Nessa sexta-feira (24), o Conselho de Administração da Petrobrás aprovou a nomeação de Magda Chambriard para a presidência da Petrobrás. Chambriard, que foi diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) durante o governo Dilma Rousseff, foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após demitir Jean-Paul Prates.
A mudança na presidência da Petrobrás demonstra, também, uma mudança na política geral do governo. Desde o começo de seu terceiro mandato, Lula tem sido guiado pela infame política de “uma no cravo, outra na ferradura”. Quer dizer, a política de tentar se balancear entre as pressões que sofre da esquerda e da direita.
A Petrobrás mostra isso de maneira clara. Ao indicar Prates para comandar a empresa brasileira, Lula achava que poderia aplicar a política que ele queria para a empresa e, ao mesmo tempo, ter uma boa relação com os especuladores internacionais. Entretanto, como sua demissão indica, essa estratégia falhou completamente.
Diante desse desastre e pressionado pela falta de resultados, Lula, ao indicar Chambriard, dá a entender que, pelo menos no que diz respeito à Petrobrás, está empurrando sua política para a esquerda. Tanto é que a nova presidente da empresa já defendeu, no passado, que é preciso, entre outras coisas, explorar a Margem Equatorial. Não é à toa que o capital financeiro já reagiu negativamente à indicação, com alguns representantes deste setor afirmando que seu envolvimento com o governo Dilma mostra que Chambriard deve “ceder mais aos anseios do Executivo”.
Quer dizer, trata-se de um giro de 180 graus na política de Lula para a Petrobrás. O próprio governo já reage à mudança. Entendendo o sinal verde para a exploração do “ouro negro”, Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, pediu à nova presidente empenho para cumprir os investimentos na Petrobrás previstos para os próximos anos.
Silveira também pediu empenho para levar adiante o licenciamento ambiental para a exploração na Margem Equatorial, processo travado até hoje pela atuação lesa-pátria do Ibama de Marina Silva.
Resta, ainda, uma dúvida: esta indicação é um ato isolado, ou Lula está passando por uma mudança geral em sua política?
Fato é que o imperialismo passa por um momento de extrema dificuldade e, diante disso, é forçado a reagir por meio de uma contraofensiva direcionada àqueles se opõem minimamente a seus interesses. Para as atuais necessidades do imperialismo, nesse sentido, Lula não serve e, portanto, será rapidamente forçado a evoluir à esquerda.
Em outras palavras, o imperialismo tende a aumentar – e muito – sua pressão contra o governo Lula. Tanto é que, como se na calada da noite, os Estados Unidos resolveram estacionar o superporta-aviões USS George Washington no litoral do Rio de Janeiro. Nada diz mais “diplomacia” do que uma máquina de guerra duas vezes o tamanho do Edifício Itália parada na cara do governo brasileiro.
Além disso, a general norte-americana Laura Richardson, que está participando dos exercícios militares no Rio de Janeiro, concedeu uma entrevista ao Valor Econômico na qual pressiona Lula a não se aproximar da China.
O caso mostra que o imperialismo não está cada vez mais agressivo. Consequentemente, o espaço de manobra para que Lula consiga levar adiante seu equilibrismo político vem diminuindo consideravelmente.
Finalmente, a pressão do imperialismo é uma pressão que parte de uma situação muito grave enfrentada por ele a nível internacional. Está cada vez mais próximo o momento em que Lula terá de escolher entre se radicalizar para se manter no governo ou ser derrubado pelo imperialismo, seja nas próximas eleições, seja por meio de um golpe.