Em 24 de maio de 1967, o cinema mundial se chocava com Belle de Jour, uma das obras-primas de Luis Buñuel. A história de Séverine, uma burguesa aparentemente perfeita que esconde desejos obscuros, retratava a mente humana e os instintos mais primitivos do homem.
Mas Belle de Jour era apenas a ponta do iceberg da mente complexa e genial de Buñuel, um cineasta surpreendeu seu público por mais de seis décadas. Nascido na Espanha em 1900, Buñuel teve uma educação rigorosa e religiosa, que o marcaria para sempre. A repressão e o dogmatismo da época o impulsionaram a buscar novas formas de expressão, encontrando no surrealismo a ferramenta perfeita para explorar os cantos mais sombrios da mente humana.
Sua colaboração com Salvador Dalí resultou em obras surrealistas como Un Chien Andalou (1929) e L’Âge d’Or (1930), curtas-metragens chocantes que exploravam o inconsciente e o mundo dos sonhos.
Mas Buñuel não se limitava ao surrealismo. Ao longo de sua carreira, ele explorou diversos gêneros e temas, sempre com um olhar crítico. Em Viridiana (1961), ele satiriza a hipocrisia da burguesia e da Igreja Católica, enquanto em O Anjo Exterminador (1962), ele cria uma atmosfera claustrofóbica para explorar os instintos mais básicos do ser humano.
A vida de Buñuel também foi marcada pela militância política. Membro do Partido Comunista Espanhol durante a juventude, ele se exilou na França após a Guerra Civil Espanhola. Durante a Segunda Guerra Mundial, viveu no México, onde realizou alguns de seus filmes mais importantes, como Los Olvidados (1950) e El Gran Calavera (1949).
Em 1965, Buñuel retornou à Europa e realizou seus últimos filmes, como Belle de Jour e Tristana (1976). Em 1983, ele faleceu na Cidade do México, deixando um legado imenso para o cinema mundial.