Em entrega de obra ocorrida no último sábado (25) na cidade de Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a criticar o genocídio do povo palestino pela ação criminosa do Estado nazista de ‘Israel’. “Mulheres e crianças estão morrendo na Palestina por conta da irresponsabilidade do governo de ‘Israel’”, disse o presidente, que pediu “solidariedade” às vítimas da barbárie sionista. A nova denúncia de Lula contra as monstruosidades cometidas pelo Estado de “Israel” não passou despercebida pelos defensores do sionismo no País, entre os quais, um dos mais destacados no País é o principal líder da extrema direita brasileira: o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), que na rede social X, publicou mensagem atacando o Hamas e Lula:
“- O Hamas executou o refém brasileiro e Lula, mais uma vez, não foi ouvido (se é que ele se empenhou) pelos seus amigos terroristas.
– Lembro que a senadora colombiana Ingrid Betancourt, foi sequestrada pelas FARC em 2002 e libertada somente em 2008.
– O Foro de São Paulo foi fundado em 1990 por Lula, Fidel Castro e as FARC. Os narcoterroristas também ignoraram Lula.”
https://x.com/jairbolsonaro/status/1794437083081105746
Ao contrário de outras épocas, quando as falas de Bolsonaro eram reproduzidas de maneira crítica pelos órgãos mais alinhados ao imperialismo, o jornal golpista Estado de S. Paulo repercutiu a publicação do ex-presidente, endossando as críticas a Lula e acrescentando:
“Brasil e Israel vivem uma crise diplomática desde que o presidente brasileiro comparou as ações do governo israelense na Faixa de Gaza ao genocídio perpetrado por Adolf Hitler que exterminou milhões de judeus. A postura de Lula é criticada pela oposição e por parte da comunidade judaica, que vê condescendência com o Hamas e falta de veemência nas críticas do presidente à organização terrorista.” (“Bolsonaro critica Lula após presidente apontar ‘irresponsabilidade’ de Israel por mortes em Gaza”, 26/5/2024).
O mesmo tom cínico do Estadão é adotado pela igualmente golpista Folha de S. Paulo, outro órgão outrora crítico ao bolsonarismo, mas que sob as novas diretrizes políticas dadas pelo imperialismo, tem revelado mais sintonia com a extrema direita do que durante a fase de antagonismo dos monopólios com o ex-presidente. O jornal também critica Lula por não comentar a morte de Michel Nisenbaum, cidadão isralenese nascido em solo brasileiro.
“Embora tenha abordado o conflito no Oriente Médio, Lula não mencionou a confirmação da morte do brasileiro Michel Nisenbaum, 59, que era um dos reféns do grupo terrorista, durante discurso feito em Guarulhos (Grande SP)”, escreveu o jornal paulistano (“Lula não menciona morte de brasileiro refém do Hamas e mantém críticas a Israel”, Priscila Camazano, Renato Machado, 25/5/2024). O jornal ainda destaca que “Lula vem sendo criticado pela comunidade judaica [leia-se, sionista] devido a críticas feitas por ele às ações de Israel durante a guerra iniciada há mais de sete meses” e que “o presidente ainda é acusado de ser condescendente com o Hamas.”
A posição do bolsonarismo, como se vê, é a mesma da direita tradicional. A defesa do genocídio perpetrado por “Israel” contra o povo palestino tem se constituído um elemento de unificação da direita, impulsionando uma frente única entre a extrema direita e a chamada “direita civilizada”, uníssonas na defesa do massacre em escala industrial de mulheres e crianças palestinas.
As organizações que representam os trabalhadores devem fazer o mesmo em relação aos palestinos, porque como disse o próprio Lula em sua fala em Guarulhos, “a gente não pode deixar de ser solidário [com o povo palestino] porque amanhã a gente vai precisar de solidariedade”. O presidente está absolutamente certo.
O que a frente única em defesa do sionismo deixa claro a qualquer observador atento, é o recado sutil, mas eloquente, dado à esquerda brasileira. Se as condições da luta política no Brasil exigirem crimes tão monstruosos quanto o bombardeio de mulheres e crianças na casa dos milhares, a direita o fará, sem nenhuma crise de consciência. Aqueles que se insurgirem contra a opressão do imperialismo contra o País também serão duramente massacrados, em síntese.
Com isso em mente, é preciso que a esquerda brasileira faça mais pela defesa do povo palestino. Trata-se de uma defesa do próprio campo e sobretudo, da resistência dos trabalhadores brasileiros contra a ditadura dos monopólios que ataca o País. É preciso, portanto, abandonar definitivamente a submissão à pressão direitista e declarar abertamente o apoio ao Hamas.
Se os inimigos do povo trabalhador dizem abertamente que estão dispostos a cometerem atrocidades para manter o Brasil submetido a uma ditadura a serviço do imperialismo, precisam ter claro que suas barbaridades serão combatidas com pelo menos, a mesma determinação com a qual o Hamas e a Resistência Palestina enfrentam o sionismo em seu país invadido. Só o medo de uma reação armada e decidida pode atenuar as tendências criminosas da direita.
As palavras de Lula devem ser apoiadas por uma ampla mobilização dos setores classistas da esquerda, que precisam se unir na luta contra o sionismo, com a clareza de que esta é uma batalha global, com reflexos no Brasil, os quais podem ser positivos ou negativos, a depender da ação ou inação do campo. De qualquer forma, a posição de Lula deve ser apoiada e o Hamas também.