funcionando mal poderia passar por intervenções dos sindicatos para melhor seu funcionamento. O governo do Estado poderia ser derrubado e substituído por um interventor que está ligado a esse movimento. Isso, sim, seria a atuação conjunta do Estado com os trabalhadores.

O texto aponta nesse caminho, mas de forma totalmente abstrata. Ele afirma: “diferente do discurso da extrema-direita necessitamos que os instrumentos do Estado, sejam eles as universidades, empresas públicas e instituições, estejam a serviço das demandas da classe trabalhadora, que haja investimentos maciços em pesquisa cientifica, infraestrutura, e proteção ambiental e social e que estejam orientadas pela construção do bem comum, dignidade do povo e a defesa do meio ambiente”.

O Esquerda Online inverte os sinais. O Estado burguês não irá servir aos interesses dos trabalhadores por que a esquerda pediu. É preciso fazer uma campanha para voltar as ações dos trabalhadores a pressionar o Estado cada vez mais nessa direção. É preciso travar a luta política, algo que o bolsonarismo está fazendo o tempo todo.

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