Em matéria de capa publicada na última sexta-feira (24), a revista Veja destaca que “já está em curso a maratona de presidenciáveis para ver qual deles chegará na frente”, referindo-se aos nomes da direita. Trazendo nomes como o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (sem partido), o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil), o governador do Paraná Ratinho Júnior (PSD), o governador mineiro Romeu Zema (Novo) e o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB), Veja indica que os citados integram “uma espécie de confraria de oposição(…) oficialmente inaugurada no fim de março, quando cinco governadores e três senadores, além de líderes partidários, reuniram-se pela primeira vez em Brasília para analisar os resultados da eleição passada e traçar cenários para 2026”, segundo a revista, com vistas a “uma candidatura forte e, de preferência, unificada da centro-direita” (“Quem será o nome forte da oposição em 2026? A corrida eleitoral já começou”, Adriana Ferraz, Laísa Dall’Agnol).
Citando pesquisas eleitorais, Veja coloca o ex-presidente Jair Bolsonaro à frente do atual mandatário do País, Luiz Inácio Lula da Silva, com 38,8% de intenções de voto em um primeiro turno eleitoral contra 36% ao segundo, estando então em empate técnico pela margem de erro de três pontos percentuais. A pesquisa indica ainda outro empate técnico entre Lula e a ex-primeira dama, com o petista liderando por 36,6% e 33% para Michelle Bolsonaro.
Ainda não entramos no período eleitoral legal para a campanha municipal deste ano, mas a direita, como diz taxativamente a matéria de Veja, já se movimenta para derrotar a classe trabalhadora nas próximas eleições presidenciais. Chama atenção, ainda, a qualidade dos candidatos apresentados.
O menos bolsonarista da lista de Veja é o “Bolsogay” do Rio Grande do Sul, uma candidatura que hoje parece menos provável de emplacar, dado a catástrofe produzida pelo vampiro dos bancos no estado sulista, submerso em água. Freitas e Caiado, por outro lado, destacaram-se na disputa ao receber as “bençãos” do imperialismo, ocorrida em visita à “Israel”, onde posaram para fotos com ninguém menos com o genocida primeiro-ministro israelense, Benjamin Netaniahu.
Uma conclusão relativamente óbvia a ser tirada é que o acordo entre o bolsonarismo e a chamada direita tradicional encontra-se em estágio avançado, com a prevalência dos primeiros. A indicação de que a burguesia e o imperialismo inclinam-se à extrema-direita devem colocar a esquerda brasileira em alerta, porque se em 2018 o bolsonarismo era “uma escolha difícil” (como caracterizou à época o jornal pró-imperialista Estado de S. Paulo), este setor da direita agora seria a escolha, ponto.
Em outro reflexo desta guinada, destaca-se o fato de a ex-primeira-dama aparecer em um empate técnico com Lula. Ninguém menos que Lula. Trata-se de um claro indicativo do apoio da burguesia a Bolsonaro e não apenas isso, mas também sentindo-se confiantes a ponto de declararem já que poderiam derrotar a principal liderança popular do País com a esposa do principal líder da extrema-direita.
Outra conclusão a ser tirada da matéria é que, ao menos momentaneamente, a direita não trabalha com a hipótese de um golpe de Estado para derrubar o governo. A política de travar o governo Lula e pressioná-lo à direita até o desmoralizar, dá sinais de ser o caminho adotado pela burguesia para retomar o controle do País.
Por sua vez, Lula precisará dar uma solução ao impasse em que foi posto pela política de frente ampla, uma vez que por meio dela, o imperialismo mantém o governo sob constante estado de crise. Todas as concessões feitas pelo Palácio do Planalto (sede do governo federal) à direita e ao imperialismo, até agora, não apenas se mostrara incapaz de dar alguma estabilidade ao regime, como se revelaram fontes de um desgaste cada vez mais acentuado do Executivo.
É preciso que o presidente Lula adote medidas de impacto, em benefício dos trabalhadores e enfrente a direita. De outra maneira, será uma presa fácil dos inimigos do povo, que por sua vez, sofrerá as piores consequências de uma eventual derrota de Lula em 2026, como bem mostram as tendências indicadas pelo imperialismo para a América Latina, como o caso argentino com Javier Milei, ele próprio, resultado de uma continuada desmoralização da esquerda do país vizinho. Um exemplo para o Brasil do que não fazer se quisermos evitar uma ditadura igual.